Corpus Christi
“Afasta para longe de Mim o barulho de teus cânticos. E que Eu não ouça o som de tuas harpas! Mas que o direito corra com as águas, e a justiça, como o rio que nunca seca” (Amós, 5, 23.24).
O Povo de Deus celebra a tradicional festa do Corpo de Cristo. Neste dia, os seguidores de Jesus meditam páginas vitais da Sagrada Escritura: Amós, 5, 21-24; Gen. 14, 18-20; 1 Cor. 11, 23-26; e Lucas 9, 11-17. Anunciam que Deus compartilha a sua presença conosco naquele encontro que nos une na essência da espiritualidade, de uma atitude correta para com nossos semelhantes baseando-nos na bondade, no amor, no respeito, sobretudo na clara percepção da singularidade de cada ser humano.
Ao comemorar esta festa, a comunidade dos cristãos indaga: pode-se ter de um lado a celebração do Corpus Christi, e de outro, viver na injustiça? Que sentido tem celebrar esta festa numa comunidade onde oprimidos e opressores se encontram lado a lado? Nesta atual situação política do Congresso Nacional, de assalto oficial – ainda bem de uma minoria de Deputados e Senadores -, aos cofres públicos, é responsável celebrar o Dia do Corpus Christi e deixar que tudo corra como estar?
A Bíblia responde: “odeio, desprezo vossas festas e não gosto de vossas reuniões. O altíssimo não se compraz nas oferendas dos ímpios… Imola o filho na presença do pai quem oferece sacrifício com os bens dos pobres… é assassino do próximo quem lhes rouba os meios de subsistências e derrame sangue, quem priva o assalariado de seu salário”.
Filósofo e teólogo, eu também tenho resposta em diálogo: a celebração da festa do Corpus Christi não é simplesmente ir à Igreja para rezar a missa e se dirigir a outro culto religioso; ou acompanhar vaidosa e triunfalmente a procissão pelas ruas das cidades e dos campos. Não é simplesmente entendida simbolicamente na transformação do corpo e sangue de Cristo. É bem mais forte e cristão do que isso. Essa celebração é instrumento de transformação libertadora das estruturas injustas do capitalismo selvagem.
Nesse sentido, a festa do Corpus Christi, no Brasil, torna-se, na dimensão política, celebração da Soberania popular em busca de melhores dias de vida. É a celebração dos iguais nas igrejas, nos palácios, no Congresso, nas residências, nas ruas, no campo. Na Blogosfera com seu poder ético Na doação da capacidade de crítica, de suas conquistas, suas dores.
Deste modo, o feriado do Corpus Christi não é alienação, nem alienante. Para quem acredita, torna-se força de libertação, instrumento de denúncia contra a corrupção, a mentira, as CPIs opressoras e hipócritas de uma minoria de senadores e deputados; a má distribuição de renda nacional. Que os bispos, sacerdotes, pastores e fiéis fiquem em seus Palácios e residências; não se reúnam nos Templos, se antes “não soltar as algemas injustas, desatar as brochas da canga, libertar os oprimidos e despedaçar todo o jugo, vestir o homem roupa e não recusar a ajudar o próximo”. Sem isto, é hipocrisia, narcótico espiritual. Que a festa do Corpus Christi seja antecipação do Reino de Deus na transformação material-espiritual da história do Brasil hoje.
Autor: Francisco Antônio de Andrade Filho
A Paróquia convida todos, em especial os adolescentes e jovens, para ajudar na confecção dos tapetes de sal para a procissão de Corpus Christi na Avenida Amaral Peixoto. Estamos responsáveis pela preparação dos tapetes de números 96 e 97. Aqueles que desejam ajudar podem comparecer às 7 horas, diretamente no local.
Participem!