Papa Francisco na Colômbia
Missa pelos direitos humanos encerra visita do Papa Colômbia
Após almoçar no Claustro do Mosteiro de Santo Domingo, em Cartagena, neste domingo (10/09), o Papa foi ao Arcebispado e à Catedral, onde se encontravam cerca de 300 pessoas enfermas.
De carro fechado, se deslocou até a Base Naval de Cartagena, e de helicóptero, foi a Contecar, área portuária da cidade. Durante o voo, Francisco abençoou a imagem da Virgem da Bahia, que se encontra nesta baía natural de 8 mil hectares. O terminal Contecar é o quarto mais importante da América Latina, além de hospedar grandes eventos esportivos, musicais e culturais.
Com o papamóvel, Francisco deu uma volta entre a multidão, estimada em 1 milhão de pessoas, e foi acolhido por uma delegação de portuários (estivadores), que o acompanharam à Sacristia.
No palco montado para a ocasião, estavam as relíquias de São Pedro Claver, a quem o Papa dedicou suas primeiras palavras na homilia da missa. O tema deste último dia da viagem, «Dignidade da pessoa e direitos humanos», foi inspiração para a reflexão de Francisco.
A homilia
Cartagena das Índias é a sede dos Direitos Humanos na Colômbia. E aqui, no Santuário de São Pedro Claver, iniciou o Papa, “a Palavra de Deus fala-nos de perdão, correção, comunidade e oração”.
Lembrando os diversos encontros que teve nos últimos dias com ex-guerrilheiros e vítimas da violência da guerra e de abusos, o Papa disse ter ouvido muitos testemunhos de pessoas que foram ao encontro de quem lhes fizera mal.
Há décadas – disse – a Colômbia busca a paz mas, como ensina Jesus, não foi suficiente que as duas partes se encontrassem e dialogassem; foi necessário incorporar muitos mais atores neste diálogo reparador dos pecados.
«O autor principal, o sujeito histórico deste processo, é a gente e a sua cultura, não uma classe, um grupo, uma elite”, disse, citando o modelo de São Pedro Claver:
São Pedro Claver
“Soube restaurar a dignidade e a esperança de centenas de milhares de negros e escravos que chegavam em condições absolutamente desumanas, cheios de pavor, com todas as suas esperanças perdidas”.
Mas infelizmente, prosseguiu, “há pessoas que persistem em pecados que ferem a convivência e a comunidade, como aqueles que lucram com as drogas, desafiando leis morais e civis, devastam os recursos naturais, exploram o trabalho; fazem tráficos ilícitos de dinheiro e especulações financeiras, lançando na pobreza milhões de homens e mulheres”.
“A prostituição que diariamente ceifa vítimas inocentes, sobretudo entre os mais jovens, roubando-lhes o futuro; o abominoso tráfico de seres humanos, os crimes e abusos contra menores, a escravidão que ainda espalha o seu horror em muitas partes do mundo, a tragédia frequentemente ignorada dos emigrantes sobre quem se especula indignamente na ilegalidade”.
A história e Jesus nos interpelam
“A história”, exortou o Papa, “pede-nos para assumirmos um compromisso definitivo na defesa dos direitos humanos. E Jesus pede-nos para rezarmos juntos; que a nossa oração seja sinfônica, com matizes pessoais, acentuações diferentes, mas que se erga de maneira concorde num único grito”.
E concluiu:
“Estou certo de que hoje rezamos juntos pelo resgate daqueles que erraram e não pela sua destruição, pela justiça e não pela vingança, pela reparação na verdade e não no seu esquecimento. Rezamos para cumprir o lema desta visita: «Demos o primeiro passo», e que este primeiro passo seja numa direção comum”.
“Se a Colômbia quer uma paz estável e duradoura, deve dar urgentemente um passo nesta direção, que é a do bem comum, da equidade, da justiça, do respeito pela natureza humana e as suas exigências. Jesus prometeu acompanhar-nos até ao fim dos tempos, Ele não deixará estéril um esforço tão grande”.
(CM)
O adeus do Papa à Colômbia: “Escravos da paz para sempre”
Na conclusão da missa celebrada na área portuária Contecar, em Cartagena, domingo (10/09), o Papa se despediu da multidão e da Colômbia com algumas palavras de agradecimento:
“Ao concluir esta celebração, desejo agradecer a Dom Jorge Enrique Jiménez Carvajal, Arcebispo de Cartagena, as amáveis palavras que me dirigiu em nome dos seus irmãos no episcopado e de todo o povo de Deus.
Saúdo o Senhor Presidente Juan Manuel Santos, as autoridades civis e todos os que quiseram unir-se conosco nesta Celebração Eucarística, aqui ou através dos meios de comunicação.
Agradeço o esforço e colaboração que tornaram possível esta visita. Há tantos que colaboraram oferecendo o seu tempo e disponibilidade. Foram dias intensos e belos, durante os quais pude encontrar tantas pessoas e conhecer tantas realidades que me tocaram o coração. Vós ajudastes-me imenso.
