Papa Francisco: rezar juntos, em família, é muito bonito e dá muita força!
Mais de cem mil pessoas participaram da missa presidida pelo Santo Padre na Jornada da Família, iniciativa que se insere no âmbito do Ano da Fé.
Em sua homilia, o Pontífice ressaltou que as Leituras deste XXX Domingo do Tempo Comum “nos convidam a meditar sobre algumas características fundamentais da família cristã”.
O Papa Francisco fez a sua reflexão em três pontos, desenvolvendo-a justamente a partir destas características fundamentais: a família que reza; a família conserva a fé; e a família que vive a alegria.
Na primeira (a família que reza), frisou que o trecho do Evangelho evidencia dois modos de rezar, um falso – o do fariseu – e outro autêntico – o do publicano.
“O fariseu encarna uma atitude que não expressa o rendimento de graças a Deus por seus benefícios e a sua misericórdia, mas a satisfação de si próprio”, observou o Pontífice. O fariseu se sente justo, se orgulha disso “e julga os outros do alto de seu pedestal”.
O publicano, pelo contrário, não multiplica as palavras. “A sua oração é humilde, sóbria, permeada pela consciência da própria indignidade, da própria miséria: este homem – observou o Papa – realmente se reconhece necessitado do perdão de Deus, da misericórdia de Deus.”
A oração do publicano, acrescentou, “é a oração do pobre, é a oração que agrada a Deus que, como diz a primeira Leitura, ‘chega às nuvens'”, enquanto a do fariseu é ofuscada pela vaidade.
O Papa prosseguiu perguntando às famílias se elas rezam em família, aconselhando-as a fazerem-no, com humildade, deixando-se olhar pelo Senhor e pedindo a sua bondade, que venha a nós.
“É também questão de humildade, disse, reconhecer que precisamos de Deus, como o publicano!”
“E todas as famílias precisamos de Deus: todas, todas! Necessidade de sua ajuda, de sua força, de sua bênção, de sua misericórdia, de seu perdão. É preciso simplicidade: para rezar em família é preciso simplicidade! Rezar juntos o “Pai-Nosso”, em torno da mesa, não é uma coisa extraordinária: é fácil. E rezar junto o Terço, em família, é muito bonito, dá muita força!”
Da segunda Leitura o Santo Padre extraiu a segunda característica fundamental da família cristã: a família conserva a fé. O Apóstolo Paulo, frisou o Papa, no fim de sua vida, faz um balanço fundamental, e diz: “Conservei a fé” (2 Tm 4,7). Mas como a conservou? – perguntou Francisco.
“Não numa caixa-forte! Não a escondeu debaixo da terra, como aquele servo um pouco preguiçoso. São Paulo compara a sua vida a uma batalha e a uma corrida. Conservou a fé porque não se limitou a defendê-la, mas a anunciou, irradiou, levou-a para longe”.
Opôs-se decididamente àqueles que queriam conservar, “embalsamar” a mensagem de Cristo nos confins da Palestina, acrescentou.
“Por isso fez escolhas corajosas, foi a territórios hostis, deixou-se provocar pelos distantes, por culturas diferentes, falou francamente sem medo. São Paulo conservou a fé porque, como a recebeu, a doou, embrenhando-se nas periferias, sem entrincheirar-se em posições defensivas.”
Também neste ponto, disse o Papa, podemos perguntar-nos: de que modo nós, em família, conservamos a nossa fé?
“Conservamos para nós, em nossa família, como um bem privado, como uma conta no banco, ou sabemos partilhá-la com o testemunho, com o acolhimento, com a abertura aos outros?”
Francisco reconheceu que todos sabemos que as famílias, especialmente as famílias jovens, estão comumente “na correria”, muito ocupadas; “mas algumas vezes já pensaram que essa “correria” pode ser também a corrida da fé? – perguntou. As famílias cristãs são famílias missionárias, disse, lembrando o encontro do dia anterior na Praça São Pedro em que se ouviu o testemunho de família missionárias.
