Viagem do Papa Francisco aos EUA
“Deus abençoe a América!”: Francisco despede-se dos EUA
Às 19hs, hora local, o Papa Francisco deixou o Aeroporto de Filadélfia com destino a Roma, a bordo do voo B777 da America Airlines, concluindo a sua 10ª viagem apostólica internacional. No Aeroporto, o Pontífice foi recebido pelo Vice-Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden e família, e ovacionado por cerca de 500 pessoas.
Assista à íntegra do discurso de despedida
Em seu discurso de despedida, dirigido às autoridades, bispos e amigos, Francisco diz que parte “com o coração cheio de gratidão e de esperança”. O Papa agradeceu a todos que “trabalharam ardorosamente para tornar possível e preparar o Encontro Mundial das Famílias”, em particular o Arcebispo Chaput e à Arquidiocese de Filadélfia.
O Papa agradeceu também às famílias que partilharam seus testemunhos durante o Encontro, dizendo “não ser fácil falar abertamente do próprio percurso na vida:
“Porém a sua sinceridade e humildade diante de Deus e de nós mostraram a beleza da vida familiar e toda a sua riqueza e variedade. Rezo para que estes dias de oração e reflexão sobre a importância da família para uma sociedade sadia possam encorajar as famílias a continuar a lutar pela santidade e a ver a Igreja como uma companheira fiel em toda e qualquer prova que tenham de enfrentar”.
O Santo Padre também agradeceu às Arquidioceses de Washington e Nova Iorque, afirmando ter sido “particularmente comovente a canonização de São Junípero Serra, que nos lembra a todos nós a chamada para ser discípulos missionários, bem como parar pessoalmente, junto com irmãos de outras religiões, no Ground Zero, local que recorda de forma eloquente o mistério do mal; mas sabemos com toda a certeza que o mal não terá jamais a última palavra e que, no plano misericordioso de Deus, triunfarão sobre tudo o amor e a paz”.
O Papa pediu ao Vice-Presidente para agradecer ao Presidente Obama e aos membros do Congresso, garantindo suas orações pelo povo americano, “uma terra que foi abençoada com enormes dons e oportunidades. Rezo para que sejais bons e generosos guardiões dos recursos humanos e materiais que vos foram confiados”.
Os momentos de oração em conjunto nas diversas cidades foram destacados, pois revela “a fé da Igreja bem radicada neste país”:
“As atenções que tivestes para comigo e a vossa recepção são sinal do vosso amor e fidelidade a Jesus. E é-o também a solicitude pelos pobres, os doentes e os sem-abrigo, os imigrantes, a vossa defesa da vida em todas as suas fases, bem como a preocupação com a vida familiar. Em tudo isto, reconheceis que Jesus está no meio de vós e que, cuidar um do outro, é solicitude pelo próprio Jesus”.
O Papa exortou a todos, especialmente os voluntários e benfeitores envolvidos no Encontro Mundial das Famílias, que não deixem apagar “o entusiasmo por Jesus, pela sua Igreja, pelas nossas famílias e a família maior da sociedade. Possam estes dias, passados juntos, dar frutos que permaneçam, e a generosidade e solicitude pelos outros possa continuar. Assim como recebemos muito de Deus – dons oferecidos a nós gratuitamente e não merecidos pelas nossas forças –, assim, em troca, procuremos também dar gratuitamente aos outros”.
“Rezarei por vós e vossas famílias, e peço-vos, por favor, para rezardes por mim. Deus vos abençoe a todos. Deus abençoe a América”, concluiu Francisco. (JE)
Papa: O amor exprime-se em pequenas coisas, que fazem com que a vida tenha sabor de casa
“O amor exprime-se em pequenas coisas, na atenção aos detalhes de cada dia que fazem com que a vida tenha sempre sabor de casa”. Com um forte apelo para nos abrirmos “aos milagres de amor”, que superam o “amor mesquinho e desconfiado, fechado em si mesmo”, e à realização dos pequenos gestos cotidianos de amor, o Papa Francisco presidiu a missa conclusiva do VII do Encontro Mundial das Famílias e também desta que foi sua 10ª viagem apostólica internacional.
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Diante de milhares de fieis reunidos no Parque Benjamim Franklin, na Filadélfia, e inspirado na “linguagem alegórica forte” que nos interpela e nas “imagens vigorosas que questionam as nossas reflexões”, propostas pelas leituras do dia, o Santo Padre chamou a atenção para a hostilidade das pessoas que não aceitavam aquilo que Jesus fazia e dizia. Para elas “a abertura de Jesus à fé honesta e sincera de muitas pessoas, que não faziam parte do povo eleito de Deus, parecia intolerável”. Mas a liberdade com que Deus agia – “ultrapassando a burocracia, o oficial e os círculos restritos” – levava ao risco de escandalizar mesmo os discípulos que agiam de boa fé ao tentar proteger as regras – pois “ameaça a autenticidade da fé e por isto deve ser vigorosamente rejeitada”.
Para Jesus, no entanto, “o escândalo intolerável, consiste em tudo aquilo que destrói e corrompe a nossa confiança no modo de agir do Espírito”. “Deus, nosso Pai – disse o Papa – não se deixa vencer em generosidade” e “semeia a sua presença no mundo”, “somos procurados por ele, ele está à nossa espera. É esta confiança que leva o discípulo a estimular, acompanhar e fazer crescer todas as boas iniciativas que existem ao seu redor”:
“Deus quer que todos os seus filhos tomem parte na festa do Evangelho. Não ponhais obstáculo ao que é bom – diz Jesus –, antes pelo contrário, ajudai-o a crescer. Pôr em dúvida a obra do Espírito, dar a impressão de que a mesma não tem nada a ver com aqueles que não são «do nosso grupo», que não são «como nós», é uma tentação perigosa. Não só bloqueia a conversão à fé, mas constitui uma perversão da fé”.
O Papa reitera que a fé “abre a janela à presença operante do Espírito e demonstra-nos que a santidade, tal como a felicidade, está sempre ligada aos pequenos gestos”:
“São gestos mínimos, que uma pessoa aprende em casa; gestos de família que se perdem no anonimato da vida diária, mas que fazem cada dia diferente do outro. São gestos de mãe, de avó, de pai, de avô, de filho. São gestos de ternura, de afeto, de compaixão. Gestos como o prato quente de quem espera para jantar, como o café da manhã de quem sabe acompanhar o levantar na alvorada. São gestos familiares. É a bênção antes de dormir, e o abraço ao regressar duma jornada de trabalho. O amor exprime-se em pequenas coisas, na atenção aos detalhes de cada dia que fazem com que a vida tenha sempre sabor de casa”.
A fé – continuou Francisco – cresce, “quando é vivida e plasmada pelo amor. Por isso, as nossas famílias, as nossas casas são autênticas igrejas domésticas: são o lugar ideal onde a fé se torna vida e a vida se torna fé”. E Jesus – observou ele – nos convida “a não obstaculizar estes pequenos gestos miraculosos; antes, quer que os provoquemos, que os façamos crescer, que acompanhemos a vida como ela se nos apresenta, ajudando a suscitar todos os pequenos gestos de amor, sinais da sua presença viva e operante no nosso mundo”.