Queridos irmãos, gostaria de vos deixar uma última palavra: não nos contentemos com «dar o primeiro passo», mas continuemos diariamente a caminhar juntos, procurando ir ao encontro do outro, em busca da harmonia e da fraternidade.
Não podemos ficar parados.
Aqui mesmo, a 8 de setembro de 1654, morria São Pedro Claver, depois de quarenta anos de escravidão voluntária, de trabalho incansável a favor dos mais pobres. Ele não ficou parado; depois do primeiro passo, seguiram-se muitos outros. O seu exemplo nos leve a sair de nós mesmos para ir ao encontro do próximo.
Colômbia, o teu irmão precisa de ti! Vai ao seu encontro, levando o abraço da paz, livre de toda a violência, «escravos da paz para sempre».
(cm)
Papa a colombianos: colocar o bem comum acima dos interesses particulares
“Jesus convida-nos a perder medos que nos paralisam e atrasam a urgência de ser construtores da paz, promotores da vida.” Foi que disse o Papa em seu último compromisso desta quinta-feira (07/09) em terras colombianas, na primeira celebração eucarística desta sua 20º viagem apostólica internacional.
A missa votiva pela paz e a justiça, presidida no Parque Simón Bolívar da capital Bogotá, teve a participação, entre outros, de um grupo de crianças em situação de dificuldades e necessitadas de cuidados especiais, as quais acolheram o Santo Padre em sua chegada ao local da celebração.
Atendo-se à página do Evangelho pouco antes proclamada na liturgia, Francisco ressaltou tratar-se, em todo o Evangelho de Lucas, da única vez em que Jesus prega junto do chamado mar da Galileia.
No mar aberto confundem-se a esperada fecundidade do trabalho com a frustração pela inutilidade dos esforços vãos, frisou o Santo Padre. “Segundo uma antiga interpretação cristã, o mar também representa a vastidão onde convivem todos os povos. Finalmente, pela sua agitação e obscuridade, evoca tudo aquilo que ameaça a existência humana e que tem o poder de a destruir”, explicou.
Descrevendo o cenário apresentado pelo evangelista, Francisco observou que Jesus tinha atrás d’Ele o mar e, à sua frente, uma multidão que O seguiu ao ver como Ele se comovia perante o sofrimento humano.
Após evidenciar que a Palavra de Jesus não deixa ninguém indiferente, destacou que esta tem o poder de converter os corações, mudar planos e projetos. É uma Palavra corroborada pela ação, “não são conclusões redigidas no escritório, expressões frias e distantes do sofrimento das pessoas; por isso, é uma Palavra que serve tanto para a segurança da margem como para a fragilidade do mar”.
Francisco lembrou que a querida cidade de Bogotá e o belo país que é a Colômbia têm muito destes cenários apresentados pelo Evangelho:
“Aqui – disse o Papa – vivem multidões que anseiam por uma palavra de vida, que ilumine com a sua luz todos os esforços e mostre o sentido e a beleza da existência humana. Estas multidões de homens e mulheres, crianças e idosos habitam uma terra de fertilidade inimaginável, que poderia dar frutos para todos.”
Mas também aqui, como noutras partes do mundo – continuou – há densas trevas que ameaçam e destroem a vida:
“As trevas da injustiça e da desigualdade social; as trevas corruptoras dos interesses pessoais ou de grupo, que consomem, egoísta e desaforadamente, o que se destina para o bem-estar de todos; as trevas da falta de respeito pela vida humana que diariamente ceifa a existência de tantos inocentes, cujo sangue brada ao céu; as trevas da sede de vingança e do ódio que mancha com sangue humano as mãos de quem faz justiça por conta própria.”
Evidenciando a figura de Pedro, a quem naquele encontro Jesus tornara pescador de homens, o Papa frisou que assim como Pedro também nós somos capazes de confiar no Mestre, “cuja Palavra suscita fecundidade mesmo onde a inospitalidade das trevas humanas torna infrutíferos muitos esforços e fadigas”.
O mandato de lançar as redes não é dirigido apenas a Simão Pedro – advertiu o Pontífice; “a ele, coube-lhe fazer-se ao largo, como aqueles que na vossa pátria foram os primeiros a ver o que era mais urgente fazer, aqueles que tomaram iniciativas de paz, de vida”.
“Lançar as redes implica responsabilidade. Em Bogotá e na Colômbia, peregrina uma comunidade imensa, que é chamada a tornar-se uma rede vigorosa que congregue a todos na unidade, trabalhando na defesa e cuidado da vida humana, particularmente quando é mais frágil e vulnerável”, acrescentou.
Bogotá e a Colômbia são, ao mesmo tempo, “margem, lago, mar aberto, cidade por onde Jesus passou e passa para oferecer a sua presença e a sua palavra fecunda, para nos fazer sair das trevas e conduzir-nos para a luz e a vida”.
