O novo estilo de comunicação do Papa Francisco
O prefeito do novo Dicastério da Cúria Romana, a Secretaria para a Comunicação, Dom Dario Viganò, lembrou em um artigo publicado no jornal L´Osservatore Romano, dois fatos contados pelo Papa Francisco. Um deles foi sobre um policial de 40 anos que queria fazer uma selfie com ele. O outro, um mês antes, em Sarajevo, quando ele disse aos jovens que, quando eu estava em Buenos Aires e queria ver um filme, ele ia para a sala de televisão da Arquidiocese, e via apenas aquele filme porque a televisão o alienava. E concluiu: “É claro que eu sou da idade da pedra, eu sou velho!”.
O prefeito lembra que “estamos diante de um Papa que não tem medo de enfatizar a distância da cultura na qual nasceu – a que moldou o chamado pensamento linear feito de argumentos”. Mons. Viganò também recordou o Nobel de Literatura, Dario Fo, que disse que a comunicação do Papa Francisco não tem nada a ver com as lógicas pragmáticas com finalidade de seduzir, e menos ainda com as estratégias utilizadas pelos atores.
Então, o que torna tão irresistível o estilo comunicativo de Francisco? Talvez, diz o novo diretor de comunicações do Vaticano, podemos entender isso observando o encontro final do Papa na viagem à América Latina, na Costanera de Assunção, Paraguai, onde aconteceu o encontro com os jovens.
“Mais uma vez, como em outras ocasiões, o Papa fez algumas anotações enquanto os jovens liam seus testemunhos. Em seguida, Francisco se levantou e agradeceu-lhes, como é seu estilo, e iniciou um diálogo de perguntas e repetições, prendendo a atenção da multidão de jovens e deixando de lado o texto preparado”.
Antes de concluir, Francisco disse: “Como eu já sabia as perguntas, porque me enviaram antes, tinha escrito um discurso para vocês, para pronunciá-lo. Mas os discursos são chatos, por isso, deixo-o para o Senhor Bispos, encarregado da juventude para que o publique”.
Ou seja, “o concreto em seus discursos, como aos jovens do Paraguai, é parte de seu estilo de comunicação”, disse o novo prefeito. Além disso, quando se fala para muitas pessoas, algumas frases ficam perdidas, portanto, “é vantajoso repetir o mesmo conceito até duas ou três vezes”.
Além disso, o modo de falar do Papa Francisco “está iniciando a antiga prática de ‘espalhar a voz’, comunicação que por sua vez tem interlocutores estáveis e identificáveis, dando origem a uma rede fundamentada no sabor de um novo encontro entre a humanidade e o Evangelho”.
Fonte: Zenit