Manuscritos da Biblioteca Vaticana ao alcance de um clique
Primeiros 265 documentos on-line foram digitalizados com tecnologia da NASA
Códigos, manuscritos e cartas, até agora acessíveis somente aos peritos creditados junto à Biblioteca Apostólica do Vaticano, poderão ser consultados por quem desejar, de qualquer parte do mundo, com um clique.
Os primeiros 256 documentos do imenso tesouro da “biblioteca dos papas” já estão on-line. Para vê-los, basta inscrever-se no site da Biblioteca Apostólica.
A Bibliotheca Apostolica Vaticana, como é chamada em latim, é considerada desde a fundação como a “biblioteca do papa”, já que pertence a ele diretamente. É uma das mais antigas do mundo e guarda uma fabulosa coleção de textos históricos.
O projeto da digitalização dos documentos é ambicioso. De acordo com o prefeito da Biblioteca do Vaticano, dom Cesare Pasini, em entrevista à agência de notícias Ansa, todos os livros conservados na biblioteca, cerca de 80 mil, deverão ser disponibilizados na internet.
Pasini destacou ainda, em entrevista à Radio Vaticano, que a filosofia da Biblioteca Apostólica Vaticana, desde o início, foi tornar os bens da humanidade acessíveis a todos os interessados em usá-los, conhecê-los e estudá-los. O mesmo espírito de serviço determinou a digitalização dos documentos que agora está em andamento.
Entre os documentos históricos, há partituras musicais, textos cuneiformes e manuscritos gregos e judaicos. Os textos incluem obras de Homero, Platão, Sófocles, Hipócrates, manuscritos judeus dentre os mais antigos preservados até hoje e alguns dos primeiros livros italianos impressos durante o Renascimento, de acordo com informações da agência EFE. Entre as joias está o Codex Vaticanus, um dos mais antigos manuscritos da bíblia grega de que se tem notícia.
O projeto digital começou em 2011 e utiliza a tecnologia da NASA denominada Fits (Sistema de Transporte Flexível de Imagens, na sigla em inglês), criada no começo da corrida espacial para conservar as imagens das suas missões.
O papa Nicolau V fundou a biblioteca em 1448, reunindo cerca de 350 códices gregos, latinos e hebraicos, herdados de seus antecessores. Entre eles, havia diversos manuscritos da biblioteca imperial de Constantinopla. A oficialização da fundação aconteceu com a bula Ad decorem militantis Ecclesiae (15 de junho de 1475), do papa Sisto IV, que definiu um orçamento específico para a biblioteca e nomeou como bibliotecário Bartolomeu Platina, responsável pelo primeiro catálogo das obras ali guardadas, elaborado em 1481.
A biblioteca possuía então mais de 3.500 manuscritos, o que já fazia dela, com grande diferença, a maior do mundo ocidental. Em 1587, Sisto V contratou o arquiteto Domenico Fontana para construir um novo edifício para a biblioteca, situado no interior do Vaticano. O edifício é usado até hoje.
Os estudiosos dividem a história da biblioteca em cinco etapas:
Pré-lateranense: os inícios da biblioteca, correspondentes à primeira etapa da história da Igreja, antes de ser instalada no Palácio de Latrão. Muito poucos livros fazem parte dessa etapa.
Lateranense: livros e manuscritos passam a ser guardados no Palácio de Latrão. Esta etapa vai até o final do século XIII, durante o papado de Bonifácio VIII.
Avignon: neste período, crescem notavelmente as coleções de livros e arquivos dos papas que residiram em Avignon, entre a morte de Bonifácio VIII e o ano de 1370, quando a sede papal retorna a Roma.
Pré-Vaticana: de 1370 a 1447, a biblioteca fica dispersa, com parte das obras em Roma, Avignon e outros lugares.
Vaticana: é a etapa atual, iniciada em 1448, quando a biblioteca é transferida para o Vaticano.
Fonte: Zenite