Dito isso, Francisco fez uma premente exortação a todos os colombianos: “Chamar os outros, chamar a todos para que ninguém seja deixado ao arbítrio das tempestades; fazer entrar na barca todas as famílias, santuário de vida; colocar o bem comum acima dos interesses mesquinhos ou particulares, ocupar-se dos mais frágeis promovendo os seus direitos”.
“Jesus, como a Simão, convida-nos a fazer-nos ao largo, impele-nos a compartilhar o risco, a deixar os nossos egoísmos e a segui-Lo; convida-nos a perder medos que não vêm de Deus, que nos paralisam e atrasam a urgência de ser construtores da paz, promotores da vida”, concluiu o Papa. (RL)
Jovens, mantenham viva a alegria
O Papa Francisco saudou e abençoou o povo colombiano da sacada do Palácio Cardinalício, em Bogotá, nesta quinta-feira (07/07). “Com grande alegria, os saúdo e agradeço a calorosa recepção”, disse o Papa aos cerca de vinte e dois mil jovens presentes na Praça Bolívar.
Paz
Citando um trecho do Evangelho de Lucas que diz: “A paz esteja nesta casa”, o Papa sublinhou:
“Hoje, entro nesta casa que é a Colômbia, dizendo-lhes: «A paz esteja com vocês!» Essa era a forma de saudação de todo judeu e também de Jesus. Com efeito, quis vir aqui como peregrino de paz e esperança, e desejo viver esses momentos de encontro com alegria, dando graças a Deus por todo o bem que realizou nesta nação e na vida de cada pessoa.”
“Venho também para aprender; sim, aprender com vocês, com a sua fé e fortaleza perante a adversidade”, disse Francisco, ressaltando que os colombianos vivem momentos difíceis, mas que o Senhor está sempre com eles. O Papa os encorajou a continuar buscando e desejando a paz, aquela paz autêntica e duradoura.
Alegria
“Vejo aqui muitos jovens que vieram de toda parte do país. Para mim é sempre motivo de alegria encontrar-me com os jovens. Digo-lhes neste dia: mantenham viva a alegria, sinal do coração jovem que encontrou o Senhor”, frisou o Papa.
Francisco convidou os jovens a não terem medo do futuro e a sonharem alto. Disse que os jovens têm “uma sensibilidade especial para reconhecer o sofrimento dos outros”.
Disponibilidade
“O voluntariado do mundo inteiro nutre-se de milhares de jovens como vocês que são capazes de disponibilizar o seu tempo, renunciar a comodidades, a projetos centrados em si mesmos, para se deixarem comover pelas necessidades dos mais frágeis e dedicar-se a eles. Mas também pode acontecer que tenham nascido em ambientes onde a morte, o sofrimento e a divisão penetraram tão profundamente que lhes deixaram nauseados e anestesiados: deixem-se ferir e mobilizar pelo sofrimento de seus irmãos colombianos! E a nós, os mais velhos, ajudem-nos a não nos acostumarmos ao sofrimento e ao abandono”.
Encontro
O Papa disse que os jovens têm grande facilidade de se encontrar. Eles se encontram na música, na arte, e “até uma final entre o Atlético Nacional e o América de Cali se torna ocasião para estar juntos!”
“Vocês nos ensinam que a cultura do encontro não significa pensar, viver ou reagir todos do mesmo modo; mas saber que, independentemente de nossas diferenças, todos somos parte de algo grande que nos une e transcende, somos parte desse país maravilhoso”, sublinhou Francisco.
Perdão
O Papa destacou que os jovens têm a capacidade duma coisa muito difícil na vida: perdoar. Pediu aos jovens para que ensinem aos adultos a deixarem para trás as ofensas e olharem para frente sem o obstáculo do ódio.
“Que as suas aspirações e projetos oxigenem a Colômbia e a encham de utopias salutares”, disse o Pontífice aos jovens. “Tenham a coragem de descobrir o país que se esconde por detrás das montanhas: aquele país que transcende os títulos dos jornais e não aparece nas preocupações diárias por estar tão longe; aquele país que não se vê, mas faz parte desse corpo social que precisa de nós. A coragem de descobrir a Colômbia profunda”, concluiu Francisco.
(MJ)
Segue, na íntegra, o discurso do Papa Francisco.
Queridos irmãos e irmãs!
Com grande alegria, vos saúdo e agradeço a calorosa recepção. «Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: “A paz esteja nesta casa!” E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós» (Lc 10, 5-6).
Hoje entro nesta casa que é a Colômbia, dizendo-vos: «A paz esteja convosco!» Tal era a forma de saudação de todo o judeu e também de Jesus. Com efeito, quis vir aqui como peregrino de paz e de esperança e desejo viver estes momentos de encontro com alegria, dando graças a Deus por todo o bem que realizou nesta nação, na vida de cada pessoa.
