Qual é a minha comunidade?
Estamos pelo Batismo e Eucaristia reunidos, congregados, pela comunhão estabelecida com Cristo.
É possível ser cristão e não sentir-se vinculado a uma comunidade de fé? Dentre as várias formas de agregar as pessoas, de maneira real ou virtual, existe aquela ligada à fé que professamos. Ela tem características próprias. É a comunidade dos seguidores de Jesus Cristo. “A presença do Espírito Santo garante que a comunidade cristã não seja reduzida a uma realidade sociológica ou psicológica, como se fosse apenas um grupo que se reúne para atender às suas necessidades ou para fazer o bem.” (CNBB, Comunidade de Comunidades, uma nova paróquia, n.152). A comunidade cristã é uma realidade que tem sua fonte, seu modelo e sua meta da Santíssima Trindade. Então, sem uma comunidade não há como viver a experiência cristã, pois estamos pelo Batismo e pela Eucaristia reunidos, congregados, pela comunhão que todos estabelecemos com Cristo. A “comunidade de fiéis indica a união, a partir da fé, daqueles que são batizados e estão em plena comunhão com a Igreja” (CNBB, Comunidade de Comunidades, uma nova paróquia, n.172). Nossos vínculos comunitários se fundam em Deus e se expressam de vários modos: celebrações, acolhida, amizade, compaixão, colaboração, entre outros.
Comunidade como casa dos cristãos
Quando nossas comunidades têm muitas estruturas organizativas, com facilidades se tornam frias. Não conseguem acolher bem as pessoas. Assim, os fiéis têm mais dificuldade de dizer, com alegria, “esta é a minha comunidade”. Sentir a ligação, a pertença, como membro ativo e colaborador. Por isso, a Igreja no Brasil está propondo que sejam constituídas “pequenas comunidades”, sem muita estrutura, mas com muita vivência, oração e missionariedade. Usa-se a expressão “casa dos cristãos”. “A ideia da comunidade como casa fornece o conceito de lar, ambiente de vida, referência e aconchego de todos que transitam pelas estradas da vida.” (CNBB, Comunidade de Comunidades, uma nova paróquia, n.178). Sugere uma comunidade mais acolhedora, mais próxima, mais misericordiosa. É preciso possibilitar a experiência dos cristãos sentirem-se “em casa” em sua comunidade e verem os demais membros como “irmãos e irmãs” da mesma família que formamos em Cristo.
Casa da Palavra, da Eucaristia e da Caridade
A comunidade cristã é, em primeiro lugar, a “casa da Palavra.” Em torno da Palavra os cristãos se reúnem. Por meio dela, escutam a voz de Deus que fala ao seu povo. Ela aquece o coração dos discípulos (cf. Lc 24,32) e permite um contínuo encontro com Cristo vivo, que caminha conosco. É a “casa da Eucaristia”, pois a Palavra ilumina e a Eucaristia cria comunhão e nos envia em missão. O refrão de um belo hino eucarístico resume bem: “O Pão da Vida, a comunhão, nos une a Cristo e aos irmãos. E nos ensina a abrir as mãos, para partir, repartir o pão.” Mas, se faltar a caridade, não será uma comunidade cristã. É, também, a “casa da caridade”, dentro da comunidade e na sociedade, pois a vida cristã não resume nas relações internas da comunidade, mas, como um rio transborda suas águas e produz vida onde chega (cf. Ez 47,9). É a presença pública dos cristãos na sociedade, na promoção e defesa da vida, sobretudo dos mais sofredores.
Qual é a minha comunidade? Superemos, aos poucos, a visão de comunidade como sociedade, ou clube, ou prestadora de serviços. Para o cristão, a comunidade é tão vital quanto a água para o peixe. É a casa dos irmãos e irmãs na fé!
Fonte: CNBB