Papa: reconhecer-se pecador é a porta para encontrar Jesus

Publicado em 22/09/2017 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


papa 21 set

“A porta para encontrar Jesus é reconhecer-se pecador”, afirmou o Papa Francisco na Missa celebrada na manhã desta quinta-feira, na Capela da Casa Santa Marta.

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Sua homilia repassa a conversão de São Mateus – festejado hoje pela Igreja – episódio retratado pelo pintor italiano Caravaggio em uma tela muito cara à Francisco.

Três as etapas do acontecido: encontro, festa e escândalo. Jesus havia curado um paralítico e encontra Mateus, sentado no banco dos impostos. Fazia o povo de Israel pagar os impostos para depois dá-los aos romanos e por isto era desprezado, considerado um traidor da pátria.

Jesus olhou para ele e disse: “Segue-me”. Ele levantou-se e o seguiu, como narra o Evangelho do dia.

De um lado, o olhar de São Mateus, um olhar desconfiado, olhava “de lado”. “Com um olho, Deus” e “com o outro o dinheiro”, “agarrado ao dinheiro como pintou Caravaggio”, e também com um olhar impertinente. De outro, o olhar misericordioso de Jesus que – disse o Papa – olhou para ele com tanto amor”.

A resistência daquele homem que queria o dinheiro “cai”: levantou-se e o seguiu. “É a luta entre a misericórdia e o pecado”, sintetiza o Papa.

O amor de Jesus pode entrar no coração daquele homem porque “sabia ser pecador”, sabia “não ser bem quisto por ninguém”, era desprezado.

E justamente “a consciência de pecador abriu a porta para a misericórdia de Jesus”. Assim, “deixou tudo e foi”. Este é o encontro entre o pecador e Jesus:

“É a primeira condição para ser salvo: sentir-se em perigo; a primeira condição para ser curado: sentir-se doente. E sentir-se pecador, é a primeira condição para receber este olhar de misericórdia. Mas pensemos no olhar de Jesus, tão bonito, tão bom, tão misericordioso. E também nós, quando rezamos, sentimos este olhar sobre nós; é o olhar de amor, o olhar da misericórdia, o olhar que nos salva. Não ter medo”.

Como Zaqueu, também Mateus, sentindo-se feliz, convidou depois Jesus para come em sua casa. A segunda etapa é justamente “a festa”.

Mateus convidou todos os amigos, “aqueles do mesmo sindicato”, pecadores e publicanos. Certamente à mesa, faziam perguntas ao Senhor e ele respondia.

Isto – observa o Papa – faz pensar naquilo que disse Jesus no capítulo 15 de Lucas: “Haverá mais festa no Céu por um pecador que se converta do que por cem justos que permanecem justos”.

Trata-se da festa do encontro do Pai, a festa da misericórdia”. Jesus, de fato, trata a todos com misericórdia sem limite, afirma Francisco.

Então, o terceiro momento, o do “escândalo”. Os fariseus vendo que publicanos e pecadores sentaram-se à mesa com Jesus, perguntavam  aos seus discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?”.

“Um escândalo sempre começa com esta frase: “Por que?””, explica o Papa. “Quando vocês ouvem esta frase, cheira” – sublinha – e “por trás vem o escândalo”.

Tratava-se, em substância, da “impureza de não seguir a lei”. Conheciam muito bem “a Doutrina”, sabiam como seguir “pelo caminho do Reino de Deus”, conheciam “melhor do que ninguém como se devia fazer”, mas “haviam esquecido o primeiro mandamento do amor”.

E assim, “fecharam-se na gaiola dos sacrifícios, quem sabe pensando: “Mas, façamos uma sacrifício a Deus”, façamos tudo o que se deve fazer, “assim, nos salvamos”. Em síntese, acreditavam que a salvação viesse deles próprios, sentiam-se seguros.

“Não! Deus nos salva, nos salva Jesus Cristo”, enfatizou o Papa:

“Aquele “por que” que tantas vezes ouvimos entre os fiéis católicos quando viam obras de misericórdia. “Por que?”  E Jesus é claro, é muito claro: “Ir e aprender”. E os mandou aprender, não? “Ide e aprendei o que quer dizer misericórdia – (aquilo que) eu quero – e não sacrifícios, porque eu não vim, de fato, para chamar os justos, mas os pecadores”. Se tu queres ser chamado por Jesus, reconhece-te pecador”.

Francisco exorta, portanto, a reconhecer-se pecadores, não de forma abstrata, mas “com pecados concretos”:  “todos nós os temos, tantos”, afirma.

“Deixemo-nos olhar por Jesus com aquele olhar misericordioso cheio de amor”, prossegue.

E detendo-se ainda no escândalo, ressalta que existem tantos:

“Existem tantos, tantos. E sempre, também na Igreja hoje. Dizem: “Não, não se pode, é tudo claro, é tudo, não, não… eles são pecadores, devemos afastá-los”. Também tantos Santos são perseguidos ou se levanta suspeitas sobre eles. Pensemos em Santa Joana d’Arc, mandada para a fogueira, porque pensavam que fosse uma bruxa, pensem no Beato Rosmini. “Misericórdia eu quero, e não sacrifícios”. E a porta para encontrar Jesus é reconhecer-se como somos, a verdade. Pecadores. E ele vem, e nos encontramos. É tão bonito encontrar Jesus!” (JE)

Papa Francisco: a corrupção é um “habitus” construído sobre a idolatria do dinheiro

 

O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã desta quinta-feira, no Vaticano os membros da Comissão Parlamentar italiana Antimáfia.