Venho também para aprender; sim, aprender convosco, com a vossa fé, com a vossa fortaleza perante a adversidade. Vivestes momentos difíceis e obscuros, mas o Senhor está perto de vós, no coração de cada filho e filha deste país. Ele não tem preferências, não exclui ninguém, mas abraça a todos; e todos somos importantes e necessários para Ele. Durante estes dias, queria partilhar convosco a verdade mais importante: Deus ama-vos com amor de Pai e encoraja-vos a continuar a procurar e desejar a paz, aquela paz que é autêntica e duradoura.
Vejo aqui muitos jovens que vieram de toda a parte do país: originários de Bogotá (cachacos), habitantes da costa (costeños), da região de Antioquia, Caldas, Risaralda e Quindío (paisas), do Vale do Cauca (vallunos) e das planícies (llaneros). Para mim é sempre motivo de alegria encontrar-me com os jovens. Eis o que vos digo neste dia: mantende viva a alegria, sinal do coração jovem que encontrou o Senhor. Ninguém vo-la poderá tirar (cf. Jo 16, 22). Não vo-la deixeis roubar, cuidai dessa alegria que tudo unifica no facto de saber-se amado pelo Senhor. O fogo do amor de Cristo faz transbordar esta alegria e é suficiente para incendiar o mundo inteiro. Então que poderia impedir-vos de mudar esta sociedade e realizar os vossos propósitos? Não temais o futuro! Ousai sonhar grandes coisas! É a este sonhar em grande que hoje vos quero convidar.
Vós, os jovens, tendes uma sensibilidade especial para reconhecer o sofrimento dos outros; o voluntariado do mundo inteiro nutre-se de milhares de jovens como vós que sois capazes de disponibilizar o vosso tempo, renunciar a comodidades, a projetos centrados em vós mesmos, para vos deixardes comover pelas necessidades dos mais frágeis e dedicar-vos a eles. Mas também pode acontecer que tenhais nascido em ambientes onde a morte, o sofrimento, a divisão penetraram tão profundamente, que vos tenham deixado quase nauseados e como que anestesiados: deixai-vos ferir e mobilizar pelo sofrimento dos vossos irmãos colombianos! E a nós, os mais velhos, ajudai-nos a não nos habituarmos ao sofrimento e ao abandono.
Também vós, moços e moças que viveis em ambientes complexos, com diferentes realidades e situações familiares tão variadas, vos habituastes a ver que nem tudo é branco ou preto, mas que a vida diária se apresenta numa ampla gama de diferentes tonalidades de cinzento e que isto pode expor-vos ao risco de cair numa atmosfera de relativismo, deixando de lado esta potencialidade que têm os jovens de compreender a dor daqueles que sofreram. Vós não tendes apenas a capacidade de julgar, assinalar erros, mas também a capacidade bela e construtiva de compreender. Compreender que, mesmo por detrás de um erro (porque o erro é erro, e não se deve mascará-lo), há uma infinidade de razões, de atenuantes. Quanto precisa de vós a Colômbia, para se colocar na pele daqueles que, há muitas gerações, não puderam ou não souberam fazê-lo, ou não atinaram com o modo justo para chegar a compreender!
Para vós, jovens, é tão fácil encontrar-vos. É suficiente um bom café, uma bebida ou qualquer outra coisa como pretexto para suscitar o encontro. Os jovens encontram-se na música, na arte… Até uma final entre o Atlético Nacional e o América de Cali se torna ocasião para estar juntos! Vós podeis ensinar-nos que a cultura do encontro não significa pensar, viver ou reagir todos do mesmo modo; mas saber que, independentemente das nossas diferenças, todos somos parte de algo de grande que nos une e transcende, somos parte deste país maravilhoso.
A vossa juventude também vos torna capazes duma coisa muito difícil na vida: perdoar. Perdoar a quem nos feriu; é digno de nota ver como não vos deixais enredar por velhas histórias, como olhais de modo estranho quando nós, adultos, repetimos histórias de divisão simplesmente porque estamos presos a rancores. Ajudais-nos neste intento de deixar para trás aquilo que nos ofendeu, ajudais-nos a olhar para a frente sem o obstáculo do ódio, porque nos fazeis ver toda a realidade que temos à nossa frente, toda a Colômbia que deseja crescer e continuar a desenvolver-se; esta Colômbia que precisa de todos e que nós, os mais velhos, devemos entregar a vós.
Por isso mesmo vós, jovens, enfrentais o enorme desafio de nos ajudar a sanar o nosso coração, de nos contagiar com a esperança juvenil que está sempre disposta a conceder aos outros uma segunda oportunidade. Os ambientes de desespero e incredulidade fazem adoecer a alma: são ambientes que não encontram saída para os problemas e boicotam aqueles que procuram encontrá-la, danificam a esperança de que toda a comunidade necessita para avançar. Que as vossas aspirações e projetos oxigenem a Colômbia e a encham de salutares utopias!