E o Santo Padre nos convida a perguntarmo-nos: “Como estamos trabalhando para viver esta lógica nas nossas famílias e nas nossas sociedades? Que tipo de mundo queremos deixar aos nossos filhos?”. Resposta que somente podemos dar junto com a grande família humana, impelidos pelo Espírito Santo:
“A nossa casa comum não pode mais tolerar divisões estéreis. O desafio urgente de proteger a nossa casa inclui o esforço de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. Que os nossos filhos encontrem em nós pontos de referência para a comunhão! Que os nossos filhos encontrem em nós pessoas capazes de se associarem com outras para fazer florir todo o bem que o Pai semeou”.
Nós cristãos, discípulos do Senhor – disse o Papa – pedimos às famílias do mundo que nos ajudem. Somos tantos a participar nesta celebração e isto, em si mesmo, já é algo de profético, uma espécie de milagre no mundo de hoje”:
“Quem dera que fôssemos todos profetas! Quem dera que cada um de nós se abrisse aos milagres do amor a bem de todas as famílias do mundo, para assim podermos superar o escândalo dum amor mesquinho e desconfiado, fechado em si mesmo, sem paciência com os outros. Como seria bom se por todo o lado, mesmo para além das nossas fronteiras, pudéssemos encorajar e apreciar esta profecia e este milagre! Renovemos a nossa fé na palavra do Senhor, que convida as nossas famílias para esta abertura; que convida todos a participarem na profecia da aliança entre um homem e uma mulher, que gera vida e revela Deus”.
Ao concluir, o Papa disse que “toda a pessoa que desejar formar, neste mundo, uma família que ensine os filhos a alegrar-se com cada ação que se proponha vencer o mal – uma família que mostre que o Espírito está vivo e operante –, encontrará a nossa gratidão e a nossa estima, independentemente do povo, região ou religião a que pertença”. (JE)
Papa aos bispos: devemos curar as feridas do nosso tempo
Fizemos da nossa sociedade uma imensa vitrine, atenta apenas aos gostos de alguns “consumidores”, enquanto muito, muitíssimo outros “comem as migalhas que caem da mesa de seus donos”.
Foi o que disse o Papa dirigindo-se aos bispos que participam do Encontro Mundial das Famílias. O encontro teve lugar no Seminário São Carlos Borromeu de Filadélfia, constituindo o primeiro compromisso do Papa este domingo, último dia de sua 10ª Viagem Apostólica Internacional.
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Francisco iniciou afirmando que “a família não é primariamente um motivo de preocupação, mas a feliz confirmação da bênção de Deus à obra-prima da criação.”
Cada dia, em todos os cantos do planeta, a Igreja tem motivos para se alegrar com o Senhor pelo dom daquele povo numeroso de famílias que, mesmo nas mais duras provas, honram as promessas e guardam a fé, destacou o Pontífice.
Ressaltando que a transição de época em que vivemos constitui para a Igreja um desafio pastoral, frisou que a estima e a gratidão devem prevalecer sobre o lamento, apesar de todos os obstáculos que enfrentamos.
Francisco chamou a atenção para a profunda transformação do contexto atual, “que incide sobre a cultura social – e agora também legal – dos laços familiares e que nos afeta a todos, crentes e não-crentes”.
“O cristão não está ‘imune’ das mudanças do seu tempo; e este mundo concreto, com as suas múltiplas problemáticas e possibilidades, é o lugar onde temos de viver, acreditar e anunciar.”
Ainda sobre esse contexto de profunda transformação, o Santo Padre enfatizou que “em tempos passados, vivíamos num contexto social em que as afinidades entre a instituição civil e o sacramento cristão eram substanciais e compartilhadas: os dois estavam interligados e apoiavam-se mutuamente. Agora já não é assim”, observou.
Francisco tomou duas imagens típicas da nossa sociedade para descrever a situação atual: até algum tempo atrás, as conhecidas lojas, pequenos negócios das nossas terras; nas últimas décadas, os grandes supermercados ou centros comerciais.
A cultura atual parece incentivar as pessoas para entrarem na dinâmica de não se prender a nada nem a ninguém. Em seguida explicou:
“É que hoje a coisa mais importante parece ser esta: correr atrás da última tendência ou atividade. E isto também a nível religioso. O consumo é que determina o que é importante hoje. Consumir relações, consumir amizades, consumir religiões, consumir, consumir… Não importa o custo nem as consequências. Um consumo que não gera ligações, um consumo que pouco tem a ver com as relações humanas.”
Feita tal constatação, Francisco disse que uma das principais pobrezas ou raízes de muitas situações contemporâneas é a solidão radical a que se veem forçadas muitas pessoas.
“E assim, indo atrás do que ‘me agrada’, olhando ao aumento do número de ‘seguidores’ numa rede social qualquer, as pessoas seguem a proposta oferecida por esta sociedade contemporânea. Uma solidão temerosa de qualquer compromisso, numa busca frenética de se sentir conhecido.”
Diante de tais realidades o Papa chamou a atenção dos bispos para a necessidade de uma conversão pastoral. Seguindo os passos do Supremo Pastor, Jesus Cristo, “somos convidados a procurar, acompanhar, erguer, curar as feridas do nosso tempo”, exortou.
Em seguida, Francisco propôs, mais uma vez, uma Igreja em saída: “É vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo”.
Como pastores, continuou, “devemos investir as nossas energias não tanto para explicar uma vez e outra os defeitos da atual condição hodierna e os valores do cristianismo, como sobretudo convidar com audácia os jovens a serem ousados na opção do matrimônio e da família”.
Em seguida, Francisco insistiu com veemência sobre qual deve ser a postura do pastor: o pastor vela pelo sonho, a vida, o crescimento das suas ovelhas. “Este ‘velar’ não nasce dos discursos feitos, mas do cuidado pastoral.”
“Só é capaz de velar quem sabe estar ‘no meio’, quem não tem medo das perguntas, do contato, do acompanhamento. O pastor vela, antes de tudo, com a oração, sustentando a fé do seu povo, transmitindo confiança no Senhor, na sua presença.” Viver o espírito desta jubilosa familiaridade com Deus constitui o traço fundamental do estilo de vida do bispo.
Em suas últimas recomendações aos bispos, após ressaltar que o ideal do pastor não é viver sem afetos, Francisco afirmou que “o bom pastor renuncia a afetos familiares próprios, para destinar todas as suas forças – e a graça da sua vocação especial – à bênção evangélica dos afetos do homem e da mulher que dão vida ao desígnio da criação de Deus, a começar pelos afetos perdidos, abandonados, feridos, arrasados, humilhados e privados da sua dignidade”. (RL)
Fora do programa, Papa recebe vítimas de abusos
O Papa Francisco se reuniu na manhã deste domingo (27/09) com vítimas de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja. Ele mesmo o anunciou, antes de iniciar seu discursos aos bispos hóspedes do Encontro Mundial da Família, na capela do Seminário São Carlos Borromeu, em Filadélfia.
