2012, foi o ano da chegada do Papa à rede social Twitter
2012 foi o ano que viu o desembarque do Papa Bento XVI na rede Twitter, uma das mais utilizadas redes sociais do mundo. Um êxito de seguidores que já chegam a mais de dois milhões. Sobre o significado desta iniciativa a Radio Vaticano através do nosso colega italiano Fabio Colagrande ouviu o padre António Spadaro, director da revista dos padres jesuítas Civilização Católica e especialista em novas tecnologias e comunicação digital. Ouçamos um excerto dessas declarações:
R.- Eu diria que hoje, segundo a lógica da comunicação, as mensagens com sentido, e consequentemente as mensagens religiosas, não podem ser simplesmente transmitidas, mas têm que ser partilhadas. Portanto, as mensagens com sentido passam também através das redes sociais, como o Facebook, o Twitter e tantos outros, que se estão a transformar em lugares de reflexão e de partilha de ideias, de valores e de momentos de vida. Ou seja, nas redes sociais as pessoas partilham a vida, as respostas e as perguntas. E tantos líderes religiosos já estão no Twitter. Portanto, eu diria que é normal que o Papa tenha um account que faça referência a ele. Diria que quase que no fundo, o dia 3 de Dezembro de 2012, liga-se ao 12 de Fevereiro 1931 quando o Papa Pio IX lançava sua primeira mensagem via radio, através da Radio Vaticano. Portanto, creio que a presença do Papa no Twitter seja uma presença normal: ou seja, correta, adequada ao modo em que hoje o homem comunica.
Precisamente na Mensagem que citei anteriormente, escrita pelo Papa para a Jornada das Comunicações Sociais, a mais recente, Bento XVI, mesmo não citando o Twitter escreve que na essência das mensagens breves, muitas vezes não muito mais longas do que uma passagem bíblica – e aqui a referência parece-me evidente – podem-se exprimir pensamentos profundos se cada um de nós não deixar de cultivar a sua interioridade. Esta, portanto, é a chave de leitura justa e de acertada interpretação: cultivar a própria interioridade. Graças a isto é possível exprimir mensagens essenciais, ditas com palavras precisas, que requerem um certo esforço de linguagem, eu diria quase como que um esforço poético, para conjugar sabedoria e clareza. Esta é a linha mestra pela qual a expressão sintética não vem em detrimento da profundidade ou da lentidão de assimilação. Mas, eu diria, que quase ao contrário, favorece a ligação a uma meditação mais densa. É o que demonstra o grande sucesso dos versos e da poesia no Twitter. Na nossa vida frenética compreende-se a necessidade de ter alguma coisa de sapiente que possa quebrar a rotina do quotidiano colocando uma pequena semente de reflexão e meditação.
Fonte: Rádio Vaticano