Só assim encontrareis a coragem de descobrir o país que se esconde por detrás das montanhas: aquele país que transcende os títulos dos jornais e não aparece nas preocupações diárias por estar tão longe; aquele país que não se vê mas que faz parte deste corpo social que precisa de nós. A coragem de descobrir a Colômbia profunda! Os corações dos jovens sentem-se estimulados perante os grandes desafios. Quanta beleza natural para ser contemplada, sem necessidade de a espoliar! Quantos jovens como vós precisam da vossa mão estendida, do vosso ombro para vislumbrar um futuro melhor!
Hoje quis viver estes momentos convosco. Tenho a certeza de que, em vós, existe o potencial necessário para construir a nação que sempre sonhamos. Os jovens são a esperança da Colômbia e da Igreja; no seu caminhar e nos seus passos, vislumbramos os do Mensageiro da Paz, d’Aquele que traz boas notícias.
Queridos irmãos e irmãs deste amado país! Dirijo-me agora a todos – crianças, jovens, adultos e idosos – como quem deseja ser portador de esperança; que as dificuldades não vos oprimam, que a violência não vos abata, que o mal não vos vença. Temos fé que Jesus, com o seu amor e a sua misericórdia que permanecem para sempre, venceu o mal, o pecado e a morte. Basta apenas ir ao encontro d’Ele. Convido-vos ao compromisso – não ao resultado alcançado – na renovação da sociedade, para que seja justa, estável, fecunda. Daqui vos encorajo a confiar no Senhor, o único que nos sustenta e encoraja para podermos contribuir para a reconciliação e a paz.
Abraço-vos a todos e cada um: aos doentes, aos pobres, aos marginalizados, aos necessitados, aos idosos, aos que estão em casa… a todos; todos estais no meu coração. E peço a Deus que vos abençoe. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim.
Papa aos bispos do Celam: a missão se faz com paixão e no corpo a corpo
Um dos discursos (leia na íntegra) mais esperados do Papa Francisco, em Bogotá, foi dirigido aos bispos latino-americanos e do Caribe na tarde desta quinta-feira (7). O encontro com o Comitê Diretivo do Celam, o Conselho Episcopal Latino-Americano, aconteceu na Nunciatura Apostólica.
Em sinal de gentileza, o Santo Padre agradeceu pelo esforço da presença de cada um, já que o encontro não pôde ser realizado na sede do organismo católico em Bogotá, “uma casa ao serviço da comunhão e da missão da Igreja na América Latina”, além de ser um “ponto de referência vital para a compreensão e aprofundamento da catolicidade latino-americana”.
Francisco alinhavou seu discurso remetendo-se ao Rio de Janeiro, quatro anos atrás, quando falou sobre a “herança pastoral de Aparecida” e destacou a necessidade permanente de aprender com o método local, que “coloca a missão de Jesus no coração da própria Igreja”. Iniciativas que não são “programáticas que enchem agendas e desperdiçam preciosas energias”, mas que são baseadas “na participação das Igrejas locais”, com peregrinos que buscam Deus através da manifestação da “Virgem pescada nas águas”, e se estendem “na missão continental”.
O esforço na realização desse método, sustentou o Papa, deve se transformar num “critério para medir a eficácia das estruturas, os resultados do trabalho, a fecundidade dos ministros e a alegria que são capazes de suscitar. Porque, sem alegria, não se atrai ninguém”.
Ainda lembrando suas manifestações no Rio, o Papa se deteve às tentações, presentes ainda hoje, “da ideologização da mensagem evangélica, do funcionalismo eclesial e do clericalismo”.
“Deus, quando fala ao homem em Jesus, não o faz com um apelo vago como a um estranho, nem com uma convocação impessoal como faria um notário, nem mesmo com uma declaração de preceitos para cumprir como faz qualquer funcionário do sagrado. Deus fala com a voz inconfundível do Pai que se dirige ao filho, e respeita o seu mistério pois foi Ele que o formou com as suas próprias mãos e destinou à plenitude. O nosso maior desafio como Igreja é falar ao homem como porta-voz desta intimidade de Deus. […] Por isso, não se pode reduzir o Evangelho a um programa ao serviço de um gnosticismo na moda, a um projeto de promoção social nem a uma visão da Igreja como burocracia que se autopromove; e a Igreja também não pode ser reduzida a uma organização dirigida, com modernos critérios empresariais, por uma casta clerical.”
Francisco, assim, insistiu sobre o “discipulado missionário”, aquele “permanente sair com Jesus” em direção aos irmãos, usando os “instrumentos” de Deus, isto é, “proximidade e encontro”. O Papa, então, chamou a atenção para realidades da Igreja que jamais devem ser consideradas monumentos, mas patrimônio vivo, como de Aparecida, “um tesouro, cuja descoberta ainda está incompleta”.