“Ficaram gravadas em meu coração as histórias de dor e sofrimento dos menores que foram abusados sexualmente por sacerdotes. Continuo a cobrir-me de vergonha porque pessoas que tinham sob sua responsabilidade o cuidados de menores os violaram e lhes causaram graves danos. Deus chora profundamente. Os crimes e pecados dos abusos sexuais em menores não podem ser mantidos em segredo por mais tempo. Comprometo-me por uma zelante vigilância da Igreja para proteger os menores e prometo que todos os responsáveis prestarão contas”.
Depois de pronunciar estas palavras, que não estavam previstas em seu discurso, Francisco revelou:
“Acabo de me reunir com um grupo de pessoas abusadas, crianças que são ajudadas e acompanhadas aqui em Filadélfia com carinho pelo Arcebispo Chaput”.
Dom Charles Chaput foi nomeado em 2011 para assumir a Igreja na Filadélfia, tendo de gerenciar uma das comunidades mais feridas pelos escândalos de abusos sexuais nos EUA – naquele mesmo ano, por exemplo, 21 padres foram suspensos em decorrência do problema; a maioria dos episódios de abuso teria ocorrido entre as décadas de 1960 e 1980.
No Centro de Imprensa da cidade, diante de centenas de jornalistas, Padre Federico Lombardi acrescentou alguns detalhes sobre a audiência de Francisco com as vítimas, 3 mulheres e 2 homens adultos que sofreram abusos quando eram menores de idade.
O Papa ouviu o testemunho destas pessoas, depois dirigiu-lhes algumas palavras e conversou com cada uma separadamente. Segundo Pe. Lombard, Francisco rezou com o grupo e manifestou o seu sofrimento, sua dor e sua vergonha pelas feridas que lhes foram provocadas por membros do clero ou por colaboradores eclesiais.
“Peço que acreditem que o Santo Padre ouve e acredita em vocês. Sinto profundamente que alguns bispos tenham falhado em sua responsabilidade de proteger as crianças. É muito preocupante saber que em alguns casos, tenham sido os próprios bispos a cometer abusos. Prometo-lhes que seguiremos o caminho da verdade, aonde quer que nos leve. O clero e os bispos serão chamados a prestar contas se abusaram de crianças ou não foram capazes de protegê-las”.
Francisco também agradeceu as vítimas pela contribuição essencial em reestabelecer a verdade e iniciar o caminho da recuperação.
O encontro durou cerca de 40 minutos e terminou com a bênção do Papa.
Filadélfia: Papa exorta presos a uma reintegração moral e social
Após o Encontro com os Bispos, provenientes de diversos países, que participam do VIII Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia, o Santo Padre deixou o Seminário São Carlos Borromeu e se transferiu de helicóptero para a Prisão Curram-Fromhold, a 27 km de distância.
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A penitenciária é dedicada a dois agentes da polícia carcerária, assassinados enquanto prestavam serviço naquela prisão, em 1973. Trata-se do maior cárcere masculino de Filadélfia, inaugurado em 1995, que hospeda quase dois mil e 800 detentos.
O Papa foi recebido pelos responsáveis da penitenciária e pelo capelão, que o acompanharam até o salão, onde estavam reunidos 100 detidos.
Após a saudação do Arcebispo de Filadélfia, Dom Charles Chaput, o Santo Padre pronunciou seu discurso, agradecendo a recepção e a possibilidade de estar ali, compartilhando um momento da vida deles, difícil e cheia de tensões, também para as suas famílias e a própria sociedade.
O Papa disse visitar aquela prisão como pastor, mas sobretudo como irmão, para rezar com eles e encorajá-los. Por isso, citou a passagem evangélica do lava-pés, um nobre gesto de serviço, de humildade, de vida. Jesus procura curar as nossas feridas, as nossas chagas, a nossa solidão. Ele vem ao nosso encontro para nos dar a vida, a dignidade de filhos de Deus, a fé e a esperança.
Em nossa vida, continuou o Pontífice, precisamos sempre ser purificados e encorajados. Neste período de detenção, de modo particular, é necessária uma mão que ajude a reintegração social, desejada por todos: reclusos, famílias, funcionários, políticas sociais e educativas. Uma reintegração que beneficia e eleva o nível moral de todos.
Por isso, o Santo Padre fez votos de que se possa criar novas oportunidades para os presos, seus familiares, os funcionários, enfim, para toda a sociedade. E concluiu:
“Quero encorajá-los a manter esta atitude entre vocês e entre todas as pessoas, que de alguma maneira fazem parte deste Instituto. Sejam artífices de oportunidades, artífices de novos caminhos. Todos temos que ser purificados. Despertemo-nos para a solidariedade. Fixemos os olhos em Jesus que nos lava os pés: Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Que a força do seu amor e da sua Ressurreição seja sempre um meio para a vida nova”. (MT)
Depois do histórico pronunciamento no Congresso dos Estados Unidos, em Washington, esta sexta-feira o Papa Francisco cumpriu mais uma etapa marcante desta sua viagem apostólica ao discursar na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
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Diante de mais de 170 chefes de Estado e de governo, do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, o Pontífice definiu a sua visita como uma continuação daquelas realizadas por seus predecessores: Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.
Francisco reconheceu o esforço das Nações Unidas em dar uma resposta jurídica e política às complexas situações mundiais. “Apesar de serem muitos os problemas graves por resolver, todavia é seguro e evidente que, se faltasse toda esta atividade internacional, a humanidade poderia não ter sobrevivido ao uso descontrolado das suas próprias potencialidades”, constatou o Papa.
O Pontífice falou ainda dos órgãos com capacidade executiva real, como o Conselho de Segurança e Organismos Financeiros Internacionais. Estes, todavia, devem velar pelo desenvolvimento sustentável dos países, e não sufocá-los com sistemas de crédito que levam as populações a maior pobreza, exclusão e dependência.
“Dar a cada um o que lhe é devido, segundo a definição clássica de justiça, significa que nenhum indivíduo ou grupo humano se pode considerar omnipotente, autorizado a pisar a dignidade e os direitos dos outros indivíduos ou dos grupos sociais.”
Laudato si
Todo o pronunciamento de Francisco foi inspirado nas reflexões propostas em sua Encíclica Laudato si. O Papa reforçou dois direitos: o direito à existência da natureza e os direitos da pessoa humana.
“Qualquer dano ao meio ambiente é um dano à humanidade. (…) O abuso e a destruição do meio ambiente aparecem associados com um processo ininterrupto de exclusão. Na verdade, uma ambição egoísta e ilimitada de poder e bem-estar material leva tanto a abusar dos meios materiais disponíveis, como a excluir os fracos e os menos hábeis. A exclusão econômica e social é uma negação total da fraternidade humana e um atentado gravíssimo aos direitos humanos e ao ambiente.”
Cultura do descarte
O Pontífice recordou que os mais pobres são aqueles que mais sofrem esses ataques: são descartados pela sociedade, obrigados a viver de desperdícios e sofrer injustamente as consequências do abuso do ambiente.
Como sinais de esperança, o Papa citou a adoção da «Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável», que a Assembleia Geral começa a debater esta sexta-feira, e a Conferência de Paris sobre as alterações climáticas.
