A internet vai acabar com a religião?
A internet vai matar a religião ou, ao contrário, pode estimulá-la?
Se nos Estados Unidos o desinteresse pelas religiões aumenta tão rapidamente quanto a internet, na China Jesus destrona Mao nas redes sociais.
Se há um grupo em expansão nos Estados Unidos, são os “não”. Define aqueles que não pertencem a nenhuma religião (os religiosamente não afiliados), que representariam hoje 25% da população, contra 8% em 1985.
Esta é, em todo o caso, a constatação feita pelo CIRP Freshman Survey, que o sítio da CNN cruza com outros dados e relaciona com um artigo intitulado “A pertença religiosa, a educação e o uso da internet”.
O pesquisador em informática Allen Downey faz uma curiosa correlação entre o uso da internet e a desfiliação religiosa. “O uso da internet entre os adultos era praticamente zero em 1990; 20 anos depois, passou para 80%”, explica o sítio da CNN ao retomar suas declarações. Quanto mais tempo as pessoas passam na internet, mais elas são suscetíveis de se “desfiliar”, explica.
Sem, no entanto, chegar a estabelecer uma relação de causalidade, e consciente de que existem muitos outros fatores (o contexto urbano ou rural, a educação, o ambiente cultural…), Downey explica que a internet oferece novas perspectivas de pensamento. Permite, além disso, àqueles que têm dúvidas poder partilhá-las com pessoas que se encontram na mesma situação mundo afora. As comunidades eclesiais não seriam mais, portanto, o principal lugar desses intercâmbios, e se veriam concorrer pelos inúmeros fóruns on-line.
Para Cheryl Casey, outra pesquisadora citada pela CNN, quando uma nova tecnologia, como a imprensa ou a internet, provoca uma grande mudança cultural, o desafio para a religião é imenso, tanto essas mudanças culturais transformam a maneira como Deus é pensado.
Na China, Jesus é uma estrela na internet
Ao mesmo tempo, a agência APIC informa que na China, a internet exerce um papel de contrapoder e inclusive de evangelização.
Uma análise do sítio Weibo, chamado às vezes de “Twitter chinês”, mostra que nas conversam que ele alberga, os conteúdos cristãos são mais populares que os “twitter” comunistas.
Assim, a palavra “Bíblia” conta com mais de 17 milhões de ocorrências na rede social chinesa, ao passo que as citações de Mao, coletadas no famoso Livrinho Vermelho, não passam de 60.000 menções. Outro exemplo eloquente: Jesus é citado mais de 18 milhões de vezes, ao passo que o atual presidente da República Popular da China, Xi Jinping, encontra-se apenas em quatro milhões de conversas.
Se as causas desta disparidade são múltiplas, duas razões podem explicar a presença mais massiva de conteúdos cristãos. Por um lado, o fato de que a censura é maior sobre os conteúdos de caráter político. Por outro, de acordo com o sítio de notícias ucanews.com, esta situação resulta também de um crescente interesse pelo cristianismo e, respectivamente, de um desinteresse maior por uma “ideologia comunista”.
Notemos que a Igreja não escapa do olhar aguçado das autoridades chinesas, explica ainda a agência. Assim, se procurarmos “Igreja subterrânea” no Weibo, em referência às comunidades cristãs que não são reconhecidas pelo governo comunista, o sítio apresenta uma página em branco com a simples menção: “Os resultados não podem ser apresentados em razão das leis e regulamentos em vigor”.
La Vie
Fonte: Bosco d’Otreppe/Dom Total