“É muito mais cômodo transformá-las em recordações, de que se celebram os aniversários: 50 anos de Medellín, 20 de Ecclesia in America, 10 de Aparecida! Trata-se, porém, de algo diverso: salvaguardar e fazer fluir a riqueza desse patrimônio (pater munus) constituem o munus da nossa paternidade episcopal para com a Igreja do nosso Continente.”
O encontro com Cristo vivo, prosseguiu Francisco, deve ser cultivado para que a missão pastoral não perca a força e não haja retrocesso da conversão pastoral:
“Nós precisamos ainda mais deste estar a sós com o Senhor, para reencontrar o coração da missão da Igreja na América Latina, nas circunstâncias atuais. Há tanta dispersão interior e também exterior! Os numerosos eventos, a fragmentação da realidade, a instantaneidade e a velocidade do presente poderiam fazer-nos cair na dispersão e no vazio. Reencontrar a unidade é um imperativo. Onde se encontra a unidade? Sempre em Jesus. […] Se a razão do nosso caminhar não é Ele, será fácil desanimar no meio da fadiga do caminho, perante a resistência dos destinatários da missão, face aos cenários mutáveis das circunstâncias que marcam a história, ou pelo cansaço dos pés devido ao desgaste insidioso causado pelo inimigo.”
O Papa, então, questiona: “o que significa sair com Jesus em missão, hoje, na América Latina?”. A missão no continente, insistiu Francisco, é vencer a tentação dos “bizantinismos dos ‘doutores da lei’, e partir com Jesus que “enquanto caminha, encontra; quando encontra, se aproxima; quando se aproxima, fala; quando fala, toca com o seu poder; quando toca, cura e salva”. Trata-se, então, de diariamente “trabalhar no campo, lá onde vive o Povo de Deus”. A missão “se faz no corpo a corpo”.
Francisco também sublinhou a “dispersão” que desagrega hoje o continente e disse para se ter cuidado para “não ficar preso nessas armadilhas”. Segundo o Papa, “a Igreja não está na América Latina como se tivesse as malas na mão”, pronta pra partir depois de ter sido saqueada, como muitos fizeram ao longo do tempo:
“Homens e utopias fortes prometeram soluções mágicas, respostas instantâneas, efeitos imediatos. A Igreja, sem pretensões humanas, respeitosa do rosto multiforme do Continente – que considera, não uma desvantagem, mas uma riqueza perene – deve continuar humildemente a prestar o seu serviço ao verdadeiro bem do homem latino-americano. Deve trabalhar incansavelmente por construir pontes, abater muros, integrar a diversidade, promover a cultura do encontro e do diálogo, educar para o perdão e a reconciliação, para o sentido de justiça, a rejeição da violência e a coragem da paz. Nenhuma construção duradoura na América Latina pode prescindir desta base invisível, mas essencial. A Igreja conhece, como poucos, aquela unidade sapiencial que antecede toda e qualquer realidade na América Latina.”
O Papa Francisco, então, trouxe as imagens de Guadalupe e de Aparecida, como “manifestações programáticas dessa criatividade divina”, “o sentido de Deus e da sua transcendência”.
Sobre a situação vivida hoje na América Latina, o Pontífice disse que não é permitido lamúrias, porque “sabemos que bem que o coração latino-americano foi treinado para a esperança” e lembrou de João Bosco:
“Como dizia um cantor e compositor brasileiro, ‘a esperança é equilibrista; dança na corda bamba de sombrinha’ (cf. João Bosco, O Bêbado e o Equilibrista). Quando se pensava que tinha acabado, eis que ressurge onde menos se esperava. O nosso povo aprendeu que nenhuma decepção é capaz de o vencer. Segue Cristo flagelado e manso, sabe aguardar que se faça dia e permanecer na esperança da sua vitória, porque, no fundo, está ciente de não pertencer totalmente a este mundo.”
O Papa também pediu aos bispos do Celam que, mesmo com estatísticas e notícias que trazem a caricatura de jovens “adormecidos” ou perdidos nas drogas e em meio à violência, que invistam tempo e recursos na formação, através de “programas educacionais incisivos e objetivos”.
Já ao que tange o rosto feminino da América Latina, Francisco reservou palavras de grande admiração. O Papa as definiu como “protagonistas na Igreja latino-americana”:
“Penso nas mães indígenas ou morenas, penso nas mulheres das cidades com o seu triplo turno de trabalho, penso nas avós catequistas, penso nas consagradas e nas artesãs tão discretas do bem. Sem as mulheres, a Igreja do Continente perderia a força de renascer continuamente. São as mulheres que, com meticulosa paciência, acendem e reacendem a chama da fé.”