Todavia, advertiu, os compromissos solenemente assumidos não são suficientes. A vontade política, segundo Francisco, deve ser efetiva, prática e constante para preservar o meio ambiente e superar fenômenos como tráfico de seres humanos, drogas e armas, exploração sexual de meninos e meninas, trabalho escravo e terrorismo.
Já as vítimas devem se encontrar em condição de serem protagonistas do seu próprio destino. E a chave para fazê-lo é a educação de meninos e meninas, que são excluídas em alguns lugares.
Francisco ofereceu ainda os indicadores mínimos para que todos vivam com dignidade. Em nível material, são casa, trabalho e terra. Em nível espiritual, é a liberdade do espírito, que inclui a liberdade religiosa, o direito à educação e os outros direitos civis.
Conflitos
A guerra, acrescentou o Pontífice, é a negação de todos os direitos e uma agressão dramática ao meio ambiente. A experiência destes setenta anos de existência das Nações Unidas mostram tanto a eficácia da plena aplicação das normas internacionais, como a ineficácia da sua inobservância. Se respeitada, a Carta das Nações Unidas produz paz. Mas se aplicada quando convém, abre-se uma verdadeira “caixa de Pandora” com forças incontroláveis, que prejudicam seriamente as populações inermes, o ambiente cultural e também o ambiente biológico.
Francisco condenou a proliferação das armas, especialmente as de destruição em massa e as armas nucleares, por contradizer o princípio pacificador da ONU. A corrida armamentista levaria a instituição a se chamar “Nações Unidas pelo medo e a desconfiança”. “É preciso trabalhar por um mundo sem armas nucleares, aplicando plenamente, na letra e no espírito, o Tratado de Não-Proliferação para se chegar a uma proibição total destes instrumentos.”
O Papa renovou seu apelo por uma solução pacífica dos conflitos, principalmente em Ucrânia, Síria, Iraque, Líbia, Sudão do Sul e na região dos Grandes Lagos. “Antes dos interesses de parte, existem rostos concretos. Nas guerras e conflitos, existem pessoas, nossos irmãos e irmãs, que choram, sofrem e morrem. Seres humanos que se tornam material de descarte, enquanto nada mais se faz senão enumerar problemas, estratégias e discussões.”
Narcotráfico
Francisco denunciou ainda a morte silenciosa de milhões de pessoas provocada pelo narcotráfico. “Uma guerra financiada e pobremente combatida. O narcotráfico, por sua própria natureza, é acompanhado pelo tráfico de pessoas, lavagem de dinheiro, tráfico de armas, exploração infantil e outras formas de corrupção. Corrupção que penetrou nos diferentes níveis da vida social, política, militar, artística e religiosa, gerando, em muitos casos, uma estrutura paralela que põe em perigo a credibilidade das nossas instituições.”
Futuro
Para concluir o seu discurso, o Papa citou Paulo VI, para que as suas palavras sejam uma continuação do que foi dito na Assembleia 50 anos atrás: “Eis chegada a hora em que se impõe uma pausa, um momento de recolhimento, de reflexão, quase de oração: pensar de novo na nossa comum origem, na nossa história, no nosso destino comum”.
E deixou o seu apelo às lideranças mundiais: “O tempo presente convida-nos a privilegiar acões que possam gerar novos dinamismos na sociedade e frutifiquem em acontecimentos históricos importantes e positivos. Não podemos permitir-nos o adiamento de ‘algumas agendas’ para o futuro. O futuro exige-nos decisões críticas e globais face aos conflitos mundiais que aumentam o número dos excluídos e necessitados”. (BF)
Em Nova Iorque, Papa faz advertência às comodidades mundanas
O Papa Francisco deixou Washington, nesta quinta-feira (24/09), e se dirigiu para Nova Iorque, onde presidiu a oração das Vésperas com o clero e os religiosos na Catedral de São Patrício.
Antes de iniciar sua homilia, Francisco fez uma saudação aos irmãos muçulmanos por celebrarem hoje o Dia do Sacrifício e expressou seu sentimento de proximidade diante da tragédia em Meca.
“Esta linda catedral de São Patrício, construída ao longo de muitos anos com o sacrifício de tantos homens e mulheres, pode ser um símbolo da obra de gerações de sacerdotes, religiosos e leigos estadunidenses que contribuíram para a edificação da Igreja nos Estados Unidos”, disse Francisco.
Educação
Segundo o pontífice, no campo da educação, muitos sacerdotes e consagrados tiveram um papel central neste país, ajudando os pais a dar aos seus filhos o alimento que os nutre para a vida! Muitos fizeram-no à custa de sacrifícios extraordinários e com caridade heroica. “Penso, por exemplo, em Santa Elizabeth Ann Seton que fundou na América a primeira escola católica gratuita para meninas, ou em São João Neumann, fundador do primeiro sistema de educação católica nos Estados Unidos”, sublinhou o Papa.
“Vim rezar convosco para que a nossa vocação continue construindo o grande edifício do Reino de Deus neste país. Sei que vós, como corpo sacerdotal, diante do Povo de Deus, sofrestes muito num passado não distante suportando a vergonha por causa de muitos irmãos que feriram e escandalizaram a Igreja nos seus filhos mais indefesos. Acompanho-vos neste período de sofrimento e dificuldade; e também agradeço a Deus pelo serviço que realizais acompanhando o Povo de Deus”, disse o pontífice.
Gratidão
O Papa fez duas breves reflexões a fim de ajudar os sacerdotes, religiosos e leigos estadunidenses a prosseguirem no caminho da fidelidade a Jesus Cristo:
“A primeira diz respeito ao espírito de gratidão. A alegria de homens e mulheres que amam a Deus atrai a outros; sacerdotes e consagrados chamados a sentir e irradiar uma satisfação permanente com a sua vocação. A alegria brota dum coração agradecido. Recebemos muito, tantas graças, tantas bênçãos; e alegramo-nos. Far-nos-á bem repassar com a memória as graças da nossa vida. Peçamos a graça da memória para fazer crescer o espírito de gratidão”, sublinhou Francisco.
Laboriosidade
“A segunda reflexão tem a ver com o espírito de laboriosidade. Um coração agradecido é, espontaneamente, impelido a servir o Senhor e a abraçar um estilo de vida diligente. No momento em que nos damos conta de tudo aquilo que Deus nos deu, o caminho da renúncia a si mesmo a fim de trabalhar para Ele e para os outros torna-se um caminho privilegiado de resposta ao seu amor.”
Sabemos, porém, que este espírito de trabalho generoso e sacrifício pessoal pode ser facilmente sufocado. “Há duas maneiras para isso acontecer, sendo ambas exemplo da espiritualidade mundana, que nos enfraquece no nosso caminho de serviço e degrada o enlevo do primeiro encontro com Jesus Cristo”, disse ainda o Papa.
“Podemos ficar encastrados quando medimos o valor dos nossos esforços apostólicos pelo critério da eficiência, do funcionamento e do sucesso externo que governa o mundo dos negócios. O verdadeiro valor do nosso apostolado é medido pelo valor que o mesmo tem aos olhos de Deus”, sublinhou.