“São missionárias também na vida de todos os dias, fazendo as coisas de todos os dias, colocando em tudo o sal e o fermento da fé! Conservar a fé em famílias e colocar o sal e o fermento da fé nas coisas de todos os dias”, reiterou.
Por fim, o Papa falou sobre o último aspecto: a família que vive a alegria. A esse ponto, Francisco dirigiu a todos um uma pergunta, pedindo que cada um respondesse a si mesmo. “Como vai a alegria em sua casa? Como vai a alegria em sua família?”
“Caras famílias, vocês bem o sabem: a alegria verdadeira que se tem na família não é algo de superficial, não vem das coisas, das circunstâncias favoráveis… a alegria verdadeira vem de uma harmonia profunda entre as pessoas, que todos sentem no coração, e que nos faz sentir a beleza de estar juntos, de suster-nos reciprocamente no caminho da vida. Mas na base desse sentimento de alegria profunda está a presença de Deus, a presença de Deus na família, do seu amor acolhedor, misericordioso, respeitoso para com todos. E, sobretudo, um amor paciente: a paciência é uma virtude de Deus e nos ensina, em família, a ter esse amor paciente, um com o outro. Ter paciência entre nós. Amor paciente.”
Somente Deus sabe criar a harmonia das diferenças. Se falta o amor de Deus, também a família perde a harmonia, prevalecem os individualismos, e a alegria se esvai. Ao invés, “a família que vive a alegria da fé, a comunica espontaneamente, é sal da terra e luz do mundo, é fermento para toda a sociedade”, observou o Papa.
O Santo Padre concluiu com uma premente exortação: “Caras famílias, vivam sempre com fé e simplicidade, como a santa Família de Nazaré. A alegria e a paz do Senhor estejam sempre com vocês!” (RL)
Papa Francisco às famílias: ‘Vos sois o motor do mundo’
Neste fim de semana, sábado e domingo, o Pontifício Conselho organiza a peregrinação das famílias. Ontem (26), as famílias se reuniram na Praça São Pedro para dar testemunho e rezar juntas. Também o Santo Padre participou da segunda parte da grande festa da Família. Em discurso, o pontífice falou descreveu a singularidade da família. Uma “comunidade” onde “se aprende a amar”, composta de rostos e pessoas “que dialogam, se sacrificam pelos outros e defendem a vida”, especialmente “a vida mais frágil”.
O Santo Padre acrescentou ainda que a família é o motor do mundo e da história. A família, continuou o Papa, é o lugar onde “a pessoa toma consciência da sua dignidade”, e “se a educação é cristã”, reconhece “a dignidade de cada pessoa, de modo particular dos doentes, dos fracos e marginalizados”.
Na sexta-feira (25), o Pontífice recebeu, no Vaticano, os participantes da XXI Plenária do Pontifício Conselho para a Família, que tratou do tema: “Os 30 anos da Carta dos Direitos das Famílias” – publicada pelo Papa João Paulo II em 22 de outubro de 1983.
No discurso que pronunciou aos presentes, o Santo Padre se deteve sobre três pontos principais: “família, comunidade de vida, com consistência autônoma”; “família fundada no matrimônio” e “fases da vida familiar: infância e velhice”. A família, disse o Santo Padre, é parte importante da evangelização: os cristãos comunicam a todos a Boa Nova através do testemunho da família. E seu segredo é a presença de Jesus no seio da família humana.
Papa Francisco exortou os participantes que concluíam a Plenária do Pontifício Conselho para a Família, dizendo: “Sejamos solidários, atenciosos e afetuosos, com as famílias em dificuldade e em crise; com as obrigadas a deixar suas terras, as que estão divididas, que não têm casa ou trabalho e as sofredoras”. Enfim, o Santo Padre fez votos de que os trabalhos da Assembleia possam contribuir para a realização do próximo Sínodo extraordinário dos Bispos, que será dedicado precisamente às famílias em 2014.
Fonte: Dom Total/ Rádio Vaticano