“O Senhor me chama a subir ao monte”
A última oração do Ângelus de Bento XVI
Na manhã de hoje, 24, ao meio-dia ( horário de Roma), o Papa Bento XVI rezou com milhares de fiéis, a última oração do Angelus, antes de deixar o seu pontificado, que será na próxima quinta-feira, dia 28.
Peregrinos de várias partes do mundo se reuniam na Praça de São Pedro, no Vaticano, para rezarem a oração do Angelus e receber a benção do Papa Bento XVI . O Papa foi muito aplaudido pelos fiéis que lotaram a Praça São Pedro.
Meditando o evangelho (Lc 9,28b-36 ) de hoje, o segundo domingo da quaresma, com muita emoção em sua voz, o Papa falou que também ele deve subir ao monte para orar :
“O senhor me chama para subir o monte para me dedicar a oração. Mas isso não significa que vou abandonar a Igreja.Vou continuar servindo a Igreja, com o mesmo amor, mas de modo mais adequado às minhas forças e à minha idade.”
Saldação em lingua portuguesa
Depois da oração do Angelus, Bento XVI falou aos peregrinos em várias línguas. Os peregrinos brasileiros ficaram felizes quando o Papa saldou os fiéis de língua portuguesa(veja o vídeo)
“Obrigado pela vossa presença e todas as manifestações de afeto e solidariedade aos que estão me acompanhando nesses dias”.
Os sinos da Praça de São Pedro tocaram no momento que Bento XVI saiu da janela , enquanto era apaludido pelos fiéis que lotaram a Praça São Pedro.
Texto: A Pascom acompanhou a transmissão ao vivo pela TV.
Fotos: reprodução da TV Globo.
Leia a íntegra do Ângelus
Queridos irmãos e irmãs!
No segundo domingo da Quaresma, a liturgia sempre nos apresenta o Evangelho da Transfiguração do Senhor. O evangelista Lucas coloca especial atenção no fato de que Jesus foi transfigurado enquanto orava: a sua é uma profunda experiência de relacionamento com o Pai durante uma espécie de retiro espiritual que Jesus vive em um alto monte na companhia de Pedro, Tiago e João , os três discípulos sempre presentes nos momentos da manifestação divina do Mestre (Lc 5,10; 8,51; 9,28). O Senhor, que pouco antes havia predito a sua morte e ressurreição (9,22), oferece a seus discípulos uma antecipação da sua glória. E também na Transfiguração, como no batismo, ouvimos a voz do Pai Celestial: “Este é o meu filho, o eleito; ouvi-o” (9, 35). A presença de Moisés e Elias, representando a Lei e os Profetas da Antiga Aliança, é muito significativa: toda a história da Aliança está focada Nele, o Cristo, que faz um novo “êxodo” (9,31) , não para a terra prometida, como no tempo de Moisés, mas para o céu. A intervenção de Pedro: “Mestre, é bom para nós estarmos aqui” (9,33) representa a tentativa impossível de parar esta experiência mística. Santo Agostinho diz: “[Pedro] … no monte… tinha Cristo como alimento da alma. Por que deveria descer para voltar aos trabalhos e dores, enquanto lá encima estava cheio de sentimentos de santo amor por Deus e que inspiravam-lhe uma santa conduta? “(Sermão 78,3).
Meditando sobre esta passagem do Evangelho, podemos tirar um ensinamento muito importante. Primiro, o primado da oração, sem a qual todo o trabalho do apostolado e da caridade é reduzido ao ativismo. Na Quaresma aprendemos a dar o justo tempo à oração, pessoal e comunitária, que dá fôlego à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é um isolar-se do mundo e das suas contradições, como Pedro quis fazer no Tabor, mas a oração traz de volta para o caminho, para a ação. “A existência cristã – escrevi na Mensagem para esta Quaresma – consiste num contínuo subir o monte do encontro com Deus, para depois descer trazendo o amor e a força que provém dele, a fim de servir os nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus “(n. 3).
Queridos irmãos e irmãs, sinto essa Palavra de Deus especialmente dirigida a mim, neste momento da minha vida. O Senhor me chama para “subir o monte”, para me dedicar ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, pelo contrário, se Deus me pede isso é para que eu a possa continuar servindo com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual fiz até hoje, mas de um modo mais adequado à minha idade e às minhas forças. Invoquemos a intercessão da Virgem Maria: que ela sempre nos ajude a seguir o Senhor Jesus, na oração e nas obras de caridade.
[Depois da oração do Angelus o Santo Padre dirigiu estas palavras aos peregrinos de língua portuguesa:]
Queridos peregrinos de língua portuguesa que viestes rezar comigo o Angelus: obrigado pela vossa presença e todas as manifestações de afeto e solidariedade, em particular pelas orações com que me estais acompanhando nestes dias. Que o bom Deus vos cumule de todas as bênçãos.
Fonte: Zenit