Segundo o Papa, “um novo perigo surge quando nos tornamos ciosos do nosso tempo livre, quando pensamos que rodear-nos de comodidades mundanas nos ajudará a servir melhor. O problema, com este modo de raciocinar, é que pode ofuscar a força do chamado diário de Deus à conversão, ao encontro com Ele. Pouco a pouco vai diminuindo o nosso espírito de sacrifício, de renúncia e de laboriosidade”.
Repouso cristão
Francisco recordou que “o repouso é uma necessidade, como o são os momentos de tempo livre e de restauração pessoal, mas devemos aprender a descansar de forma que aprofunde o nosso desejo de servir de modo generoso. A proximidade aos pobres, refugiados, imigrantes, doentes, explorados, idosos que sofrem a solidão, encarcerados e muitos outros pobres de Deus ensinar-nos-á outro tipo de repouso, mais cristão e generoso”.
O Papa manifestou sua admiração e gratidão às consagradas dos Estados Unidos. “Que seria esta Igreja sem vós? Mulheres fortes, lutadoras; com aquele espírito de coragem que vos coloca na linha da frente a anunciar o Evangelho. A vós consagradas, irmãs e mães deste povo, quero dizer «obrigado», um «obrigado» grandíssimo e dizer também que gosto muito de vós.” (MJ)
Papa aos sem-teto: Deus sofre conosco, está ao nosso lado
Após o tão aguardado discurso no Congresso dos EUA, o Papa Francisco teve um encontro por ele muito almejado na visita que fez ao Centro Caritativo da Paróquia de São Patrício, em Washington: um encontro com os últimos, com os excluídos, com aqueles que vivem à margem da sociedade. O Santo Padre encontrou os sem-teto, que o acolheram com alegria e manifestação de grande afeto. Tratou-se de um encontro que, certamente, muito alegrou o coração de Francisco.
Agradecendo aos sem-teto pelo acolhimento, Francisco disse que eles fazem-no lembrar uma pessoa muito importante em sua vida, que lhe serviu de apoio e fonte de inspiração. “Vós fazeis-me lembrar São José. Os vossos rostos falam-me do dele”, disse.
O Papa lembrou que na vida de São José houve situações difíceis de enfrentar e recordou as circunstâncias e o lugar em que Maria deu à luz seu filho primogênito: nascido numa gruta, em Belém, foi envolvido em panos e colocado numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
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O Filho de Deus entrou neste mundo como uma pessoa que não tem casa, ressaltou o Santo Padre.
“Imaginemos as perguntas que José se punha naquele momento: Como é possível? O Filho de Deus não tem um teto para viver? Por que estamos sem casa? Por que estamos sem um teto? São perguntas que muitos de vós podem pôr-se cada dia. Como José, questionais-vos: Por que estamos sem um teto, sem uma casa? Mas tais perguntas, será bom que no-las ponhamos também todos nós: Por que estão sem casa estes nossos irmãos? Não têm um teto, porquê?”
As perguntas de José perduram até hoje, acompanhando todos aqueles que, ao logo da história, viveram e estão sem uma casa, continuou o Pontífice. Sobretudo, José era um homem de fé, frisou Francisco, foi a fé que o sustentou nas dificuldades da sua vida.
“Perante situações injustas, dolorosas, a fé oferece-nos a luz que dissipa a escuridão. Como sucedeu com José, a fé abre-nos à presença silenciosa de Deus em cada vida, em cada pessoa, em cada situação. Ele está presente em cada um de vós, em cada um de nós.”
O Papa disse ainda que “não encontramos qualquer tipo de justificação social, moral ou doutro gênero para aceitar a carência de habitação. São situações injustas, mas sabemos que Deus está a sofrê-las juntamente conosco, está a vivê-las ao nosso lado. Não nos deixa sozinhos”, assegurou o Pontífice.
Jesus não quis apenas ser solidário com cada pessoa. Identificou-se “com todos aqueles que sofrem, que choram, que padecem qualquer tipo de injustiça. Ele no-lo diz claramente: «Tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me» (Mt 25, 35)”.
“Jesus continua a bater às nossas portas, à nossa vida. Não o faz magicamente, nem o faz com truques, com vistosos placares ou fogos-de-artifício. Jesus continua a bater à nossa porta no rosto do irmão, no rosto do vizinho, no rosto de quem vive junto de nós.”
O Santo Padre concluiu refletindo que uma das formas mais eficazes de ajuda a encontramos na oração.
“A oração une-nos, irmana-nos, abre-nos o coração e lembra-nos uma verdade maravilhosa que às vezes esquecemos. Na oração, todos aprendemos a dizer Pai, papai, pelo que nela nos encontramos como irmãos. Na oração, não há ricos e pobres; há filhos e irmãos. Na oração, não há pessoas de primeira classe ou segunda; há fraternidade.” (RL)
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Francisco faz pronunciamento histórico no Congresso dos EUA
No Congresso dos Estados Unidos, em Washington, o Papa pronunciou esta quinta-feira (24/09) um de seus mais importantes discursos desta 10ª viagem apostólica internacional.
Tratou-se de uma visita inédita, pois Francisco é o primeiro Pontífice a dirigir-se aos membros do Senado e da Câmara estadunidenses. Por representarem a nação, o pronunciamento do Papa aos políticos constitui um “diálogo” com todo o povo dos Estados Unidos, enredado a partir de quatro personalidades que marcaram a história do país: Abraham Lincoln, Martin Luther King, Dorothy Day e Thomas Merton.
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Liberdade
Citando o “guardião da liberdade”, Abraham Lincoln, Francisco advertiu para dois perigos que assolam o mundo: o fundamentalismo e o reducionismo simplista.
Quanto ao fundamentalismo, o Papa afirmou que esta pode ser inclusive religiosa e pediu “equilíbrio” para se combater a violência perpetrada em nome de uma religião, de uma ideologia ou de um sistema econômico. Já o reducionismo simplista divide o mundo em dois polos: o bem e mal, ou justos e pecadores. “Sabemos que, na ânsia de nos libertar do inimigo externo, podemos ser tentados a alimentar o inimigo interno. Imitar o ódio e a violência dos tiranos e dos assassinos é o modo melhor para ocupar o seu lugar.”
Francisco propõe coragem e inteligência para se resolver as muitas crises econômicas e geopolíticas de hoje, em que os países desenvolvidos também sentem as consequências. Para estar a serviço da pessoa, recordou, a política não pode se submeter à economia e à finança.
Imigração
A luta de Martin Luther King por plenos direitos para os afro-americanos levou o Papa a falar dos imigrantes. “Aquele sonho continua a inspirar-nos”, disse Francisco, citando a maior “crise de refugiados” desde os tempos da II Guerra Mundial.
“Também neste continente, milhares de pessoas sentem-se impelidas a viajar para o Norte à procura de melhores oportunidades. Porventura não é o que queríamos para os nossos filhos? Não devemos deixar-nos assustar pelo seu número, mas antes olhá-los como pessoas, procurando responder o melhor que pudermos às suas situações”, ressaltou o Pontífice, reafirmando o valor da regra de ouro: «O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles» (Mt 7, 12).”
