Palavras de Francisco: evangelização dos Jovens, caminhar em direção às promessas de Deus e o drama da “cegueira interior”
Papa encoraja Salesianos a prosseguir a evangelização dos jovens, missão que o Espírito Santo lhes confiou na Igreja
Papa Francisco recebeu nesta segunda-feira de manhã, em audiências sucessivas: – o Núncio Apostólico na Síria, D. Mario Zenari; – o Presidente da Sociedade Bíblica Americana, Steven Todd Green, com a esposa e séquito; e, finalmente, – os participantes no Capítulo Geral da Sociedade Salesiana de São João Bosco.
Nas palavras que dirigiu aos Salesianos, o Papa Francisco fez votos de que o Espírito Santo os ajude a “captar as expectativas e os desafios do nosso tempo, especialmente dos jovens, e a interpretá-los à luz do Evangelho” e do seu próprio carisma – a evangelização dos jovens.
“A evangelização dos jovens é a missão que o Espírito Santo vos confiou na Igreja… Ocorre preparar os jovens a trabalhar na sociedade segundo o espírito do Evangelho, como operadores de justiça e de paz, e a viver como protagonistas na Igreja.”
A propósito dos jovens e da ação que com eles desenvolvem os Salesianos, o Santo Padre evocou “o mundo da exclusão juvenil”, a começar pela “vasta realidade do desemprego, com tantas consequências negativas”.
“Ir ao encontro de jovens marginalizados exige coragem, maturidade humana e muita oração… É necessária um atento discernimento e um acompanhamento constante”.
Finalmente, Papa Francisco sublinhou a dimensão comunitária da vida dos Padres Salesianos. Para superar tensões, individualismo e dispersão, é preciso comunicação profunda e relações autênticas. Neste contexto o Santo Padre evocou “o espírito de família” que Don Bosco lhes deixou em herança…
“A força humanizante do Evangelho é testemunhada pela fraternidade vivida em comunidade, feita de acolhimento, respeito, ajuda recíproca, compreensão, cortesia, perdão e alegria”.
Recordando que está às portas o bicentenário do nascimento de Don Bosco, o Papa concluiu assegurando e pedindo orações.
Na Grã Bretanha, o Santo Padre nomeou bispo auxiliar de Westminster o Padre Nicholas Gilbert Hudson, do clero da arquidiocese de Southwark, que era actualmente pároco, depois de ter sido, de 2000 a 2013, vice-reitor e depois reitor do Colégio Inglês de Roma.
Caminhar em direção às promessas de Deus, senão somos “turistas existenciais” – o Papa em Santa Marta
Na homilia da Missa na Casa de Santa Marta nesta segunda-feira o Papa Francisco falou dos cristãos parados, dos que se enganam no caminho e dos que andam às voltas numa espécie de ‘turismo existencial’. Tomando como estímulo da sua meditação a leitura do Profeta Isaías o Papa Francisco evidenciou o facto de que Deus, antes de pedir alguma coisa, faz uma promessa. E nas promessas de Deus devemos confiar. Mas não basta, pois devemos caminhar para elas – afirmou o Papa Francisco – mas são muitos os cristãos que estão… parados:
“Tantos cristãos parados! Estão tantos para trás que têm uma débil esperança. Sim, acreditam que haverá um Céu e tudo estará bem. Está bem que acreditem, mas não procuram! Cumprem os mandamentos, os preceitos: tudo… Mas estão parados. O Senhor Não pode fazer deles fermento no seu povo, porque não caminham. E este é um problema: os parados. Depois, existem outros que se enganam no caminho: todos nós algumas vezes enganamo-nos no caminho, isso já o sabemos. O problema não é enganar no caminho; o problema é não voltar para trás quando reparamos que nos enganamos.”
