“O matrimônio não pode ser tratado com a lógica de mercado, mas como um dom”
A reflexão sobre os desafios da evangelização da família proposto pelo papa Francisco para o próximo Sínodo dos Bispos foi abordada no terceiro dia da 52ª Assembleia Geral da CNBB. O tema, apresentado por membros da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, trouxe indicativos e caminhos para evangelizar as família no contexto atual da sociedade.
A 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família acontecerá de 5 a 19 de outubro de 2014, no Vaticano. Em carta, o papa Francisco convida as famílias a rezarem pela reunião, cujo tema será “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”.
Diversas dioceses de todo o mundo responderam a um questionário enviado pelo papa sobre questões relacionadas à vida em família. A Igreja no Brasil participou da pesquisa, com significativa representatividade das circunscrições eclesiásticas. Este trabalho contou com colaboração ativa da Pastoral Familiar, movimentos e serviços familiares, outras pastorais, e trabalho conjunto entre membros do clero e leigos. Houve inúmeras contribuições de paróquias, coordenações regionais e respostas individuais.
O bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom João Carlos Petrini, explicou que após a coleta das respostas enviadas pelas dioceses, será elaborado um documento de trabalho pela Secretaria do Sínodo. Para dom Petrini, o Sínodo convocado pelo papa Francisco chega em momento oportuno. “Os desafios pelos quais a família enfrenta estão relacionados às mudanças na vida em sociedade e devem ser enfrentados por meio de mobilizações e também da formação”, comenta.
Evangelizar a família
A Pastoral Familiar presente nas dioceses, paróquias e comunidades vem realizando um trabalho importante de formação das famílias. Mas, de acordo com dom Petrini, é necessário que essa pastoral supere a condição jurídica, para uma compreensão da vida conjugal, da família, da paternidade e maternidade como caminhos da realização humana. “A Pastoral Familiar tem a missão de ajudar os casais a compreender toda a beleza e humanidade de uma família como fonte de alegria”, disse.
Recordando os ensinamentos de São João Paulo II, o bispo recorda que o papa deixou um legado valioso e grandes contribuições para a formação das famílias por meio de suas mensagens, exortações, catequeses etc. “São João Paulo II aprofundou a temática do amor humano como caminho de felicidade e de realização”, lembrou.
Diante dos desafios apresentados a vida em família, dom Petrini disse ser necessário que as famílias retornem ao desígnio de Deus e que os casais compreendam que a família é o espaço da vida em totalidade. Para o bispo, existe um equívoco em relação a felicidade e que a “a vida não pode ocorrer em parcialidade, mas na totalidade do ser de cada pessoa”.
O próximo Sínodo dos Bispos buscará refletir também sobre a vida conjugal e os valores dos relacionamentos. Os bispos estudarão caminhos para a evangelização das família na sociedade moderna. Dom Petrini comenta um dos desafios será debater a vivência do matrimônio fora da visão mercadológica e de lucros que hoje tem sido incentivada.
“Nossas intimidades estão cada vez mais expostas. Utilizamos uma linguagem mercadológica para falar de relacionamentos, dos afetos e sentimentos. Hoje tudo resume-se em investimentos. O matrimônio não pode ser tratado com a lógica de mercado, mas como um dom, para o bem e a felicidade do outro”, ressaltou.
Fonte:CNBB