Pena de morte
“Se queremos segurança, demos segurança; se queremos vida, demos vida; se queremos oportunidades, providenciemos oportunidades. A medida que usarmos para os outros será a medida que o tempo usará para conosco.” Para Francisco, isso vale também para a pena de morte, cuja abolição representa a melhor via.
“Recentemente, os meus irmãos bispos aqui nos Estados Unidos renovaram o seu apelo pela abolição da pena de morte. Não só os apoio, mas encorajo também todos aqueles que estão convencidos de que uma punição justa e necessária nunca deve excluir a dimensão da esperança e o objetivo da reabilitação.”
Pobreza e degradação ambiental
O engajamento da Serva de Deus Dorothy Day, que fundou o Movimento Operário Católico, inspirou o Papa a falar da justiça, da pobreza e de suas causas, entre as quais a distribuição da riqueza e a degradação ambiental.
Citando sua Encíclica Laudato si, Francisco exortou os políticos e o povo estadunidense a “mudar de rumo”.
“Estou convencido de que podemos fazer a diferença e não tenho dúvida alguma de que os Estados Unidos – e este Congresso – têm um papel importante a desempenhar. Agora é o momento de empreender ações corajosas e uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza.”
Conflitos
Por fim, o Papa citou o testemunho do monge cisterciense Thomas Merton para falar da necessidade do diálogo.
Aludindo à reaproximação dos Estados Unidos com Cuba, Francisco “saudou” os esforços que se fizeram nos últimos meses para procurar superar “diferenças históricas” ligadas a episódios “dolorosos do passado”. “É meu dever construir pontes e ajudar, por todos os modos possíveis, cada homem e cada mulher a fazerem o mesmo”, afirmou, destacando que medidas do gênero exigem coragem e audácia.
Comércio de armas
Comprometer-se com o diálogo, acrescentou, significa acabar com tantos conflitos armados em todo o mundo. Francisco é claro e não usa meias-palavras: “Por que motivo se vendem armas letais àqueles que têm em mente infligir sofrimentos inexprimíveis a indivíduos e sociedade? Infelizmente a resposta, como todos sabemos, é apenas esta: por dinheiro; dinheiro que está impregnado de sangue, e muitas vezes sangue inocente. Perante este silêncio vergonhoso e culpável, é nosso dever enfrentar o problema e deter o comércio de armas”.
Famílias
O Papa concluiu seu discurso falando do motivo que o levou aos Estados Unidos, isto é, o Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia.
O Pontífice declara-se preocupado com as ameaças que a instituição familiar está recebendo, falando de modo especial dos jovens, que parecem desorientados e sem meta. “Os seus problemas são os nossos problemas. Não podemos evitá-los. (…) Deus abençoe a América!”
(BF)
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Papa: São Junípero soube viver aquilo que é a Igreja em saída
O Papa Francisco presidiu, nesta quarta-feira (23/9) à missa de canonização do Beato Pe. Junípero Serra, apóstolo da Califórnia, no Santuário Nacional da Imaculada Conceição, em Washington.
“Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!” Um convite que toca fortemente a nossa vida. Alegrai-vos – diz-nos São Paulo, com a força quase duma ordem. Um convite no qual ecoa o desejo de que todos experimentemos uma vida plena, uma vida que tenha sentido, uma vida jubilosa. É como se Paulo tivesse a capacidade de ouvir cada um dos nossos corações e desse voz àquilo que sentimos, àquilo que vivemos. Há algo dentro de nós que nos convida à alegria, não nos contentando com paliativos que procuram simplesmente tranquilizar-nos”, disse Francisco.
“Por outro lado, vivemos as tensões da vida diária”, frisou o pontífice. “Muitas são as situações que parecem pôr em dúvida este convite. A dinâmica, a que muitas vezes estamos sujeitos, parece levar-nos a uma resignação triste que pouco a pouco se vai transformando num hábito com uma consequência letal: anestesiar o coração.”
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“Não queremos que a resignação seja o motor da nossa vida; ou será que queremos? Não queremos que a rotina se apodere da nossa vida; ou sim? Por isso podemos questionar-nos: como proceder para que não se anestesie o nosso coração? Como aprofundar a alegria do Evangelho nas várias situações da nossa vida?”, perguntou o Papa.
Anunciar
“O espírito do mundo nos convida ao conformismo, à comodidade. Perante este espírito mundano é necessário voltar a sentir que precisamos uns dos outros, que temos uma responsabilidade para com os outros e o mundo, a responsabilidade de anunciar a mensagem de Jesus. Porque a fonte da nossa alegria situa-se naquele desejo inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia infinita do Pai e a sua força difusiva. Ide ter com todos, a fim de anunciar ungindo e ungir anunciando.”
“A isto, nos convida hoje o Senhor dizendo: A alegria, o cristão experimenta-a na missão: ide ter com os povos de todas as nações. A alegria, o cristão encontra-a num convite: ide e anunciai. A alegria, o cristão renova-a e atualiza-a com uma vocação: ide e ungi. Envia-vos a todas as nações, a todos os povos. E, neste todos de há dois mil anos, estávamos incluídos também nós. Jesus não dá uma lista seletiva com aqueles a quem se deve ir e a quem não ir, com aqueles que são dignos, ou não, de receber a sua mensagem, a sua presença. Pelo contrário, abraçou sempre a vida como esta Lhe aparecia: com cara de tristeza, fome, doença, pecado; com cara de ferimentos, sede, cansaço; com cara de dúvidas e de fazer piedade.”
“Longe de esperar uma vida embelezada, decorada, maquiada, abraçou-a como a encontrava; mesmo que fosse uma vida que muitas vezes se apresentava arruinada, suja, destroçada. A todos – disse Jesus –, ide e anunciai; a toda esta vida, tal como é e não como gostaríamos que fosse: ide e abraçai no meu nome.”
Cura
“Ide pelas encruzilhadas dos caminhos, ide… anunciar, sem medo, sem preconceitos, sem superioridade nem purismos; a todos aqueles que perderam a alegria de viver, ide anunciar o abraço misericordioso do Pai. Ide ter com aqueles que vivem com o peso da tristeza, do fracasso, da sensação duma vida destroçada, e anunciai a loucura dum Pai que procura ungi-los com o óleo da esperança, da salvação. Ide anunciar que os erros, as ilusões enganadoras, as incompreensões não têm a última palavra na vida duma pessoa. Ide com o óleo que cura as feridas e restabelece o coração.”
“A missão nunca nasce dum projeto perfeitamente elaborado ou dum manual bem estruturado e programado; a missão nasce sempre duma vida que se sentiu procurada e curada, encontrada e perdoada. A missão nasce de se fazer uma, duas e mais vezes a experiência da unção misericordiosa de Deus”, disse ainda Francisco.
