Malala: mulher e educadora para a paz
Diante de tantas absurdas violências que nos últimos tempos vemos no noticiário internacional é compreensível que o mundo inteiro tenha se maravilhado com a notícia de que o Prêmio Nobel da Paz foi concedido a duas pessoas, sendo uma delas a jovem paquistanesa de 16 anos, Malala Yousafzai. Seu mérito: a luta incessante contra o trabalho infantil, a violência de gênero e tudo que constitui obstáculo à educação, sobretudo para as mulheres.
Ao pronunciar-se à imprensa internacional sobre o prêmio, Malala abriu o peito e os lábios com segurança e, ao mesmo tempo, com o frescor da idade na delicada voz. E disse a frase memorável: “Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. Educação é a solução”.
Que ninguém se iluda, porém. A história de Malala não foi uma tranquilidade, como a de muitas jovens de 16 anos nos dias de hoje. Vivendo em um país violento e dividido, onde movimentos políticos usam a força para atemorizar e oprimir, desde cedo se rebelou contra esse estado de coisas e viu o conflito transferir-se para sua vida pessoal.
Desde os 13 anos, Malala atua como ativista em favor do direito à educação das mulheres, especialmente aquelas que o regime talibã proíbe de ir à escola. Começou a ter visibilidade e notoriedade escrevendo em um blog da BBC sob pseudônimo, denunciando a violência do regime. Junto com o pai participou de um documentário intitulado “Perda de aulas, a morte da educação da mulher”. Pretendia chamar a atenção da opinião pública sobre as dificuldades que enfrentavam as mulheres para poder ir à aula nas zonas ocupadas pelo talibã. Malala defende o que considera um direito das mulheres: educar-se.
A violência armada do talibã não se fez esperar para desfechar-se sobre ela. Em 2012 foi vítima de um atentado quando voltava da escola, desafiando a norma estabelecida. No ônibus que a levava para casa recebeu um tiro na cabeça. Foi internada em estado grave, em perigo de vida.
Aos que lhe perguntaram como reagiria a seus agressores, o que faria se a atacassem de novo, sua resposta surpreendeu o mundo: “Não se deve lutar com crueldade e violência, mas com diálogo, paz e educação.”
Mais ainda: preocupada em abrir o coração e a mente de seus agressores, disse que seu objetivo era mostrar como seria importante que eles tivessem o direito e a possibilidade de dar educação aos filhos deles. Sua esperança era que entendessem que este era o motivo de seus protestos e atuação política.
O Prêmio Nobel da Paz é, portanto, mais do que justo reconhecimento da estatura moral dessa menina, essa jovem mulher que engrandece a humanidade. Tomara que todos possamos aprender com ela – nesse sentido, muito sintonizada com o grande Papa Paulo VI – que a paz só pode ser fruto da justiça e da educação.
Siga em frente Malala. Te acompanhamos com carinho e admiração. E que Deus a proteja!
Autor: Maria Clara Bingemer
Fonte: Amaivos