No Brasil, papa falará contra a corrupção e a pobreza
Publicado em 09/07/2013 | Categoria: Notícias |
Por Assis Moreira
A principal mensagem do papa Francisco para a Jornada Mundial da Juventude será pela ética, contra a corrupção e a pobreza e redução das desigualdades sociais. E vai fazer isso falando em português. Também juntará palavras a gestos, devendo visitar favela e hospital. A jornada será no Rio de Janeiro, de 25 a 28 de julho.
É o que afirma o embaixador do Brasil junto ao Vaticano até duas semanas atrás, Almir Barbuda, que foi aposentado compulsoriamente por ter atingido os 70 anos de idade e voltou a morar no Rio. Ele participou de toda a preparação da visita do papa e diz que em Roma não há preocupação exagerada com possíveis manifestações.
“Acho que não, inclusive porque o papa é personalidade muito carismática e os pontos principais que ele defende são o que a juventude está nas ruas combatendo também”, afirmou o diplomata. “Manifestação espontânea de gente jovem pode ser momento bonito de confraternização.”
Para Barbuda, posições do papa Francisco tampouco alimentarão polêmica com o governo porque, acha ele, a presidente Dilma Rousseff tem também “como baluarte tudo isso”. Ele conta que esteve presente no início da audiência do papa à presidente, em Roma, e que Dilma estava visivelmente satisfeita com as ideias sobre combate a pobreza, às drogas etc.
Ele lembra que houve alguns protestos na Jornada Mundial da Juventude de 2011, em Madri, no rastro do movimento dos indignados, na presença do então papa Bento XVI. A seu ver, o que o Vaticano poderia ter um pouco de receio para o Rio é “com uma pequena parcela que faz badernas, aproveitando esse momento de protesto democrático”.
Ele nota que a segurança será reforçada, mas também que o papa Francisco “é muito corajoso, prefere andar de carro aberto, inclusive vem também o papamóvel”.
Nos preparativos, em Roma, o Vaticano mencionou a possibilidade de católicos de alguns países desistirem de vir ao Rio com receio de violência. “Procurei nas reuniões tranquilizar a Santa Sé, dizendo que o Rio é uma cidade pacificada”, conta Barbuda. O Vaticano mencionou nas reuniões que católicos da Alemanha e dos EUA, justamente os maiores contribuintes da Igreja Católica, eram os que mais temiam violência na capital fluminense.
“Minha única dúvida é se essas manifestações vão fazer alguns católicos desistirem realmente de vir”, frisou o embaixador brasileiro. “Mas a maioria que participa é sempre mesmo do país de acolha e desta vez também da Argentina.”
O novo embaixador do Brasil, Denis Fontes de Souza Pinto, chega nesta semana a Roma. Sua aprovação para o posto foi feita rapidamente, no Senado, para que ele possa assumir e acompanhar o papa no dia 22 ao Brasil.
Quando foi se despedir do papa, Almir Barbuda perguntou se podia falar em português. Em seu estilo informal, o papa respondeu que sim, mas que responderia em espanhol. Agora, estuda para falar e para responder também em português, no Brasil.
Na conversa, o papa Francisco indagou a Barbuda se estavam mesmo falando no Brasil que o papa é argentino mas que Deus é brasileiro. O diplomata respondeu que sim, e gostaria que ele voltasse a Roma dizendo que Deus é brasileiro e o papa é carioca. Foi o que o então papa João Paulo II disse, numa das visitas à capital fluminense
Valor, 09-07-2013.
Fonte: Dom Total