“A Igreja, o povo santo de Deus, sabe percorrer as estradas poeirentas da história, frequentemente permeadas por conflitos, injustiças, violência, para ir encontrar os seus filhos e irmãos. O santo povo fiel de Deus não teme o erro; teme o fechamento, a cristalização em elite, o agarrar-se às próprias seguranças. Sabe que o fechamento, nas suas múltiplas formas, é a causa de tantas resignações. Por isso saiamos, vamos oferecer a todos a vida de Jesus Cristo. O povo de Deus sabe envolver-se, porque é discípulo d’Aquele que Se ajoelhou diante dos seus, para lhes lavar os pés.”
Tradição
“Hoje encontramo-nos aqui, porque houve muitos que tiveram a coragem de responder a este chamado; muitos que acreditaram que na doação a vida se fortalece, e se enfraquece no comodismo e no isolamento. Somos filhos da ousadia missionária de muitos que preferiram não se fechar nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta. Somos devedores duma Tradição, duma cadeia de testemunhas que tornaram possível que a Boa Nova do Evangelho continue a ser, de geração em geração, Nova e Boa.”
“Hoje, recordamos uma daquelas testemunhas que souberam testemunhar nestas terras a alegria do Evangelho: Padre Junípero Serra. Soube viver aquilo que é «a Igreja em saída», esta Igreja que sabe sair e ir pelas estradas, para partilhar a ternura reconciliadora de Deus. Soube deixar a sua terra, os seus costumes, teve a coragem de abrir sendas, soube ir ao encontro de muitos aprendendo a respeitar os seus costumes e as suas características.”
Esperança
Francisco disse que que o Apóstolo da Califórnia, “aprendeu a gerar e acompanhar a vida de Deus nos rostos daqueles que encontrava, tornando-os seus irmãos. Junípero procurou defender a dignidade da comunidade nativa, protegendo-a de todos aqueles que abusaram dela; abusos que hoje continuam a encher-nos de pesar, especialmente pela dor que provocam na vida de tantas pessoas”.
“Escolheu um lema que inspirou os seus passos e plasmou a sua vida: «Sempre avante». Soube-o dizer, mas sobretudo viver. Esta foi a maneira que Junípero encontrou para viver a alegria do Evangelho, para que não se anestesiasse o seu coração. Foi sempre avante, porque o Senhor espera; sempre avante, porque o irmão espera; sempre avante por tudo aquilo que ainda tinha para viver; foi sempre avante. Como ele então, possamos também nós hoje dizer: sempre avante”, concluiu Francisco. (MJ)
Papa aos bispos dos EUA: “O diálogo é o nosso método”
O Papa Francisco encontrou-se com os bispos dos Estados Unidos na manhã desta quarta-feira (23/9), na Catedral de São Mateus, na capital estadunidense. Em um discurso aberto e acolhedor, Francisco disse que o “coração do Papa dilata-se para incluir a todos”.
O Pontífice disse que vem “de uma terra que também é americana”, compartilhou com os irmãos no episcopado uma série de reflexões “oportunas para a nossa missão” e falou sobre a superação da chaga dos abusos sexuais cometidos por integrantes do clero.
Superação da ferida dos abusos
“Tenho consciência da coragem com a qual vocês enfrentaram os momentos obscuros do percurso eclesial, sem temer autocríticas nem poupar-se de humilhações e sacrifícios, sem ceder ao temor de despojar-se do que é supérfluo, contanto que se recuperasse a credibilidade e confiança inerente aos Ministros de Cristo”, disse Francisco
E acrescentou:
“Sei quanto pesou a ferida dos últimos anos e acompanhei o esforço de vocês para curar as vítimas – conscientes de que, curando, também nós ficamos curados – e para continuar a agir a fim de que tais crimes nunca mais se repitam”.
Narcisismo que cega
Ao afirmar que a Igreja de Roma preside na caridade e, como Bispo de Roma, guarda a unidade da Igreja no mundo inteiro, Francisco convidou os bispos a “velar também sobre nós para fugirmos da tentação do narcisismo, que cega os olhos do pastor, torna irreconhecível a sua voz, e estéril o seu gesto”.
“Certamente é útil ao bispo possuir a clarividência do líder e a esperteza do administrador, mas decaímos inexoravelmente quando confundimos a potência da força com a força da impotência, através da qual Deus nos redimiu”, advertiu o Papa.
Diálogo: o método dos pastores
Ao reiterar que os bispos são defensores da “cultura do encontro”, o Pontífice garantiu que não mede esforços ao incentivar o diálogo – “o método dos Pastores”.
“Não temam o êxodo que é necessário em cada diálogo autêntico”, sublinhou o Papa.
Diante “da solidão das nossas fadigas”, Francisco convidou os bispos a entrar na mansidão e humildade de Jesus por meio da contemplação do Seu agir, para introduzir na Igreja “a suavidade do jugo do Senhor”, diante da rígida ansiedade do sucesso que, muitas vezes, “esmaga o nosso povo”.
Alicerce de unidade
Ao recordar que a missão episcopal é, primariamente, a de “cimentar a unidade” cujo conteúdo é determinado pela Palavra de Deus, Francisco disse que em um mundo “transtornado que busca novos equilíbrios de paz”, parte essencial da missão dos bispos é “oferecer aos Estados Unidos da América o fermento humilde e poderoso da comunhão”.
Migrantes latino-americanos
Por fim, o Papa fez duas recomendações aos bispos: para que sejam “pastores servidores próximos das pessoas” e para que acolham sem medo os migrantes latinos que chegam em muitas das dioceses dos EUA.
“Como Pastor vindo do Sul, sinto a necessidade de lhes encorajar e agradecer. Talvez não seja fácil ler a alma dos migrantes, talvez vocês se sintam desafiados pela sua diversidade. No entanto, eles também possuem recursos para compartilhar. Por isso, acolham os migrantes sem medo. Ofereçam a eles o calor do amor de Cristo e assim vocês vão decifrar o mistério do seu coração”, finalizou Francisco. (RB)
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Papa na Casa Branca: proteger os excluídos que batem com força às portas de casa
Como primeiro compromisso desta quarta-feira (23) nos Estados Unidos, Papa Francisco, recebido no país como chefe de Estado, chegou à Casa Branca num carro simples e foi recepcionado pelos anfitriões Barack Obama e sua esposa Michelle. Cerca de 20 mil pessoas acompanharam a cerimônia de boas-vindas no parque localizado ao sul da residência oficial do presidente. Entre os presentes, cardeais e bispos estadunidenses.
Depois das honras militares e da execução dos hinos do Vaticano e dos EUA, o presidente Barack Obama começou sua saudação de boas-vindas, enaltecendo o dia lindo que recebia o Papa no país e, em nome da família, agradeceu oficialmente a visita. “O nosso jardim não está sempre assim lotado”, brincou Obama, “mas o espírito e o tamanho do encontro de hoje é um pequeno exemplar dos 70 milhões de católicos dos EUA. Reflete também a sua mensagem de amor e fé”, disse o presidente ao Papa, uma mensagem que chega às pessoas do mundo inteiro.
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“Hoje temos muitas primeiras ocasiões”, acrescentou o presidente dos Estados Unidos: “o senhor é o primeiro Papa das Américas. Esta é a sua primeira visita aos EUA. E o senhor também é o primeiro Papa a compartilhar a Encíclica pelo twitter”.
