Catequese Papa Francisco: Pai Nosso

Publicado em 13/12/2018 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


 

“Pai Nosso”: uma oração “ousada” porque “nenhum de nós, nenhum teólogo famoso ousaria orar a Deus desta forma”, diz o Papa

 

A oração “reside onde quer que haja qualquer pessoa que esteja com fome, que chore, que lute, que sofre e se pergunta “por que isso está acontecendo?”, e a fé “é um hábito de botar para fora”: é isso o que Jesus apontou quando ensinou o “Pai Nosso”: uma oração “ousada” porque “nenhum de nós, nenhum teólogo famoso ousaria orar a Deus desta forma”, explicou o Papa na audiência geral. E ao ensinar como orar tal qual uma criança que conversa com seu pai, Francisco salientou que Jesus “não quer deixar de lado a humanidade, não quer nos anestesiar, não quer que deixemos de fazer perguntas para aturar tudo sem questionar: ao invés disso, quer que todo sofrimento, toda inquietação, suba ao céu e se torne um diálogo.”

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 12-12-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.

Nesse sentido, “não é verdade” que a oração de súplica seja uma forma fraca de fé, e que a oração mais autêntica é a de louvor, porque “a fé do pedido é autêntica, é espontânea, é um ato de fé em Deus que é Pai”. O “Pai Nosso”, disse o Papa, continuando a ensinar sobre a oração que Jesus nos ensinou, é “ousada” porque “se Cristo não tivesse sugerido, provavelmente nenhum de nós, nenhum teólogo famoso ousaria orar a Deus desta maneira.

De fato, Jesus convida seus discípulos a ficarem próximos de Deus e a fazerem pedidos a Ele com confiança. Não há preâmbulos no “Pai Nosso”: Jesus não ensina fórmulas de “bajulação”, pelo contrário, ele nos convida a orar ao Senhor quebrando as barreiras do temor e reverência. Ele não ensina a se dirigir a Deus o chamando de “Todo-poderoso”, “Altíssimo”, “Você, que estão tão longe de nós, e eu que sou apenas uma pessoa pobre”, mas simplesmente com a palavra “Pai”, com toda a simplicidade, como as crianças abordam seu pai: e esta palavra “pai” expressa confiança, a confiança filial.”

A oração do “Pai Nosso”, continuou o Papa, “tem suas raízes em nossa realidade concreta. Por exemplo, nos faz pedir o pão, pão de cada dia: um pedido simples, mas essencial, que mostra que a fé não é um pedido “decorativo”, separado da vida, necessário somente quando todas as outras necessidades foram satisfeitas. A oração – Jesus nos ensina -, reside onde quer que haja qualquer pessoa que esteja com fome, que chore, que lute, que sofre e se pergunta “por que isto está acontecendo?”. Nossa primeira oração, em certo sentido, foi o grito que acompanhou nossa primeira respiração como uma criança recém-nascida”.

O Papa citou Bartimeu, que ao ver o Senhor, gritou: “Jesus, tenha misericórdia de mim”, apesar de “muitas pessoas lhe dizerem para ficar em silêncio”, dizendo “quieto, o Senhor está passando; o Mestre tem muita coisa para fazer, não o importune; você é irritante com seus gritos, não perturbe”. Francisco insistiu em enfatizar que “a oração não só precede a salvação, mas de alguma forma já a contém, porque liberta do desespero aqueles que não veem saída para tantas situações insuportáveis”.

“É claro – disse o Papa novamente -, os fiéis também sentem necessidade de louvar a Deus”, mas, apontou Francisco, “nenhum de nós é obrigado a abraçar a teoria levantada por alguém no passado, de que a oração de súplica, ou pedir algo para si mesmo, é uma forma fraca de fé, enquanto a oração mais autêntica seria puro louvor, que procura a Deus sem o peso de qualquer tipo de pedido. Não! Isto não é verdade, a oração de petição é autêntica, é espontânea, é um ato de fé em Deus que é Pai, bom, onipotente, um ato meu de fé, que sou um pequeno pecador precisando de alguma coisa e por esta razão a oração de pedido é algo é muito nobre. Deus é o Pai, que tem uma imensa compaixão por nós, e quer que seus filhos falem com ele sem medo, diretamente, “Pai, estou lutando, mas Senhor, por que deixaste isso acontecer?”. Por esta razão – concluiu -, podemos Lhe dizer tudo, até mesmo as coisas que permanecem incompreensíveis em nossas vidas. E Ele prometeu que estaria conosco para sempre, até nosso último dia na terra. Rezemos ao nosso Pai, portanto, começando, simplesmente por “Pai” ou “Papai”, e ele vai nos compreender e amar muito”.

No momento de se dirigir aos vários grupos de peregrinos, o Papa saudou, em particular, os parlamentares austríacos que estavam em Roma por ocasião do bicentenário da canção de Natal “Stille Nacht” [Noite Feliz, na versão em português], que, disse ele, “com a sua profunda simplicidade, esta canção nos faz compreender o acontecimento da Noite Santa”.

Ele lembrou aos fiéis poloneses que a Virgem de Guadalupe, celebrada naquele dia (12 de dezembro), que “se pode ver que ela está grávida, esperando o Salvador”. Também disse que João Paulo II “pediu a sua proteção materna, a vida e a inocência das crianças, especialmente aquelas que correm o risco de não nascer”, e orou pelo “dom das crianças para famílias que ainda não tem filhos, o respeito pela vida concebida e a abertura dos corações aos valores do Evangelho.”

Novamente pela “nossa Santa Padroeira” da América Latina, “Mãe de Guadalupe”, Francisco saudou em particular os numerosos peregrinos mexicanos e, finalmente, os italianos. Embora em menor número, o Papa disse que “os mexicanos, latino-americanos, eram mais ruidosos”, acrescentando, em vista da missa que preside às 6 da tarde do dia 12 de dezembro na Catedral de São Pedro, o pedido à Virgem de Guadalupe para “nos acompanhar até o Natal e reviver em nós o desejo de acolher com alegria a luz do seu filho Jesus, para a fazer brilhar cada dia mais na escuridão do mundo”.

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Fonte: Unisinos



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