«Devemos continuar a gritar como esta mulher: ‘Senhor, ajuda-me’!»

Publicado em 20/08/2017 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


papa angelus 20 ago 17               Gritar deste modo, com perseverança e coragem. Eis a coragem que é preciso na oração: o papa Francisco exortou os fiéis a rezarem sem desfalecer, com fé, antes do angelus deste domingo de 20 de agosto de 2017.

O papa dirigiu a palavra desde a janela do escritório do palácio apostólico do Vaticano que dá para a praça de S. Pedro, a uma multidão de cerca de 10,000 peregrinos reunidos na praça de S. Pedro, para o angelus do meio-dia.

O Senhor não volta as costas às nossas necessidades, e, se por vezes, parece insensível aos nossos pedidos de ajuda, é para pôr à prova a nossa fé e fortificá-la, explicou o papa.

O papa encorajou os fiéis a invocarem o Espírito Santo e a pedir a Maria para que «ela nos ajude a obter uma fé forte, cheia de amor e um amor que se faz súplica corajosa a Deus.»

Depois do angelus, o papa rezou com a multidão pelas vítimas dos atentados do Burkina Faso, da Espanha e de Turku, pelos feridos e por suas famílias.

Também saúdou “os membros da associação francesa “Corremos pela Esperança”, vindos de bicicleta desde Besançon, em favor das crianças doentes.

Eis a nossa tradução completa das palavras do papa Francisco, pronunciadas em italiano antes e depois do angelus. AB

Antes do angelus

Caros irmãos e irmãs, as minhas saudações!

O evangelho de hoje (Mt 15, 21-28) apresenta-nos um espantoso exemplo de fé, neste encontro de Jesus com uma mulher cananeia, uma estrangeira para os Judeus.

A cena passa-se quando Jesus se dirige para as cidades de Tiro e Sidónia, no noroeste da Galileia: é aí que a mulher implora que Jesus venha curar a sua filha que “está muito atormentada por um demónio” (v.22).

Num primeiro momento, o Senhor parece não escutar o seu grito de dor, a ponto de suscitar a intervenção dos discípulos que intercedem por ela. A aparente indiferença de Jesus não desencoraja esta mãe, que persiste no seu pedido.

A força interior desta mulher, que lhe permite de ultrapassar todo o obstáculo, deve procurar-se no seu amor materno e na confiança de que Jesus pode atender o seu pedido.

Podemos dizer que é o amor que põe em ação a fé e a fé, por sua vez, torna-se a recompensa do amor.

O seu amor pela sua filha condu-la a gritar : «tem piedade de mim, Senhor, filho de David !» (v.22). É a sua fé perseverante em Jesus que não a deixa desanimar, mesmo diante da rejeição inicial de Jesus. Por isso, a mulher «prostrou-se diante dele dizendo: Senhor ajuda-me!» (v.25).

Finalmente, diante a perseverança desta mulher, Jesus enche-se de admiração, quase estupefacto, pela fé de uma mulher pagã. Ele atende o seu pedido dizendo: «Mulher, é grande a tua fé! Que se faça segundo o teu desejo! E a partir desse instante a sua filha foi curada» (v.28).

Esta mulher simples é apresentada por Jesus como um exemplo de fé inquebrantável. A sua insistência a pedir a intervenção de Cristo é para nós um estímulo a não desanimarmos quando somos oprimidos pelas duras provas da vida.

O Senhor não volta as costas às nossas necessidades, e, se por vezes, ele parece insensível aos nossos pedidos de ajuda, é para pôr à prova a nossa fé e fortificá-la.

Devemos continuar a gritar como esta mulher: «Senhor, ajuda-me! Senhor, ajuda-me!». Desta maneira, com perseverança e coragem. Eis a coragem que é preciso na oração.

Este episódio do evangelho ajuda-nos a compreender que todos temos necessidade de crescer na fé e de fortificar a nossa confiança em Jesus. Ele pode ajudar-nos a reencontrar o caminho, quando nos desviámos da bússola do nosso caminho, quando a vida não aparece direita, mas rude e árdua; quando é difícil ser fiel aos nossos compromissos.

É importante alimentar a nossa fé cada dia pela escuta atenta da Palavra de Deus, pela celebração dos sacramentos, pela oração pessoal como um «grito» a Ele dirigido, e com atitudes concretas de caridade para com o próximo.

Confiemo-nos ao Espírito Santo para que nos ajude a perseverar na fé. O Espírito infunde a audácia no coração dos fiéis; ele dá à nossa vida e ao nosso testemunho cristão a força da convicção e da persuasão. Ele encoraja-nos a vencer a incredulidade para com Deus e a indiferença para com os nossos irmãos.

Que a Virgem Maria nos torne cada vez mais conscientes da nossa necessidade do Senhor e do seu Espírito; que nos obtenha de Deus a graça de uma fé forte, cheia de amor, e um amor que se faz súplica corajosa a Deus.

Angelus Domini… [O anjo do Senhor…]

Depois do angelus

Caros irmãos e irmãs, levamos em nosso coração a dor dos atentados terroristas que causaram numerosas vítimas nestes últimos dias no Burkina Faso, em Espanha e na Finlândia. Rezemos pelos defuntos destes atentados, pelos feridos e por suas famílias. E peçamos ao Senhor, Deus de misericórdia e de paz, que liberte o mundo desta violência inumana.

Saúdo-vos cordialmente, caros peregrinos italianos e dos diferentes países. Saúdo em especial os membros da associação francesa “Corremos pela Esperança”, vindos de bicicleta desde Besançon; os novos seminaristas e os superiores do Colégio norte-americano de Roma; os acólitos de Rivoltella (Brescia) e os jovens rapazes e raparigas de Zevio (Vérone).

Desejo a todos um bom domingo. Por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço! Adeus!

Fonte:  Tradução de ZENIT, JDL



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