Liturgia, música e beleza
Silêncio na liturgia não é espaço vazio
“A própria Liturgia tem na sua seqüência uma série de momentos de silêncio, que não são espaços vazios de tempo, mas espaços de tempo repletos da Presença”, afirma a professora de arte Cristina Langer.
Qual a relação entre liturgia e beleza?
– A beleza tem a tarefa de nos despertar a uma outra coisa que não está nela mesma. Diante da beleza o coração se enche de espera, porque imediatamente nasce a pergunta: Quem é o Artífice, o Criador disto tudo? Então tudo que é belo pode abrir em nós o desejo da busca do Senhor, a Beleza encarnada.
Na Liturgia a beleza é o próprio motivo pelo qual a celebração se dá: para Deus, com Ele e Nele. Qualquer motivo que não seja este esconde a Beleza presente ao invés de revelá-la. Na minha experiência, a participação diária à Santa Missa é a “coroação” de tudo o que me acontece naquele dia porque é o Lugar Privilegiado para retomar a minha consciência ao reconhecimento da presença da Beleza de Cristo.
No contexto da liturgia e da vida espiritual, há como uma perda da sensibilidade para o belo?
– Na experiência de todos nós católicos (sacerdotes, religiosos ou leigos), creio que esta que poderia ser chamada “perda de sensibilidade” é o nosso maior drama. O drama é justamente o ceder ou não ceder à Beleza de Cristo no contexto da vida. O coração deseja esta familiaridade com Aquele que é a própria Beleza, para que repletos da Sua Presença possamos reconhecê-Lo presente em todas as circunstâncias da nossa realidade, para que nossos olhos possam transbordar para o mundo este que é a Beleza.
Este drama, ou perda de sensibilidade, é fruto da nossa auto-suficiência, desta separação que fazemos das coisas do dia-a-dia e da vida espiritual. A nossa vida cotidiana, a realidade do trabalho, das obrigações, das alegrias, das perdas e dificuldades… ou é diante do Senhor, com o Senhor, tornando-se um pedido cotidiano “Vem, Senhor Jesus”, ou não é vida.
Como cuidar da beleza na liturgia?
– “A Liturgia, por sua vez, só é bela e, portanto, verdadeira quando despojada de qualquer outro motivo que não seja a celebração de Deus, para Ele, por meio Dele, com Ele e Nele.” (Via Pulchritudinis – Documento da Assembléia Plenária dos Bispos, 2006)
A Liturgia deve ser vista como um todo, e não como algo fragmentado, com momentos um pouco mais ou um pouco menos importantes. Não pode ser “atravessada” como um “ritual” já conhecido.
Cada instante da celebração é importante e deve ser acolhido e saboreado, porque cada momento será único, belo e verdadeiro somente se vivido no reconhecimento do Senhor. Ao sacerdote cabe colher e revelar a beleza presente nas leituras e no Evangelho, orientando os fiéis apenas para o que é essencial (Cristo), e nunca para qualquer outro “assunto”. Como num todo, as equipes responsáveis pela música e colaboração à Liturgia devem ser igualmente orientadas e acompanhadas ao Essencial.
Por Alexandre Ribeiro
Fonte: ZENIT
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1) http://paroquiasaofranciscoxavier.org.br/site/noticias/o-que-e-liturgia/
2) http://paroquiasaofranciscoxavier.org.br/site/editorial/silencio-na-liturgia-nao-e-espaco-vazio/
3) http://paroquiasaofranciscoxavier.org.br/site/editorial/liturgia-serie/