JMJ Rio2013: Corpus Christi com os Símbolos da Jornada em São Gonçalo reuniu aproximadamente 75 mil fiéis
Ontem, 30, pela manhã em São Gonçalo, cerca de 75 mil fiéis estiveram presentes na celebração de Corpus Christi, onde este ano foi confeccionado o maior tapete da América Latina (241 imagens) com a participação dos Símbolos da Jornada Mundial da Juventude.
Em sua homilia Dom José destacou o projeto da nova Catedral. Eis a íntegra da homilia:
“Celebramos Corpus Christi. A própria celebração ensina o significado da festa de hoje com os gestos fundamentais:
– reunimo-nos em volta do altar do Senhor, para estar na sua presença;
– faremos a procissão, isto é, o caminhar com o Senhor;
– por fim, o ajoelharmo-nos diante do Senhor, a adoração, que já inicia na Missa e acompanha toda a procissão, mas tem o seu ápice no momento final da bênção eucarística.
1º – reunir-se na presença do Senhor. Pensemos por um momento que, agora, em toda nossa cidade há somente este único altar. Todos os cristãos católicos da cidade foram convidados a reunir-se aqui, para celebrar o Salvador morto e ressuscitado.
Ao redor da Eucaristia: reúnem-se aqui na presença do Senhor pessoas diversas por idade, condição social, ideias políticas. Isso nos ensina que a Eucaristia nunca pode ser um fato fechado, reservado a pessoas que se escolheram por afinidades ou por amizade. A Eucaristia é um culto público e fraterno a ser vivido em comunidade. Também aqui, neste dia, não fomos nós que escolhemos com quem nos encontrarmos, viemos e encontramo-nos uns ao lado dos outros, irmanados pela fé e chamados a tornarmo-nos um único corpo partilhando o único Pão que é Cristo.
Portanto, o Corpus Christi recorda-nos antes de tudo isto: que ser cristãos significa reunir-se de todas as partes para estar na presença do único Senhor e tornar-se n’Ele um só. É o que nos ensina a 1ª leitura, o Sacerdote Melquisedec oferece a Abraão e seus homens cansados e famintos pão e vinho, depois de os abençoar, invocando o nome de Deus sobre eles. Este fato sempre foi considerado uma figura de Cristo e dos sacerdotes da Nova Aliança, que oferecem no altar o pão e o vinho. E na 2ª leitura, a narrativa mais antiga da instituição da Eucaristia, São Paulo nos lembra: “todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha”. Todas as vezes que celebramos a Eucaristia, fazemos memória do Senhor crucificado e ressuscitado, com a certeza de sua presença viva em nosso meio.
2° – o caminhar com o Senhor. É a realidade manifestada pela procissão, que viveremos juntos depois da Santa Missa, quase como um seu prolongamento natural, movendo-nos atrás d’Aquele que é o Caminho. Com a doação de Si mesmo na Eucaristia, o Senhor Jesus liberta-nos das nossas “paralisias” e medos, faz-nos levantar e assim põe-nos a caminho, com a força deste Pão da vida.
A procissão do Corpus Christi ensina-nos que a Eucaristia nos quer libertar de qualquer abatimento e desencorajamento, quer fazer-nos levantar, para que possamos retomar o caminho com a força que Deus nos dá mediante Jesus Cristo. É a experiência do povo de Israel na longa peregrinação através do deserto. Cada um pode encontrar o próprio caminho, se encontrar Aquele que é Palavra e Pão de vida e se deixar guiar pela sua presença amiga. Sem o Deus-conosco, como podemos enfrentar a caminhada da vida?
A Eucaristia é o Sacramento do Deus que não nos deixa sozinhos no caminho, mas se coloca ao nosso lado e nos indica a direção. Ele está no meio de nós. Uma vez por ano – precisamente no dia de hoje – Ele sai pelo mundo afora, pelas ruas, avenidas envolvido por uma nuvem de glória, de incenso, de tapetes. Mas ele quer estar presente em nossas casas, em nossas famílias, em nossos trabalhos, em nosso ambiente.
Ele quer ser vida em nossa vida, como ficou tão claro no evangelho. A multidão caminha com Jesus e ele fala do Reino de Deus. A hora vai adiantada, o lugar é deserto. Os Doze pedem a Jesus que despeça a multidão para que possa comprar alimento. E a resposta de Jesus é um desafio para eles e para nós: Dai-lhes vós mesmos de comer. Mas eles só tem cinco pães e dois peixes. Jesus pede que se acomodem em grupos e num gesto eucarístico: tomando os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos para o céu, os abençoou, partiu e deu aos discípulos para que os distribuíssem à multidão. Eles comeram e ficaram saciados e ainda recolheram doze cestos.
Esse é o milagre da multiplicação dos pães e da Eucaristia. Jesus quer contar com a partilha do nosso pouco. Ele multiplica e alimenta os que com ele caminham. Mas também nos deixa o desafio: Dai-lhes vós mesmos de comer. Não está em nossas mãos o privilégio de multiplicar os pães, mas está em nossas mãos o privilégio de compartilhar nosso pão com os irmãos, especialmente os mais necessitados.
3º – ajoelhar-se em adoração diante do Senhor. Adorar o Deus de Jesus Cristo, que se fez pão repartido por amor, é o remédio radical contra as idolatrias de ontem e de hoje. Ajoelhar-se diante da Eucaristia é profissão de liberdade: quem se inclina a Jesus não pode e não deve prostrar-se diante de nenhum poder terreno, mesmo que seja forte. Nós, cristãos, só nos ajoelhamos diante do Santíssimo Sacramento, porque nele sabemos e acreditamos que está presente o único Deus verdadeiro, que criou o mundo e o amou de tal modo que lhe deu o seu Filho único (cf. Jo 3, 16). Prostramo-nos diante de um Deus que foi o primeiro a inclinar-se diante do homem, como Bom Samaritano, para o socorrer e dar a vida, e ajoelhou-se diante de nós para lavar os nossos pés sujos.
Adorar o Corpo de Cristo significa crer que ali, naquele pedaço de pão, está realmente Cristo, que dá sentido verdadeiro à vida, ao imenso universo como à menor criatura, a toda a história humana e à existência mais breve. A adoração é a oração que prolonga a celebração e a comunhão eucarística na qual o coração continua a alimentar-se: alimenta-se de amor, de verdade, de paz; alimenta-nos de esperança, porque Aquele diante do qual nos prostramos não nos julga, não nos esmaga, mas liberta-nos e transforma-nos.
Jesus quer ser vida em nossa vida. E nós queremos adorá-lo. Pois, não existe Corpus Christi sem que existam adoradores. E nós estamos aqui, reunidos na presença do Senhor e alimentados por sua vida. Caminhamos com Aquele que é a nossa vida. Adoramos Aquele que é o nosso Senhor e Salvador”, proferiu o Arcebispo de Niterói.
Ao final da celebração houve a tradicional procissão por aproximadamente 1,5 km aonde foi concedida a benção com Santíssimo Sacramento.
A Celebração terminou com show da cantora Olivia Ferreira.
Fonte: Arquidiocese de Niterói