Notícias do Sínodo da Família
Sínodo: divorciados recasados – reflexões e propostas; abertura à vida – testemunho de casal brasileiro
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Continuam os trabalhos do Sínodo dos bispos sobre os desafios pastorais da família. Duas linhas de reflexão emergem dos debates acerca dos divorciados recasados como nos conta o padre Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé:
“Há uma linha que fala com muita decisão do anúncio do Evangelho do matrimónio, que exige afirmar que se há uma ligação válida matrimonial existente, não é possível a admissão aos Sacramentos de divorciados recasados. Portanto, digamos uma afirmação da coerência da doutrina por fidelidade à Palavra de Deus. E uma linha que, não negando de forma alguma a indissolubilidade do matrimónio na proposta do Senhor Jesus, mas quer ver – numa lógica de misericórdia que naturalmente é importantíssima para todos – as situações vividas e fazer um discernimento sobre como enfrentá-las nas diversas situações que são, às vezes, muito específicas. Portanto, ver – sem negar de forma nenhuma a doutrina fundamental – como se pode ir ao encontro das exigências da misericórdia numa aproximação pastoral às diversas situações que se têm que enfrentar.”
Segundo o padre Lombardi foram mesmo apresentadas propostas concretas de organização dos serviços diocesanos para tratar este assunto:
“Houve também propostas bastante concretas de organização de gabinetes diocesanos que enfrentem a temática sob a direção do bispo. Ao mesmo tempo, também sobre esta temática insiste-se sobre a atenção às exigências da verdade e da justiça, para não chegar a uma espécie de divórcio católico e, portanto, inserir e reconhecer a importância também do processo e dos procedimentos canónicos, numa pastoral conjunta de verdadeira atenção ao bem do povo de Deus e das pessoas.”
“Os desafios pastorais acerca da abertura à vida” é outro tema que também já foi debatido pelos bispos neste Sínodo. De destacar a intervenção do cardeal-arcebispo de Paris, D. André Vingt-Trois, que lamentou o facto de que muitos casais católicos tenham perdido a noção de “pecado” no uso de contracetivos, rejeitados pelo magistério da Igreja. Referiu ainda que dessa forma tendem a não fazer disso uma matéria de Confissão, recebendo assim a Comunhão sem problemas.
O testemunho acerca desta temática falou em português tendo sido apresentado pelo casal Artur e Ermelinda, unidos em matrimónio há 41 anos e coordenadores das Equipas de Nossa Senhora no Brasil.
A intervenção sublinhou a importância da sexualidade no casamento tendo sido salientado que “…os casais que fazem amor são os que expressam com o corpo o que lhes vai no coração. Para chegar à harmonia, é preciso saber cultivar o desejo e até mesmo um erotismo sadio”.
Este casal brasileiro abordou também a questão da contraceção para “admitir sem medo que muitos casais católicos, mesmo os que procuram viver seriamente o seu matrimónio, não se sentem obrigados a usar apenas os métodos naturais”.
“O controlo da natalidade através dos métodos naturais teoricamente é bom; porém, na cultura atual parece-nos carecer de praticidade. Casais, principalmente jovens, vivem um ritmo de vida que não lhes permite praticar esses métodos”, alertou o casal Artur e Ermelinda que concluiu o seu testemunho considerando que é importante responder “às exigências do mundo atual” sem “ferir o essencial da moral católica”.
De recordar que nesta quinta-feira terminaram as intervenções dos padres sinodais na Assembleia dando lugar aos círculos menores. (RS / Ecclesia)
Sínodo: a crise da fé nas famílias. Oração e espiritualidade na vida familiar
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Os encontros e intervenções continuam a decorrer na Sala do Sínodo, com a família como tema e objetivo. O Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, no seu briefing diário partilhou com os jornalistas uma imagem verbal que foi apresentada no terceiro dia de trabalhos:
“ Falou-se da Luz que a Igreja traz ao mundo … não tanto como um farol mas como uma vela acesa, uma tocha que acompanha o povo em caminho”
Esta imagem ilustra de maneira original e profunda os trabalhos de quarta-feira dia 8. A fé não é aderir a conteúdos – sublinhou o Padre Lombardi – mas uma adesão, um encontro com Cristo. Foram 68 as intervenções e o testemunho do dia foi apresentado por um casal misto: ela cristã e ele muçulmano, vindos da Costa do Marfim em África, aliás continente muito interventivo nos trabalhos desta quarta-feira. Central nos debates foi o tema da crise da fé e da família:
“A crise das famílias na Igreja e também a crise das famílias cristãs na sociedade está muito ligada à crise geral da fé neste tempo. Foi notado como é preciso estar atentos em recordar que a fé não é aderir só a conteúdos, a ensinamentos, mas a fé é, antes de mais, uma adesão pessoal a Cristo, uma escolha por Cristo, um encontro com Cristo, uma aliança com Ele.”
“Muitas intervenções falaram da confiança que é preciso ter na graça de Deus: não tomarmos a nossa debilidade como medida, mas a graça de Deus e a confiança na graça de Deus, como medida no nosso agir, das nossas decisões. E, neste sentido da confiança na graça, falou-se intensamente da importância da oração e da espiritualidade na vida familiar…”
Foi também sublinhada a necessidade de não fazer uma ligação meramente cultural ou social com o Batismo e o Matrimónio, mas que deve ser uma decisão vocacional – explicou o Padre Lombardi que referiu também que os bispos abordaram o tema da relação entre verdade e misericórdia, entre a fidelidade à doutrina da Igreja e a atenção ao sofrimento de tantas pessoas:
“Uma intervenção interessante recordou por analogia o Concílio Vaticano II: conseguiu, enfrentando o tema da liberdade religiosa, conciliar o tema da fidelidade à verdade e do empenho da Igreja pela verdade e a liberdade religiosa, pensando que possa existir uma analogia sobre o esforço que o Sínodo deve fazer agora também para os temas da pastoral familiar.”
Em comunicado, a sala de imprensa da Santa Sé clarificou que em relação aos divorciados em segunda união o debate sublinhou a “prudência necessária” nas grandes questões, “conjugando a objetividade da verdade com a misericórdia pelas pessoas e os seus sofrimentos”. (RS) ![]()
Fonte: Rádio Vaticano