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No seu discurso aos presentes o Santo Padre dirigiu primeiramente o seu pensamento a todas as pessoas que na Itália pagaram com a vida a sua luta contra as máfias. Francisco recordou então em particular três magistrados: o servo de Deus Rosário Livatino, assassinado em 21 de setembro de 1990; Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, assassinados 25 anos atrás.

Depois de recordar as palavras de Jesus que “o que sai do homem é o que torna o homem impuro” destacou que o ponto de partida permanece sempre o coração do homem, as suas relações, os seus apegos.

Nunca seremos suficientemente vigilantes neste abismo onde a pessoa está exposta a tentações de oportunismo, engano e fraude, tornada mais perigosa ao recusar a se questionar. Quando você se fecha na autossuficiência, chega-se facilmente ao prazer de si mesmo e à pretensão de ser a norma de tudo e de todos. É sinal disso também uma política desviante, inclinada a interesses de parte e acordos pouco claros. Então, chega-se a sufocar os apelos da consciência, a banalizar o mal, confundir a verdade com a mentira e a aproveitar-se do papel de responsabilidade pública que possui.

Francisco afirmou em seguida: “A política autêntica, a que reconhecemos como uma forma eminente de caridade trabalha, em vez disso, para assegurar um futuro de esperança e promover a dignidade de cada um. É precisamente por isso que vê a luta contra as máfias como uma prioridade, pois roubaram o bem comum, removendo esperança e dignidade das pessoas”.

Para este fim, torna-se decisivo opor-se de todos os modos ao grave problema da corrupção, que, no desprezo do interesse geral, representa o terreno fértil no qual as máfias se envolvem e se desenvolvem.

“A corrupção, – disse Francisco – sempre encontra o modo para se justificar, apresentando-se como a condição “normal”, a solução de quem “esperto”, o caminho para atingir os seus objetivos. Tem uma natureza contagiosa e parasitária, porque não se nutre do que de bom produz, mas do que subtrai e rouba. É uma raiz venenosa que altera a sã concorrência e afasta os investimentos. Enfim, a corrupção é um “habitus” construído sobre a idolatria do dinheiro e da mercantilização da dignidade humana, por isso deve ser combatida com medidas não menos incisivas do que as previstas na luta contra as máfias”.

O Papa afirmou que combater as máfias significa não só reprimir. Significa também recuperar, transformar, construir, e isso implica um compromisso em dois níveis. O primeiro é o político, através de uma maior justiça social, porque as máfias têm facilidade em proporem-se como um sistema alternativo precisamente sobre o território onde faltam direitos e oportunidades: trabalho, lar, educação e assistência sanitária.

O segundo nível de compromisso é econômico, através da correção ou supressão de mecanismos que geram em todos os lugares desigualdade e pobreza. Hoje, não podemos mais falar sobre lutar contra as máfias sem elevar o enorme problema de uma economia soberana sobre as regras democráticas através das quais as realidades criminosas investem e multiplicam os já ingentes lucros dos seus tráficos como drogas, armas, tráfico de pessoas, eliminação de resíduos tóxicos, condicionamentos de grandes contratos de obras, jogos de azar.

Estes dois níveis, político e econômico, – disse ainda o Papa – pressupõem outro não menos essencial, que é a construção de uma nova consciência civil, a única que pode levar à verdadeira libertação das máfias. Serve – afirmou Francisco -, educar e educar-se a uma constante vigilância sobre si mesmo e sobre o contexto em que se vive, aumentando a percepção dos fenômenos de corrupção e trabalhando para um modo novo de ser cidadão, que inclua o cuidado e a responsabilidade pelos outros e pelo bem comum.

Enfim, o Papa Francisco disse que não se pode esquecer que a luta contra as máfias atravessa a tutela e a valorização das testemunhas da justiça, pessoas expostas a riscos sérios que escolheram denunciar as violências das quais foram testemunhas. Deve ser encontrado um caminho que permita a uma pessoa correta, mas pertencente a famílias ou contextos mafiosos, mudar sem sofrer vinganças e retaliações. Há muitas mulheres, especialmente as mães que estão tentando fazê-lo, recusando a lógica criminosa, desejando garantir aos seus filhos um futuro diferente, concluiu o Santo Padre. (SP)

Papa envia ajuda ao México atingido por violento terremoto

 

Após o violento terremoto que atingiu o México, causando – segundo dados verificados, mas ainda não definitivos – aos menos 250 vítimas, além de ingentes danos materiais, o Papa Francisco dispôs, mediante o Dicastétrio para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, o envio de uma primeira contribuição de 150 mil dólares para o socorro às populações nesta fase de emergência, lê-se num comunicado.

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Expressão do sentimento de proximidade espiritual e paterno encorajamento do Santo Padre

Em colaboração com a Nunciatura Apostólica, a soma será dividida entre as dioceses mais atingidas pela calamidade. O aporte será utilizado em obras de assistência às vítimas do terremoto e quer ser uma imediata expressão do sentimento de proximidade espiritual e paterno encorajamento para as pessoas e os territórios atingidos, manifestados pelo Santo Padre na audiência geral desta quarta-feira, 20 de setembro.

Auxílio é parte das ajudas de toda a Igreja católica em favor da amada população mexicana

Ainda segundo o comunicado do referido Dicastério vaticano, essa contribuição, que acompanha a oração – especialmente dirigida a Nossa Senhora de Guadalupe – como apoio à amada população mexicana, é parte das ajudas que estão sendo ativadas em toda a Igreja católica e que envolvem, além de várias Conferências episcopais, numerosos organismos de caridade. (RL)



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