O exemplo de Pedro e Paulo
Sucedendo Pedro e investido pelo espírito de Paulo, o papa convoca a Igreja para renovar seu espírito missionário.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto*
A história do cristianismo registra a presença destas duas figuras, que fizeram parte dos seguidores de Jesus Cristo e, curiosamente, apesar de origens distantes, foram martirizados na cidade de Roma, onde também sepultados. Suas sepulturas estão em duas basílicas diferentes: na de São Pedro e na de São Paulo fora dos muros, constituindo as colunas da Igreja.
Os bispos diocesanos são convocados, de cinco em cinco anos, para rezar uma missa diante da sepultura de cada um desses apóstolos na intenção do povo de suas dioceses. É uma forma de estar renovando sua missão. Pedro representando a instituição: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16, 18). Paulo representando o papel missionário da Igreja no mundo.
No livro dos Atos dos Apóstolos, encontramos as viagens missionárias de Paulo. Ele revela sua preocupação missionária quando, num brado, manifesta: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (II Tm 4, 7). Na defesa da fé em Deus, Pedro é pregado na cruz, de cabeça para baixo, e Paulo degolado, ambos derramando o sangue por acreditar na realização do projeto de vida.
Sucedendo Pedro e investindo o espírito de Paulo, o papa Francisco tem convocado a Igreja para renovar seu espírito missionário. Precisa tornar-se uma Igreja “em saída”, superando o comodismo e a burocracia, acolhendo melhor as pessoas. Além das palavras, seu testemunho de simplicidade e coerência tem sido uma total provocação para todo o mundo cristão.
Francisco tem insistido numa Igreja que tenha as marcas “da verdade, da bondade, da beleza, da ternura e da misericórdia”. A missão encontra motivação nestas palavras, criando alegria no anúncio do Evangelho. Ele diz não querer “cristão com cara de funeral”, ou “cara de Quaresma sem Páscoa”.
Estamos aí diante dos desafios da missão, motivados também pelo enunciado da “comunidade de comunidades, a nova paróquia”. Os cristãos de hoje, no seguimento de Pedro e Paulo, enfrentam as maldades da nova cultura e devem agir para cultivar um mundo mais humano e de paz.
CNBB, 23-06-2014.
*Dom Paulo Mendes Peixoto é arcebispo de Uberaba (MG).
Fonte: Dom Total