Obama, então, sublinhou que todos os estadunidenses sabem do papel que a Igreja católica tem no país. Inclusive o próprio presidente, quando lembrou do tempo em que morava em Chicago e trabalhava com os pobres: “Pude testemunhar isso todos os dias com as irmãs e os sacerdotes que alimentavam as famílias, com a fé de tantos. Da Argentina ao Quênia, a Igreja está presente em diversas atividades”, enalteceu Obama sobre uma Igreja que quer quebrar as correntes da pobreza.
Justiça social
“Precisamos tirar os pobres da pobreza e os marginalizados das ruas. Lutar contra a desigualdade, porque todos somos feitos à imagem de Deus. A mensagem mais poderosa de Deus é a misericórdia”, disse Obama ao enfatizar a compaixão e o amor que todos precisamos ter por quem sofre, citando refugiados, imigrantes, cristãos perseguidos, igrejas destruídas. “Ajudar eles é imperativo pela paz!”.
Em público, então, Barack Obama agradeceu a mediação do Papa entre as negociações entre Cuba e EUA: “agradecemos pelo novo início com o povo cubano e vamos manter a promessa de manter uma melhor relação entre os nossos países”. O presidente também agradeceu pela voz ativa do Papa contra os conflitos armados e os sinais da guerra, pela proteção tanto do planeta e como dos mais vulneráveis devido às mudanças climáticas. “O senhor está nos sacudindo pra gente acordar! O senhor mexe com a nossa consciência”, finalizou Obama em sua saudação de boas-vindas ao Papa.
Obama
Já no seu primeiro discurso nos Estados Unidos, em uma das “primeiras ocasiões” como salientou Obama, Francisco disse se sentir feliz, “como filho de uma família de imigrantes, por ser hóspede nesta nação, que foi construída em grande parte por famílias semelhantes”.
Sobre a visita ao Congresso dos Estados Unidos, o Santo Padre falou que espera encorajar “todos aqueles que são chamados a guiar o futuro político da nação com fidelidade aos seus princípios fundadores”. Já sobre a ida à Filadélfia para o VIII Encontro Mundial das Famílias, o Papa comentou que irá “para celebrar e apoiar as instituições do matrimônio e da família, neste momento crítico da história da nossa civilização”.
Sociedade de paz
Ao se referir aos católicos dos Estados Unidos, Papa Francisco reiterou a construção de uma sociedade tolerante e inclusiva, “na defesa dos direitos dos indivíduos e das comunidades, e rejeitando qualquer forma de discriminação injusta”.
“A liberdade religiosa permanece como uma das conquistas mais valiosas da América. E, como os meus irmãos bispos dos Estados Unidos nos lembraram, todos somos chamados a vigiar, precisamente como bons cidadãos, para preservar e defender essa liberdade de tudo que possa colocá-la em perigo ou comprometê-la.”
Medida contra mudanças climáticas
Ao se dirigir ao presidente Obama, o Santo Padre considerou promissor o fato de ele ter proposto uma iniciativa para a redução da poluição do ar.
“A história nos colocou num momento crucial quanto ao cuidado da nossa ‘casa comum’. Mas ainda estamos em tempo de empreender mudanças que assegurem ‘um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar’ (Enc. Laudato si’, 13). São mudanças que exigem de nós um reconhecimento sério e responsável do tipo de mundo que podemos deixar não só aos nossos filhos, mas também aos milhões de pessoas sujeitas a um sistema que as tem negligenciado. A nossa casa comum foi parte deste grupo de excluídos que grita aos céus e que hoje bate com força às portas das nossas casas, cidades e sociedade.”
Martin Luther King
Papa Francisco citou Martin Luther King ao afirmar “que estivemos em falta quanto a alguns compromissos e, agora, chegou a hora de honrâ-los”. Além do “cuidado consciente e responsável da nossa casa comum”, o Santo Padre pontuou o caminho da reconciliação, da justiça e da liberdade através dos “esforços feitos recentemente para reconciliar relações que haviam sido rompidas e para a abertura de novas vias de cooperação dentro da família humana”.
“Almejo que todos os homens e mulheres de boa vontade desta grande e próspera nação apoiem os esforços da comunidade internacional para proteger os mais vulneráveis no nosso mundo e promover modelos integrais e inclusivos de desenvolvimento, de modo que, em todo o lado, os nossos irmãos e irmãs possam conhecer as bênçãos da paz e da prosperidade que Deus deseja para todos os seus filhos.”
Com o Coro da Arquidiocese de Washington que finalizava a cerimônia de boas-vindas, o Papa Francisco e o presidente Barack Obama se dirigiram para um encontro privado na Sala Oval da Casa Branca. Além da apresentação de familiares e fotos oficiais, houve troca de presentes: o Pontífice deu a Obama um quadro com a insígnia em bronze do VIII Encontro Mundial das Famílias de Filadélfia, com o mesmo desenho da medalha pontifícia preparada para a viagem apostólica. (AC)
Grande emoção na chegada do Papa a Washington
Acolhido por uma longa salva de palmas e gritos de entusiasmo, o Papa Francisco aterrou nesta terça-feira (22/09) às 15h49 hora local de Washington na base militar estadunidense de Saint Andrew.
Assista a um resumo em vídeo da chegada do Papa aos EUA
Após ser recebido, ainda à bordo, pelo Núncio Apostólico nos EUA, Carlo Maria Viganò, Francisco desceu as escadas do avião sem o solidéu, por causa do forte vento, e tocando o chão do país pela primeira vez, foi acolhido pelo Presidente Barak Obama.
Com a primeira-dama Michelle e as filhas Malia e Sasha, sorridentes e emocionadas, o Presidente cumprimentou longamente o Pontífice, apresentando-lhe também a sogra, Marian Robinson.
Como fato bastante incomum, também o vice-Presidente Joe Biden e família presenciaram a chegada do Papa. Por razões de segurança, é raro que as duas máximas autoridades do país compareçam simultaneamente em um evento público.
Em seguida, o Pontífice cumprimentou o Cardeal-arcebispo de Washington, Donald Wuerl, representantes da Igreja local e recebeu flores de 4 crianças alunas de escolas católicas da arquidiocese.
Francisco entrou em uma saleta para um breve encontro a portas fechadas com o Presidente Obama e deixou a base em um Fiat 500L com placa SCV-1, usada em diferentes veículos para identificar o automóvel utilizado pelo Papa.
Após dormir na Nunciatura da cidade, o Papa inicia quarta-feira (23/09) seus compromissos oficiais. Logo pela manhã, haverá a cerimônia oficial de boas-vindas, na Casa Branca, e a audiência privada com o Presidente Obama, na Sala Oval.
Ao meio-dia, encontra-se com os bispos da Conferência Episcopal dos EUA. À tarde, Francisco preside a missa de canonização de Junípero Serra – frade franciscano missionário – na Basílica do Santuário Nacional da Imaculada Conceição.
(CM)
Fonte: Rádio Vaticano
Leia a íntegra dos discursos do Papa em Cuba e EUA, na página da Santa Sé