Celebrando a Solenidade de Cristo Rei
“Acima d’Ele havia um letreiro: ‘Este é o Rei dos judeus’” (Lc 23,38)
O último domingo do ano litúrgico é dedicado pela Igreja à solenidade de Cristo Rei, celebração criada em 1925, pelo Papa Pio XI. Naquele contexto, a Igreja via como necessário reafirmar a soberania real de Jesus e de seus ensinamentos, em um mundo que ia se afastando cada vez mais do Senhor.
Na realidade não é uma festa Bíblica, pois Jesus não aparece na Bíblia como um Senhor Glorioso dos povos, Ele é Rei da paz e Rei do amor sem limite até a morte. A divindade de Jesus é lembrada quando se manifesta, colocando-se a serviço da humanidade, um serviço diferente de qualquer outro prestado por pessoas poderosas.
Sua realeza é diversa daquela que prioriza a riqueza e o poder, tanto que estão zombando dele nas vezes em ela aparece nas escrituras. A primeira, quando entra em Jerusalém , na figura de um pobre montado em um jumento emprestado, e, na segunda vez, quando foi revestido por um manto de cor púrpura e uma coroa de espinhos, morrendo despido na cruz, com o coração transpassado.
A soberania dessa realeza de Cristo consiste no serviço da cultura da paz e da solidariedade, da compaixão e da fraternidade. O poder que corresponde a essa realeza é o do exercício da autoridade que serve, para fazer o milagre da diversidade tornar-se unidade. Em síntese, o verdadeiro serviço de Jesus foi mostrar que nós somos criaturas de Deus, feridas pelo pecado, mas que Nele podemos encontrar de novo o sentido de nossas vidas, que sem Ele caminha para a morte.
Com a festividade devemos confirmar que na Cruz Jesus derrotou o ”poder dominador”, o ”poder opressor”, criador de desigualdades e exclusões, espalhador de sofrimento por todos os lados. O sonho tornou-se realidade em Jesus Cristo. Ele nos humaniza com a Sua divindade: nunca Deus esteve tão perto de nós, sendo um de nós e sem privilégios; mas também sem crimes nem pecados (cf. epístola aos Hebreus).
Um dos fundamentos para essa crença é que a pessoa de Jesus de Nazaré realiza o sonho de uma humanidade humanizada, expresso na primeira leitura do livro de Daniel, ao descrever a figura da pedra do fim dos tempos para indicar que o reino de Cristo enfim substituirá todos os reinos do mundo.
Como São Paulo, vivemos na esperança, mas sabendo de seu tríplice fundamento: aquele da evolução do universo, que culminou em Jesus, pelo dom de Maria; aquele que é Jesus, que, por nós se doou na cruz, abrindo para nós um modo de viver para Deus e para os outros, o que é verdadeira salvação; e aquele que é a Igreja, a nossa comunidade de fé, que nos lança e sustenta na abertura radical ao futuro, esperando Deus que vem e que nos acolhe com amor infinito, por meio do seguimento de Seu Filho, por quem recebemos a vida e a plenitude da graça de Deus.
Fonte: Canção Nova e A12