A fé que faz diferença na copa
Por Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Quem assistiu os jogos da Copa percebeu tanto nos jogadores como nos torcedores, sinais de fé ou pelo menos de crenças religiosas. Jogadores que usam medalhas, rezam se persignam, e elevam os braços em sinal de gratidão a Deus.Do lado da torcida também foram expressivas as manifestações de preces, de mãos voltadas para os jogadores transmitindo força e inspiração.
O que acrescenta a fé, pode definir a vitória de um jogo? Primeiramente devemos esclarecer que Deus não vai tomar partido de uns contra os outros.Sendo o amor e a misericórdia em pessoa, protege, cuida e defende a todos.O Pe. Anthony de Mello explica bem esta assertiva com uma historinha intitulada: Jesus vai ao estádio de futebol. Jesus fica sentado na Arquibancada, um time faz um gol e Ele se levanta e festeja depois de certo tempo o outro time faz um gol e Ele se levanta de novo e festeja com alegria.
Um torcedor surpreso, pergunta: Afinal para quem você está torcendo? Ele responde com serenidade, eu vibro com a arte, a alegria de todos, gosto daquilo que faz bem aos meus irmãos. Não se pode usar a Deus para conseguir um resultado, ou para que Ele amarre as pernas do adversário. Deus nos protege contra o mal, o jogo brusco e desleal sim, mas a sua influência ou graça é nos tornarem esportistas e atletas mais íntegros, corajosos, humildes e solidários purificando-nos do estrelismo, arrogância e da tentação de vencer a qualquer custo, atingindo muitas vezes a integridade física do oponente.
A verdadeira religião coloca as coisas no seu lugar, é bonito torcer, é muito válido ganhar, mas o importante é como conseguimos a vitória, não existem mãos de Deus que introduzam a bola no gol como afirmava um jogador se justificando por ter feito um gol com a mão. A vitória é uma consequência de um esforço e empenho pessoal e cooperativo, de honra e patriotismo, de respeito pela camiseta e pela bandeira e o que elas significam. Um jogo de futebol numa copa mundial é uma excelente oportunidade para fazer crescer a consciência da fraternidade universal, que por cima das diferentes culturas, etnias e raças constituímos uma só família, e que a paz e o amor são as únicas medalhas que não obscurecem nem perdem o verdadeiro brilho que vem do Pai.
Deus seja louvado!
CNBB
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz é bispo de Campos (Rio de Janeiro).
Fonte: CNBB/Dom Total