Papa Francisco: ser consagrado não é um status social
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (01/02), na Sala Paulo VI, no Vaticano, os participantes do Jubileu da Vida Consagrada.
O Pontífice disse aos consagrados que eles são chamados a proclamar a realidade de Deus sobretudo com suas vidas e não somente com palavras. “Religiosos e religiosas, homens e mulheres consagrados ao serviço do Senhor que exercem na Igreja a estrada de uma pobreza forte, de um amor casto que os leva a uma paternidade e maternidade espiritual para toda a Igreja, uma obediência”, disse Francisco ressaltando três elementos: profecia, proximidade e esperança.
“A profecia é dizer às pessoas que existe um caminho de felicidade, grandeza, uma estrada que nos enche de alegria, que é o caminho de Jesus. É o caminho de estar próximo a Jesus. A profecia é um dom, um carisma que se deve pedir ao Espírito Santo. Profecia significa que existe algo de verdadeiro, belo, grande e bom ao qual todos somos chamados.”
Papa Francisco \ Angelus
Angelus: Converter-nos de um deus dos milagres ao milagre de Deus, Jesus Cristo
“Que Maria nos ajude a nos converter de um deus dos milagres ao milagre de Deus, que é Jesus Cristo”. O Papa Francisco, no Angelus deste IV Domingo do Tempo Comum, refletiu sobre a pouca fé daqueles que necessitam de milagres para acreditar e advertiu para a tentação de considerar a religião “como um investimento humano”, que leva à negociar com Deus, buscando o próprio interesse.
Inspirado na narrativa de Lucas, proposta pela Liturgia do dia, o Papa ressaltou as palavras de Jesus de que “nenhum profeta é bem recebido em sua terra”, após deparar-se com as murmurações de seus conterrâneos que queriam vê-lo realizar prodígios e milagres. Ao não fazer isto, “sentem-se ofendidos e querem jogá-lo no precipício”. “A narrativa de Lucas – explica Francisco – revela a tentação à qual o homem religioso está sempre exposto”:
“Esta passagem do evangelista Lucas não é simplesmente a narrativa de uma discussão entre companheiros, como às vezes acontece também nos nossos bairros, suscitada por invejas e por ciúmes, mas revela uma tentação à qual o homem religioso está sempre exposto – todos nós estamos expostos – e da qual é necessário tomar distância com decisão: a tentação de considerar a religião como um investimento humano e, por consequência, começar a “fazer contratos” com Deus, buscando o próprio interesse”.
Pelo contrário – observa – “na verdadeira religião trata-se de acolher a revelação de um Deus que é Pai e que tem cuidado por cada uma de suas criaturas, mesmo daquela menor e insignificante aos olhos dos homens”:
“Precisamente nisto consiste o ministério profético de Jesus: em anunciar que nenhuma condição humana pode constituir motivo de exclusão – nenhuma condição humana pode ser motivo de exclusão – do coração do Pai e que o único privilégio aos olhos de Deus é o de não ter privilégios. O único privilégio aos olhos de Deus é o de não ter privilégios, de não ter padrinhos, de estar abandonados nas suas mãos”.
O Santo Padre reitera que o “hoje” do “cumprimento das Escrituras” recorda a todos a necessidade da salvação trazida por Jesus à humanidade:
“Deus vem ao encontro dos homens e das mulheres de todos os tempos e lugares, na situação concreta em que estes se encontram. Vem também ao nosso encontro. É sempre ele que dá o primeiro passo: vem visitar-nos com a sua misericórdia, levantar-nos da poeira dos nossos pecados, vem estender-nos a mão para tirar-nos do abismo em que o nosso orgulho nos fez cair, e nos convida a acolher a consoladora verdade do Evangelho e a caminhar pelo caminho do bem. Mas é sempre ele que vem nos encontrar, nos procurar”.
Ao concluir, Francisco recorda que Maria também estava na Sinagoga, e ao ver “Jesus antes admirado, depois desafiado, depois insultado, ameaçado de morte”, tem uma “pequena antecipação” daquilo que sofrerá na cruz:
“Em seu coração, pleno de fé, ela guardava cada coisa. Que ela nos ajude a nos converter de um deus dos milagres ao milagre de Deus, que é Jesus Cristo”.
Após a oração do Angelus, o Papa dedicou sua oração ao doentes de hanseníase, cujo Dia Mundial é celebrado este domingo.
Francisco, ladeado por dois adolescentes, também saudou os inúmeros jovens da Ação Católica presentes na Praça São Pedro, na sua “caravana de paz”. Uma jovenzinha leu uma mensagem agradecendo ao Papa – o “maquinista do trem” em que viajam – e contou da iniciativa da coleta realizada em favor dos migrantes jovens como eles. Ao final, foram soltos balões coloridos na praça. (JE)
Papa: “Pobres e marginalizados, os mais atingidos pela hanseníase”
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Após recitar o Angelus este domingo, 31, o Papa recordou que neste domingo celebra-se o Dia Mundial dos Doentes de Hanseníase, e que as pessoas mais atingidas são os pobres e marginalizados:
“Celebra-se hoje o Dia Mundial dos doentes de hanseníase. Esta doença, mesmo estando regredindo, infelizmente atinge sobretudo as pessoas mais pobres e marginalizadas. É importante manter viva a solidariedade para com estes irmãos e irmãs, que ficaram inválidos após esta doença. A eles asseguremos a nossa oração e asseguremos o nosso apoio a quem os assiste. Bravos leigos, bravas irmãs, bravos sacerdotes”.
De fato, neste domingo é celebrado o 63º Dia Mundial dos Doentes de Hanseníase, com o tema “Viver é ajudar a viver”. O Presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Agentes Sanitários, Dom Zygmunt Zimowski, divulgou uma mensagem pela recorrência onde reitera, que a data, é “uma nova ocasião para prosseguir a luta contra este terrível mal, assim como para debelar o ostracismo que frequentemente deixa sinais inconfundíveis nas pessoas infectadas”. (JE)