CF 2012 – Texto Exclusivo de Luiz Paulo Horta
Caro leitor,
para enriquecer as publicações sobre a Campanha da Fraternidade 2012, a Pascom – Pastoral da Comunicação, além do Texto-Base da CNBB, que começamos a publicar no dia 5 de fevereiro, temos garimpado, buscando textos que ajudem na reflexão sobre o tema e o lema da CF 2012: “Fraternidade e Saúde Pública” e Que a saúde se difunda sobre a terra.
Publicamos hoje, um texto escrito exclusivamente para o site da Paróquia São Francisco Xavier, pelo jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras, Luiz Paulo Horta.
Esperando que o material que estamos publicando, ajude na sua caminhada, seguimos buscando conteúdo de qualidade para comunicar a Mensagem do Comunicador por Excelência, Jesus Cristo.
Para encontrar todo material publicado até agora, sobre a CF 2012, basta colocar o assunto: Campanha da Fraternidade, na busca do site.
Pascom
O tema da saúde, levantado pela Campanha da Fraternidade para este ano, é de uma beleza inesgotável
Abraça todos os aspectos da vida humana. O primeiro deles – o mais óbvio – é que, em matéria de saúde, há muita gente que vive numa situação de risco permanente. O sistema público funciona numa precariedade impressionante. A tendência é correr para os planos de saúde. Mas mesmo estes, além de caros, são falhos. O jeito é recorrer à solidariedade dos amigos, da família. Mas, e quando isso também falha?
Esse desafio da saúde é de todos os tempos – e acontece um pouco por toda parte. Nos Estados Unidos, país mais rico do mundo, o presidente Obama teve de travar uma batalha política desgastante para fazer passar no Congresso um projeto de saúde para os americanos que, até agora, não tinham cobertura nenhuma (nem mesmo a que damos por aqui). O argumento dos seus adversários era o de que uma cobertura de saúde extensiva a toda a população ia custar muito caro.
Todos sabem que os EUA atravessam um dos momentos mais difíceis da sua história, numa crise econômica que chega a lembrar a Grande Depressão dos anos 30. Mas, se não houvesse o egoísmo do ser humano, a saúde sempre encontraria um jeito de passar ao primeiro plano.
Nos Evangelhos, a saúde física sempre aparece ao lado da saúde espiritual. O próprio Cristo disse que ele tinha vindo para cuidar dos enfermos. Ele cura os cegos, os coxos, os leprosos, a mulher que tinha um fluxo de sangue. Mas a cura do físico quase sempre está ligada a uma transformação espiritual. Ao paralítico que os amigos fazem baixar do telhado, como única maneira de chegar perto dele, o Cristo diz: “Teus pecados te são perdoados”.
É essa unidade que deveríamos buscar em nossa vida, de tal maneira que um dom como a saúde seja usado para o bem de todos, e não como simples forma de orgulho ou de afirmação pessoal.
Luiz Paulo Horta
Perfil e livro sobre a Bíblia
Luiz Paulo Horta , jornalista e crítico de música clássica do GLOBO, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 21 de agosto de 2008, ocupando a cadeira 23, cujo patrono é José de Alencar e sucedendo à escritora Zélia Gattai. O primeiro ocupante da cadeira 23 foi Machado de Assis, idealizador e primeiro presidente da Academia.
Livro : “A Bíblia: Um diário de leitura”
Em reportagem publicada no site do Jornal O Globo, o jornalista Luiz Paulo Horta fala do seu último livro, nem erudito nem didático. O desafio era elaborar uma narrativa para leigos sem menosprezar a complexidade da Bíblia. Luiz Paulo Horta uniu seu profundo conhecimento de religião e a prática do jornalismo para atingir o objetivo. O resultado é “A Bíblia: Um diário de leitura”, que ele lançou em 2011. Jornalista e crítico de música clássica do GLOBO, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, Horta diz que a Bíblia é um livro selado, e ele quis mostrar que ela pode ser menos misteriosa do que parece – ainda que mantenha suas incógnitas.
– Meu livro não é teórico, nem uma lição de filosofia. A intenção foi fazer um livro que os jovens pudessem ler. E tirar o selo da Bíblia – diz Horta, ressaltando a qualidade narrativa que explorou. – Não queria fazer algo como a Bíblia na linguagem de hoje, porque a força do texto se perderia.
E é pela força do texto que, para Horta, a Bíblia cativa o leitor, desde que ele saiba que há ali diversos gêneros literários, que devem ser lidos de perspectivas distintas. O autor não se limita à Bíblia cristã. Vai do Antigo ao Novo Testamento mostrando que as histórias foram escritas por redatores humanos, e que essa humanidade perpassa os cinco ciclos que ele destaca na Bíblia: as origens, o ciclo de Moisés, a realeza, os profetas e o ciclo cristão.
– Cada livro da Bíblia tem seu estilo, foi composto em determinada circunstância, por um narrador diferente. Há livros de História, de sabedoria, poemas. Você embaralha tudo se não faz uma distinção – diz ele.
Evitando o didatismo, Horta não divide o livro em ciclos nem em gêneros literários. De Eva a Jesus Cristo, o texto passa por Abraão, Moisés, o período da realeza com Davi, Saul e Salomão, os profetas e a história de João Batista – que faz a passagem do Antigo para o Novo Testamento – e da Virgem Maria. Sem desembocar numa antologia, o autor explora cada contexto histórico e relaciona episódios com outras religiões e as artes. Começando pelo Gênesis, ele desmonta a ideia de que existiu um mundo anterior a Adão e Eva, em que os homens viviam sem pecado. Na Bíblia, a natureza humana nasce no instante do pecado original.
– O Gênesis é um mito, uma história sagrada, que não tem uma racionalidade simples. Não dá para ler a Bíblia só com os olhos do leitor de 2011. Se você levar tudo ao pé da letra, vai se chocar com a ciência, com a modernidade – afirma o escritor. – A Bíblia não tem uma lógica convencional, é desafiadora. Quando você embarca na leitura, ela começa a conversar com você. É um diálogo.
Horta multiplicou esse diálogo por dez anos, período em que montou em sua casa um grupo de leitura da Bíblia, que chegou a ter 40 pessoas. Ali ele percebeu como ter uma visão geral dos Testamentos mudava o olhar das pessoas para Jesus Cristo e as aproximava da Bíblia, “tirava seu selo”. Nascia a ideia do livro.
– Se você tem uma visão geral, percebe que Cristo é um judeu num contexto cultural e religioso. Ele é a culminância, a complementação da História antiga – diz. – A Bíblia é um livro costurado na realidade e às vezes briga com ela. Não é moralista, e sim carregada de histórias humanas. Há algumas terríveis, situações-limite, como a de Abraão. É maravilhoso ver que o que chamamos de Revelação não está fora da época em que se insere, mas acompanha os costumes.
Saiba mais acessando:
http://rodas-de-leitura.blogspot.com/2011_12_01_archive.html