Papa: “Cultura da aliança contra o desencontro”
Mais de 7 mil peregrinos membros do Movimento di Schoenstatt, provenientes de cerca de 50 países, lotaram a Sala Paulo VI, no Vaticano, para serem recebidos pelo Papa. A obra está comemorando 100 anos de fundação. No Brasil, as celebrações do centenário da Aliança de Amor acontecem em centenas de catedrais, milhares de paróquias e cidades, do norte ao sul.
O encontro começou às 11h locais (com transmissão ao vivo pela RV) e foram apresentados vídeos sobre as celebrações realizadas pelo Movimento nos últimos dias e dos frutos do carisma da Aliança do Amor, centro da espiritualidade de Schoenstatt. Filmes mostraram a força apostólica da Obra em diferentes âmbitos, países e contextos. Os participantes viram um vídeo sobre dois grandes projetos realizados no Brasil.
Na sequência, o Presidente do Conselho Geral, Padre Heinrich Walter, deu as boas-vindas a todos, especialmente aos cardeais e bispos presentes e aos convidados de outros carismas que vieram a Roma para tomar parte desta audiência. À espera da chegada do Papa, os fiéis rezaram e cantaram, invocando o Espírito Santo.
O encontro com Francisco começou em forma de diálogo, com perguntas e respostas, inspiradas nos cinco temas que acompanharam a preparação das celebrações do Centenário de Schoenstatt, âmbitos nos quais o Movimento trabalha e nos quais “quer continuar a aprender e ouvir o que Deus tem a dizer, por meio do Papa Francisco”.
O primeiro tema abordado foi “A Família como proposta viva e irresistível”. Improvisando, o Papa iniciou dizendo que “a família cristã e o matrimônio nunca foram tão atacados como agora, direta ou transversalmente”. E reiterou que “não se pode reduzir o sacramento do matrimônio a um rito social”. “Casamento é para sempre”, lembrou, ressalvando “que na sociedade, hoje, é comum a cultura do provisório”.
O Papa afirmou que a missão da Igreja é ajudar ‘corpo a corpo’, não fazendo proselitismo, mas acompanhando. “A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração”, disse ainda, citando Bento XVI.
O Pontífice se referiu ainda ao problema da preparação dos jovens casais ao matrimônio: “A primeira coisa é não confundir casamento com festa, simplificando assim o rito; e fazer curso de preparação ao sacramento com duas aulas é um nosso pecado de omissão”, completou.
Em seguida, os membros do Movimento pediram ao Papa que explicasse qual é o seu modo de ver o papel missionário de Maria na Nova Evangelização e na renovação da Igreja. Papa Francesco não tem dúvidas: “Maria é Mãe; uma Igreja sem Maria é um orfanato”.
O terceiro quesito abordado foi a temática juvenil: “Como convidar os jovens a compartilhar conosco uma vida mais plena com Cristo?”. Outra questão verteu sobre a atualidade e seus grandes contrastes: da pobreza às guerras, da situação dos doentes aos sem-casa.
Enfim, o Papa reafirmou: “O que considero mais importante é uma santa liberdade de Espírito, ou seja, não devemos nos trancar em instruções, transformando-nos em ‘caricaturas dos doutores da lei’”, disse o Papa. “Temos que evitar o funcionalismo frenético’. Algumas Conferências Episcopais têm um ‘encarregado’ para cada coisa: é melhor ter menos funcionalismo e mais liberdade interior”.
“A divisão é a primeira arma do Demônio, que existe e age edificando o templo do desencontro”, disse ainda o Papa no encontro com o Movimento Schoenstatt. “Contra o desencontro, temos a cultura da aliança”, exortou, citando a grande intuição do Movimento, que é a Aliança dos homens com a Virgem Maria.
Antes de terminar o encontro, o Papa revelou que desde que lhe foi presenteada, há alguns anos, uma imagem de Nossa Senhora de Schoenstatt, ele a toca todos os dias. E concluindo concedeu a todos a sua benção apostólica e o envio missionário.
(CM)
Fonte: Rádio Vaticano