Papa no Angelus diz não à economia que explora o homem; devemos confortar os necessitados
Muitos carregam um “jugo” insuportável por causa de um “sistema econômico que explora o homem”: é uma das prementes passagens das palavras do Papa na alocução que precedeu a oração do Angelus, ao meio-dia deste domingo.
Dirigindo-se aos milhares de fiéis e peregrinos que lotavam a Praça São Pedro, o Pontífice ressaltou que o cristão é chamado a ir ao encontro dos irmãos necessitados aonde quer que se encontrem, vencendo a lógica da indiferença.
“Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso.” O Santo Padre deteve-se sobre o convite de Jesus contido na página do Evangelho dominical. O Senhor, disse, “tem diante dos olhos as pessoas que encontra todos os dias”, “pessoas simples, pobres, doentes, pecadores, marginalizados”:
“Estas pessoas sempre foram atrás d’Ele para ouvir a sua palavra – uma palavra que dava esperança! As palavras de Jesus sempre dão esperança! – e também para tocar mesmo que somente a orla de sua veste. Jesus mesmo buscava essas multidões enfraquecidas como ovelhas sem pastor (cfr Mt 9,35-36): assim diz Ele, e as buscava para anunciar-lhes o Reino de Deus e para curar muitos no corpo e no espírito. Chama todos a si: “Vinde a mim”, e lhes promete alívio e restabelecimento.”
Este convite de Jesus, ressaltou o Pontífice, “se estende até os nossos dias, para alcançar tantos irmãos e irmãs oprimidos por condições de vida precárias, por situações existenciais difíceis e, por vezes, desprovidas de válidos pontos de referência”. Nos países mais pobres, “mas também nas periferias dos países mais ricos – observou – encontram-se tantas pessoas cansadas e enfraquecidas sob o peso insuportável do abandono e da indiferença”:
“A indiferença: quanto mal a indiferença humana faz aos necessitados! E pior, a dos cristãos. Encontram-se às margens da sociedade tantos homens e mulheres provados pela indigência, mas também pela insatisfação da vida e pela frustração. Muitos são obrigados a emigrar de sua pátria, colocando em risco a própria vida. Muitos mais carregam todos os dias o peso de um sistema econômico que explora o homem, impõe-lhe um “jugo” insuportável, que os poucos privilegiados não querem carregar. Jesus repete a cada um destes filhos do Pai que está nos céus: “Vinde a mim, vós todos”.”
Jesus, acrescentou o Papa, “o diz àqueles que têm tudo, mas seu coração é vazio”. Também a eles Jesus dirige esse convite: “Vinde a mim”. “O convite de Jesus é para todos. Mas de modo especial – precisou – para aqueles que sofrem mais.” Jesus, observou, nos faz também um convite que é “como um mandamento”: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). O “jugo” do Senhor, ressaltou Francisco, “consiste em carregar o peso dos outros com amor fraterno”:
“Uma vez recebido o restabelecimento e o conforto de Cristo, somos chamados, por nossa vez, a tornarmo-nos restauração e conforto para os irmãos, com atitude mansa e humilde, imitando o Mestre. A mansidão e a humildade do coração ajudam-nos não somente a assumirmos o peso dos outros, mas também a não sermos peso sobre eles com nossos pontos de vista pessoais, nossos julgamentos ou nossas críticas ou nossa indiferença.”
No momento da saudação aos numerosos fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro, Francisco agradeceu ao povo da região italiana do Molise, onde esteve neste sábado em visita pastoral:
“Gostaria de saudar de modo particular e afetuoso todo o bravo povo do Molise, que neste sábado me acolheu em sua bela terra e também em seus corações. Foi um acolhimento caloroso: jamais me esquecerei! Muito obrigado!”
O Santo Padre concedeu a todos sua Bênção apostólica. (RL)