Paloma Ovejero, primeira mulher na cúpula da Sala de Imprensa

Publicado em 15/07/2016 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


 

“Ah, uma galega no Vaticano!”, disse o Papa ao encontrar Paloma Ovejero - ANSA

“Ah, uma galega no Vaticano!”, disse o Papa ao encontrar Paloma Ovejero

As mudanças na direção da Sala de Imprensa da Santa Sé suscitaram vivo interesse na mídia internacional. Em evidência, a figura do Padre Federico Lombardi – que deixa seu cargo depois de 10 anos de extraordinário trabalho – e a nomeação do jornalista estadunidense Greg Burke.

 

 

Mas a outra novidade foi a escolha da jornalista espanhola Paloma García Ovejero como Vice-Diretora da Sala de Imprensa – cargo até então exercido por Burke. Trata-se de uma mulher, jovem, há alguns anos em Roma trabalhando como correspondente da COPE, a rádio dos bispos espanhóis. Paloma explicou aos microfones da Rádio Vaticano como acolheu a notícia de sua nomeação:

“Com muita alegria! Muito, muito obrigado ao Papa, à Igreja e a Deus sobretudo! Tenho um pouco de medo, é certo, porém ao mesmo tempo a tranquilidade de saber que não foi uma escolha minha. Nunca pensei, nunca poderia ter imaginado. Não é uma decisão tomada com o risco de errar, porque a decisão foi tomada pelos outros. Então, eu vou em frente e depois vejamos quem resolverá os problemas”.

RV: O que o Papa Francisco disse a você e ao Greg quando foram recebidos em audiência?

“Ele nos pediu para que a sua mensagem chegue a todos os lugares. Nos falou com muita seriedade, com muita ternura, mas ao mesmo tempo com rosto sério. Não foi um momento de brincadeira, mesmo que tenha brincado. Quando me saudou me disse: “Ah, uma galega no Vaticano!”, como na Argentina chamam os espanhóis. Ele, porém, o considerou como um encontro de trabalho e sabe muito bem que a comunicação é um dos pilares do Pontificado e também da Igreja. Nos falou muito seriamente e nos pediu equilíbrio, fidelidade e depois clareza, também com ele. Para mim veio em mente esta palavra, que ele não nos disse: paresia. A paresia do Sínodo. Na minha opinião, é aquilo que ele espera de nós: a paresia que pediu aos bispos naquele dia”.

RV: Todos destacaram que você é a primeira mulher na cúpula da Sala de Imprensa Vaticana. Seria um sinal dos tempos para a Igreja?

“Na minha opinião, o sinal dos tempos é a normalidade. A revolução do Papa Francisco é a revolução da normalidade, da natureza, e se poderia dizer também, da lógica. Quantas pessoas trabalham na Rádio Vaticano? Quantas desta pessoas são mulheres? Quantas pessoas trabalham na Sala de Imprensa? Quantas destas são mulheres? Quantas jornalistas existem! No avião… Para mim é tudo normal. É óbvio que estou contente, porque me parece uma bonita imagem. Estaria muito contente porém, mesmo se fosse uma loira, uma francesa… Não é o fato de ser mulher, na minha opinião, o fator determinante, mas o fato de ser “normais”, como a sociedade. A sociedade está cheia de leigos; a Igreja está cheia de leigos muito bons e de padres muito bons. Eu não posso ser padre, porém posso fazer outras coisas. E então me parece coerente. Praticamente, se o Papa fala assim, age assim, não há outra maneira de fazê-lo”.

RV: Dois leigos, portanto, à frente da Sala de Imprensa Vaticana: Greg Burke, de língua inglesa, e Paloma García Ovejero, de língua espanhola. O que represente esta escolha?

“Antes de tudo, a internacionalização da Sala de Imprensa. Estamos na Igreja universal. No Twitter, por exemplo – @pontifex – se pode ver quantos seguidores são espanhóis e ingleses e depois, em número menor, as outras línguas. Portanto, é fácil entender que a Igreja universal fala espanhol e fala inglês. O italiano, depois, é um tesouro, porque é o nosso esperanto, é a língua que nos permite conversar entre nós, conhecermo-nos. Eu posso falar com um chinês, posso falar com um peruano, posso falar com um alemão, porque todos temos este tesouro que é o italiano. Na minha opinião, porém, o fato de existir uma língua espanhola e uma língua inglesa e que os dois conheçam o italiano, possibilita que se possa falar praticamente com 90% dos católicos do mundo”.

RV: Qual é a sua incumbência na Sala de Imprensa?

“Não tenho ideia. Sei muito bem, porém, que a minha missão é estar ao lado do Greg, apoiá-lo e fazê-lo ver as coisas que ele, pelo cargo que tem, talvez não consiga ver ou talvez não consiga sentir e, afinal, ajudar o Papa. Na Sala de Imprensa, concretamente, eu não sei. Eu chegarei lá e veremos. O Papa nos pediu para ajudá-lo, para dar-lhe uma mão. O Padre Lombardi, porém, vai sair por motivo de idade, não é que está saindo porque fez…. Ao contrário, ele nos deixa uma Sala de Imprensa que funciona muito bem, que está cheia de profissionais. A orquestra, portanto, já a temos e toca muito bem. Muda o Diretor, porque “o corpo” envelheceu e ponto final. Mas o Diretor produz ainda uma bela melodia e está pronto para compartilhar com todos nós. Já desde o primeiro momento, começou a falar como se fosse um de nós. Estou segura, assim, estou convencida de que a Sala de Imprensa da Santa Sé continuará a fazer o seu papel e sempre será uma ‘casa de acolhida’ para os jornalistas”.

(je/rp)

 

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