Quem faz o bem está com Jesus
Liturgia da Missa – Reflexões para a Mesa da Palavra –
26º Domingo do Tempo Comum – Ano B
A resposta de Jesus é, mais uma vez, surpreendente: “Não o proibais”. Imagine-se a surpresa de João, porta-voz do grupo, como também dos seus companheiros. Supunham terem feito a coisa certa. Como poderiam deixar alguém agindo em nome daquele que seguiam sem que fosse seu seguidor? Muitas vezes aquilo que achamos ser o certo não é, em definitivo, o necessário e muito menos será aquilo capaz de nos levar ao bem.
Esta é uma das passagens mais instigantes e geradoras de incômodo dos Evangelhos. É que este comportamento dos discípulos não se restringe somente àqueles tempos. Continuamos sendo, hoje em dia, tentados a requerer o monopólio da ação de Deus. Diante da postura aberta e tão inclusiva de Jesus, é preciso que nos examinemos para conhecermos até que ponto não estamos sendo, de uma forma ou de outra, exclusivistas enquanto Igreja de Jesus.
Será que também acolhemos o bem sem olhar de quem, ou de onde ele esteja vindo? Ou torcemos o nariz quando descobrimos que sua procedência não é assim tão “pura de origem”? Tal comportamento fará com que, ao invés de combater os demônios, expulsando-os para distante, terminamos nos confundindo, achando que os diabos são aqueles que, como nós, também lutam contra eles.
Jamais podemos nos arvorar em donos do sagrado, ou mais ainda, proprietários de Deus. Ele é sempre maior, mais aberto e inclusivo do que qualquer um de nós. Por mais religiosos que sejamos. Sentir-se assim, donos das coisas de Deus levou-nos no passado, enquanto instituição, a atitudes de exclusivismo em relação a um tanto de gentes (judeus, escravos negros, índios, ciganos…) para as quais tivemos necessidade de pedir perdão. O cuidado que precisamos ter é para que não continuemos fazendo coisas geradoras de sofrimento hoje e que nos obrigarão a repetir esse gesto no futuro.
O nome no sentido bíblico tem um significado muito mais amplo do que hoje é vivenciado. É muito mais que designar um ser humano. O nome possui dentro dele algo, ou mesmo traduz aquele ser que está nomeando. Dizendo de outra maneira poderíamos falar que o nome é a pessoa. Ao falar o nome se está automaticamente trazendo junto o ser designado. Só pode fazer o bem quem está com o Bem e o nome dele (do Bem) é Deus.
Na segunda parte do texto Marcos nos apresenta o Senhor tratando da questão do escândalo. Nesse sentido é preciso ter atenção com dois aspectos. O primeiro, bem óbvio, indica-nos a impropriedade de entendermos essas expressões de arrancar partes do corpo de forma literal. Não é arrancar membros, mas ordenar os afetos e estes se encontram, não do lado de fora do corpo, mas no coração. São as nossas desordens interiores que provocam os escândalos.
O outro ponto a ser visto convida-nos a ampliar o sentido das frases. Os membros podem bem ser aquelas pessoas nas comunidades que escandalizam seus irmãos, principalmente os pequeninos (na aceitação do outro, mais pobres, mais frágeis…) com seus comportamentos e atitudes inadequados.
Tais membros não agem em nome de Jesus. Pior ainda, trabalham contra Ele, e por isto estão como que mortos para e na comunidade. Acaso não sejam amputados a podridão que contêm, se espalhará pelas outras áreas sãs do tecido comunitário.
Pistas para reflexão durante a semana:
– Como reajo àqueles que fazem o bem e que não pertencem ao nosso “redil”?
– Trabalho para uma Igreja mais inclusiva e misericordiosa?
– Que significado tem para mim o Nome do Senhor?