O modelo de quem acredita e segue aquilo que a fé lhe indica é o funcionário do rei que procura a cura para o filho doente, tal como nos descreve S. João no Evangelho de hoje – continuou o Santo Padre – este funcionário é um homem e não duvida um instante de Jesus. Mete-se em caminho em direção a casa quando Jesus lhe assegura que o filho está curado. Oposto a esta modelo existe aquele dos que vão à procura mas andam sempre às voltas sem tomarem a sério as promessas de Deus. São ‘turistas existenciais’ – afirmou o Papa Francisco:
“São os cristãos errantes: andam às voltas como se a vida fosse um turismo existencial, sem meta, sem tomar as promessas a sério. Aqueles que andam às voltas e enganam-se, porque dizem: ‘Eu caminho!’. Não tu não caminhas, tu andas às voltas.”
“A Quaresma é um belo tempo para pensar se eu sou em caminho eu se eu estou demasiado parado: converteu-vos. Ou se eu sou um turista teologal, um destes que fazem a volta da vida mas nunca fazem um passo à frente. E peço ao Senhor a graça de retomar o caminho, de meter-nos em caminho, mas em direção às promessas.” (RS)
Papa ao Angelus, comentando o episódio do cego de nascença
O drama da “cegueira interior” de quem recusa ser iluminado por Jesus
Papa alerta para risco da cegueira interior
Cidade do Vaticano, – O papa Francisco rezou no domingo (30), a oração mariana junto com os fiéis no Vaticano. Graças também ao dia ensolarado de primavera, a Praça São Pedro estava completamente lotada e o clima foi de grande alegria.
Francisco apareceu às 12h em sua janela desejando “bom domingo” a todos e retribuindo com sorrisos o carinho das pessoas presentes. O pontífice proferiu palavras baseadas no Evangelho do dia, do evangelista João, que conta o episódio do homem cego de nascença a quem Jesus doa a vista.
O milagre é narrado por João em apenas dois versículos, porque o evangelista não queria atrair a atenção para o milagre em si, mas para o que aconteceu depois, para a discussão que ele acarretou.
Os “doutores da lei” não acreditavam que o cego tivesse sido curado por Jesus. Interrogaram o homem e crivaram de perguntas seus pais, enquanto o cego curado se aproximou da fé. Essa foi a maior graça que Jesus lhe fez: não só a de ver, mas a de conhecê-Lo: Ele que é “a Luz do mundo”.
“Enquanto o cego se aproximava gradualmente da luz, os ‘doutores da lei’, ao contrário, caíam sempre mais na cegueira interior. Obtusos em sua presunção, acreditavam já ter a luz; e por isso, não se abriram à verdade de Jesus. Fizeram de tudo para negar a evidência, até conseguir expulsar o homem curado do templo, excluindo-o da sociedade”.
O cego curado, por sua vez, não sabia nada de Jesus. Primeiramente, O considerava um profeta e depois, um homem próximo de Deus. Mas depois de ser afastado do templo, Jesus o reencontrou e “abriu seus olhos” pela segunda vez, dizendo-lhe quem era.
Àquela altura, ele exclamou: “Creio Senhor” e se ajoelhou diante de Jesus. O Papa admitiu que “a nossa vida, às vezes, parece com a do cego que se abriu à luz, a Deus e à sua graça. Mas às vezes, infelizmente, é como a dos ‘doutores da lei’: do alto de nosso orgulho, julgamos os outros, e até o Senhor!”.
“A luz de Cristo, que nos foi dada no Batismo, nos ajude a nos comportar com humildade, paciência e misericórdia”, completou Francisco, dando uma sugestão: “Voltando a suas casas, peguem o Evangelho de João e leiam o capítulo 9. Fará bem a todos. E nos questionemos como está o nosso coração: aberto ou fechado a Deus e ao próximo?”.
“Sempre temos em nós algum ‘fechamento’ consequente do pecado, de nossos erros. Não tenhamos medo; abramo-nos à luz do Senhor, Ele nos espera sempre para nos perdoar, não nos esqueçamos!”. Após a sua reflexão, o Papa rezou a oração mariana e concedeu a todos os presentes a sua bênção apostólica. Em seguida, saudou os grupos credenciados e se despediu dos fiéis, como sempre, desejando “bom domingo e bom almoço”.
Fonte: Dom Total Rádio Vaticano