Por sua vez, os leigos, disse o Papa, continuam à espera do desafio de um papel que os veja capazes de incidir na consolidação da democracia política e social, no contribuir à prosperidade, à justiça e à paz nos países. Para Francisco, “a Esperança na América Latina passa pelo coração, pela mente e os braços dos leigos”, através de uma “simplicidade cristã que se esconde aos poderosos e manifesta aos humildes”.
O Papa então resumiu o seu discurso na paixão pelo servir para “transformar as ideias em utopias viáveis”: “por favor, irmãos, peço-vos paixão, paixão evangelizadora”. (AC)
Papa aos bispos colombianos: nenhum muro é eterno, nenhuma chaga é incurável
“A Colômbia precisa da vossa visão, própria de Bispos, a fim de a apoiar na coragem do primeiro passo para a paz definitiva, a reconciliação, o repúdio da violência como método, a superação das desigualdades que são a raiz de tantos sofrimentos, a renúncia ao caminho fácil mas sem saída da corrupção.”
É uma das passagens fortes do aguardado discurso do Papa Francisco no encontro com os bispos colombianos (cerca de 130), realizado no Palácio Cardinalício de Bogotá, em seu terceiro compromisso esta quinta-feira (07/09).
Num discurso amplo e articulado em várias questões concernentes aos desafios aos quais os bispos colombianos são chamados a responder como pastores do povo de Deus, Francisco foi bastante exortativo e enfático ao dizer que não trazia receitas nem queria deixar para eles uma lista de tarefas.
Já em suas primeiras palavras no discurso aos bispos, o Pontífice deu o tom desta sua visita pastoral ao país andino: “Venho anunciar Cristo e, em seu nome, realizar um caminho de paz e reconciliação. Cristo é a nossa paz! Reconciliou-nos com Deus e entre nós!”
“Por isso, como peregrino, me dirijo à vossa Igreja. Sou vosso irmão, desejoso de partilhar Cristo ressuscitado, para Quem nenhum muro é eterno, nenhum medo é indestrutível, nenhuma chaga é incurável.”
Guardiões e sacramento do primeiro passo
“«Dar o primeiro passo» é o lema da minha visita e constitui também a minha primeira mensagem para vós. Bem sabeis que Deus é o Senhor do primeiro passo. Ele sempre nos antecede”, disse Francisco.
Deus nos precede sempre: somos os ramos e não a videira. Portanto, “não silencieis a voz d’Aquele que vos chamou, nem vos iludais de que sejam a soma das vossas pobres virtudes ou os elogios dos poderosos de turno que asseguram o resultado da missão que Deus vos confiou”, exortou o Papa.
Francisco lembrou aos bispos que a oração na vida deles é a seiva vital que passa através da videira, sem a qual o ramo murcha tornando-se infrutífero.
Tornar visível a identidade do bispo de sacramento do primeiro passo de Deus
“Na verdade, tornar palpável a identidade de sacramento do primeiro passo de Deus exigirá um êxodo interior contínuo. «De fato não há convite para amar mais eficaz do que ser os primeiros a amar»”, pelo que nenhum campo da missão episcopal pode prescindir desta liberdade de realizar o primeiro passo.” Dito isso, o Bispo de Roma fez a seus irmãos no episcopado mais uma forte exortação:
“Não vos meçais com o metro daqueles que quereriam que fósseis apenas uma casta de funcionários submetidos à ditadura do presente. Ao contrário, mantende o olhar sempre fixo na eternidade d’Aquele que vos escolheu, prontos a receber o julgamento decisivo dos seus lábios.”
Lançando olhar para a multifacetária realidade eclesial colombiana, disse:
“Na complexidade do rosto desta Igreja colombiana, é muito importante preservar a singularidade das suas diferentes e legítimas forças, as sensibilidades pastorais, as peculiaridades regionais, as memórias históricas, as riquezas das peculiares experiências eclesiais.”
“Procurai com perseverança a comunhão entre vós. Nunca vos canseis de a construir através do diálogo franco e fraterno, condenando como uma peste os projetos escondidos. Sede solícitos a dar o primeiro passo, de um para o outro. Antecipai-vos na disponibilidade a compreender as razões do outro”, acrescentou pedindo ainda aos bispos que tenham uma sensibilidade particular para com as raízes afro-colombianas de seu povo, que tão generosamente têm contribuído para desenhar o rosto desta terra.
Tocar a carne do corpo de Cristo
“Convido-vos a não ter medo de tocar a carne ferida da vossa história e da história do vosso povo. Fazei-o com humildade, sem a vã pretensão de protagonismo mas com o coração indiviso, livre de comprometimentos ou servilismos. Só Deus é o Senhor e, a nenhuma outra causa, se deve submeter a nossa alma de Pastores.”
Após ressaltar que a Colômbia precisa da visão deles, própria de bispos, a fim de a apoiar na coragem do primeiro passo para a paz definitiva e a reconciliação, fez um convite à superação da miséria e da desigualdade.
«Não imaginava que fosse mais fácil começar uma guerra do que terminá-la», disse, citando o escritor colombiano, Nobel da Literatura (1982), Gabriel Garcia Marques.
