Trindade Santa: o Amor transbordando mundo afora.
Liturgia da Missa – Reflexão sobre a Mesa da Palavra da Solenidade da Santíssima Trindade – Ano A
Aquele Pai, totalmente bondoso, sentia necessidade de mais espaço para o seu amor. Foi então que criou o mundo e dentro dele as pessoas. Maravilhava-se com elas, pois via que o ser humano era muito bom. Sua expectativa amorosa era de que suas criaturas também transbordassem na bondade. Só que isto não ocorreu. Seus filhos aprontaram tanta confusão que o Pai bondoso se sentiu triste, vendo que se perdiam. O Pai então se reuniu em comunidade de bondade para discutir o assunto. A decisão que tomaram foi a de enviar o Filho até a terra. Viria mostrar ao povo que ele se equivocava totalmente, precisando mudar de rumo para ser feliz conforme os planos originais para a criação. O Filho ficou todo feliz em estar com o povo do seu Pai, seus irmãos, mas as pessoas não compreenderam nada da sua mensagem. Ao contrário, tornaram-se agressivas e o eliminaram. O Pai e a Mãe espírito sofreram muito junto com o Filho, mas como a bondade é também fiel, a manutenção da confiança e da liberdade nos humanos, se manteve firme. Ainda hoje a grande maioria das pessoas continua sem entender que o Pai, o Filho e a Mãe Espírito são um só, em três pessoas e que o Amor da Trindade nada mais é do que a bondade constante transbordando sobre a Terra.
Deus amou de tal forma o mundo que não se conteve em si mesmo. E então acontece esse transbordamento maravilhoso de Amor, o grande milagre de Deus. E para que essa chuva amorosa da Trindade se faça ainda mais completa, vem o Filho e se humaniza. Torna-se um de nós, igual aos humanos praticamente em tudo, para que possamos também experimentar a Divindade.
Essa é uma característica marcante da bondade: ela é incapaz de caber-se em si mesma. Está sempre buscando a expansão. Bondade é algo por natureza transbordante. É um pouco desse mistério que celebramos hoje. A relação de amor de Deus é tão imensa e de uma intensidade tão grande, que só pode se expandir para todo o Universo.
As Comunidades Eclesiais de Base, sentindo-se inspiradas por esse Amor transbordante, gostam de dizer que “a Trindade é a melhor comunidade”. Nada mais verdadeiro. Deus é comunidade de bondade, totalmente em relação. Deus não é solidão nunca. Ele é relação de Amor a nos ensinar que precisamos, também, estar em constantes laços de solidariedade, justiça e serviço uns com os outros.
Mistério é o eterno convite de Deus para que nos acerquemos dele e, a cada dia, nos apropriemos mais um pouquinho de algum dos seus infinitos atributos de bondade e Amor. Este é o sentido da Santíssima Trindade: que nos acheguemos ao colo de Deus, mesmo sendo sabedores de que, de tão imenso e amoroso que Ele é, nós aqui na Terra nunca seremos capazes de compreendê-lo, senti-lo e vivê-lo na sua totalidade.
Somos muito pequenos e esse tamanho diminuto nos faz incapazes de abarcar a imensidão do Amor. Torna-se necessário então que, didaticamente, se criem metáforas para que as pessoas se animem a mergulhar no mistério infinito de Deus. Para quem ainda não teve acesso ao livro, uma dica de metáfora interessante da Trindade se encontra no livro A Cabana. Seu autor, William Young, encontrou uma forma bem bonita de nos convidar ao mistério da Trindade. Esse livro é da Editora Sextante.
Perguntas para reflexão nessa semana:
– Que imagem tenho da Trindade?
– Sinto o Amor transbordando em mim?
– De que maneiras transbordo-me também para as pessoas?
1ª Leitura – Ex 34,4b-6.8-9
Naqueles dias: Moisés levantou-se, quando ainda fazia noite, e subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe havia mandado, levando consigo as duas tábuas de pedra. O Senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés, e este invocou o nome do Senhor. Enquanto o Senhor passava diante dele Moisés gritou: ‘Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel’. Imediatamente, Moisés curvou-se até o chão e, prostrado por terra, disse: ‘Senhor, se é verdade que gozo de teu favor, peço-te, caminha conosco; embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua’.
2ª Leitura – 2Cor 13,11-13
Irmãos: Alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco. Saudai-vos uns aos outros com o beijo santo. Todos os santos vos saúdam. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós.
Evangelho – Jo 3,16-18
Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele.Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está ondenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito.
Fernando Cyrino
www.fernandocyrino.com