A guerra deriva de quanto há de mais baixo no nosso coração, disse o Papa, acrescentando, “ao contrário, a paz impele-nos a ser maiores do que nós mesmos”.
“Colômbia precisa de vós para se reconhecer no seu verdadeiro rosto cheio de esperança não obstante as suas imperfeições, para se perdoarem uns aos outros não obstante as feridas ainda não totalmente cicatrizadas”, frisou Francisco.
A palavra da reconciliação
“Muitos podem dar a sua contribuição para os desafios desta nação, mas a vossa missão é peculiar. Não sois técnicos nem políticos; sois Pastores. Cristo é a palavra de reconciliação escrita nos vossos corações e tendes a força para a poder pronunciar nos púlpitos, nos documentos eclesiais ou nos artigos dos periódicos, e mais ainda no coração das pessoas, no santuário secreto das suas consciências.”
Francisco convidou ainda os bispos colombianos a manterem o olhar sempre fixo no homem concreto, lembrando que “o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente”.
Uma Igreja em missão
Antes de despedir-se, reconhecendo o generoso trabalho pastoral que realizam, apresentou-lhes alguns anseios que traz em seu coração de pastor, movido pelo desejo de os exortar a ser cada vez mais uma Igreja em missão.
Pediu atenção à família, à defesa da vida em todas as suas fases, manifestou preocupação pela chaga da violência e do alcoolismo, pela fragilidade do vínculo matrimonial e pelos tantos jovens ameaçados pelo vazio da alma.
Por fim, pediu aos bispos que sejam paternos para com seus sacerdotes vigiando sobre as raízes espirituais deles e cuidando da sua formação. Atenção também pelos consagrados e consagradas, pelos fiéis leigos.
Igreja na Amazônia
Por fim, um pensamento aos desafios da Igreja na Amazônia:
“Convido-vos a não abandonar a si mesma a Igreja na Amazônia. A consolidação dum rosto amazônico para a Igreja que peregrina aqui é um desafio para todos vós, que depende do crescente e consciencioso apoio missionário de todas as dioceses colombianas e de todo o seu clero. Ouvi dizer que, nalgumas línguas nativas da Amazônia, para referir a palavra «amigo», usa-se a expressão «o outro meu braço». Sede, pois, o outro braço da Amazônia. A Colômbia não a pode amputar, sem ficar mutilada no seu rosto e na sua alma.” (RL)
Papa às autoridades: solidariedade contra os “cem anos de solidão”
O primeiro compromisso oficial do Papa Francisco em Bogotá foi com autoridades, diplomatas e representantes da sociedade civil. Diante do Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, o Pontífice enalteceu a biodiversidade e a cultura do país. Mas, de modo especial, manifestou seu apreço pelos esforços feitos nas últimas décadas para combater a violência armada e encontrar caminhos de reconciliação.
“Os passos dados fazem crescer a esperança, na convicção de que a busca da paz é uma obra sempre em aberto, uma tarefa que não dá tréguas e exige o compromisso de todos”, afirmou o Papa, recordando que no centro de toda ação política, social e econômica deve estar a pessoa humana, a sua dignidade e o respeito pelo bem comum.
A força da lei
“Não é a lei do mais forte, mas a força da lei (a lei que é aprovada por todos) que rege a convivência pacífica”, recordou Francisco. Leis que não nascem de uma exigência pragmática de ordenar a sociedade, mas do desejo de resolver as causas estruturais da pobreza que geram exclusão e violência. “Não esqueçamos que a desigualdade é a raiz dos males sociais”, reiterou, encorajando a olhar para todos aqueles que hoje são excluídos e marginalizados pela sociedade.
Cem anos de solidão
O Papa citou o escritor colombiano Gabriel García Márquez, que em seu discurso por ocasião do Nobel da Literatura em 1982 afirmou: “Perante a opressão, o saque e o abandono, a nossa resposta é a vida. Nem os dilúvios nem as pestes, nem as carestias nem os cataclismos, nem mesmo as guerras sem fim durante séculos e séculos conseguiram reduzir a vantagem tenaz da vida sobre a morte”. Então é possível – continua o escritor – “uma nova e arrebatadora utopia da vida, onde as estirpes condenadas a cem anos de solidão tenham, por fim e para sempre, uma segunda oportunidade sobre a terra”.
Os colombianos não estão sós
Para o Pontífice, o tempo gasto no ódio e na vingança é muito, e a solidão de estar sempre uns contra os outros aproxima-se dos cem anos. E concluiu falando do motivo da visita apostólica: “Quis vir aqui para dizer-lhes que não estão sozinhos, que somos muitos que queremos acompanhar esta etapa. Esta viagem quer ser um incentivo para vocês, uma contribuição que aplane de algum modo o caminho para a reconciliação e a paz”.
Fonte: Rádio Vaticano