A mãe nos espera junto ao Filho

Publicado em 18/08/2013 | Categoria: Notícias |


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A mãe nos espera junto ao Filho

Liturgia da Missa – Reflexão sobre a Mesa da Palavra  Domingo 18-08-2013

 Assunção de Nossa Senhora

 

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu”. Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador, pois, ele viu a pequenez de sua serva, eis que agora as gerações hão de chamar-me de bendita. O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome! O Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam. Demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos. Derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou. De bens saciou os famintos despediu, sem nada, os ricos. Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre”. Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa. Lc. 1, 39-56

 

Na comunidade um grupo está à frente das coisas. Estão constantemente abertos ao trabalho. Ao olhá-los mais de perto duas características saltam à vista: São geralmente os mesmos aqueles que mais trabalham, encontrando-se todos bem assoberbados. O outro ponto é que em sua maioria este grupo é constituído pelas mulheres. Tal fato fez com que constatassem, além da disponbilidade da mulher ao serviço, que quanto mais tempo as pessoas têm livre, menos capacidade possuem para se doar. Há que se aprender com Maria. A mãe, grávida e cheia de coisas a fazer em Nazaré, sai corrrendo para servir, por três meses, à sua prima em necessidade.

 

A festa de hoje é de grande alegria para toda a Igreja. Celebramos a partida da nossa mãe para o céu. Maria de Nazaré, aquela mulher simples, do povo, pobre e provavelmente analfabeta é elevada aos céus. Maria, menina vinda de um povoado pequenino, do qual até duvidavam que pudesse sair gente importante, é levada inteira para a glória do colo de Deus.

 

É essa Maria, mulher que se põe toda a serviço, que o Papa Pio XII proclama como totalmente assumida, aceita em cada pedacinho da sua história, realidade e vida pelo céu.

 

Por isto essa festa de hoje é a celebração também da ressurreição. Já tinha acontecido a de Jesus, homem e Deus. Eis que vem agora uma criatura plenamente humana, a mãe do Ressuscitado, que é elevada para a glória de Deus. Sem dúvidas que é também por causa disto que adquirimos mais certeza ainda da nossa própria ressurreição.

 

Maria de Deus é Maria do povo. Nosso Deus vem e se encanta na terra com os seus pequenos, eis que eles, aos seus olhos, são imensos. Acolhe em seu seio os deslumbramentos da criação e Maria é essa maravilha primeira que Ele envolve totalmente. Nosso Deus é atento e não deixa que se perca nada que tenha valor aqui na terra. Cuidadoso com o que vale realmente – que é bem diferente daqueles tesouros dos quais o Evangelho tratava no domingo passado – O Senhor se alegra porque descobre naquela cidadezinha esquecida, uma mulher totalmente aberta para os dons do Amor.

 

Maria não se divide como nós. Ela é toda de Deus. E por ser totalmente dele ela se dá completamente ao mundo. Está aí o sentido profundo da sua virgindade. Uma mulher que é tão aberta a Deus e às suas maravilhas que só pode mesmo ser pura. Nada do que ela fez ficou de fora da bondade do Pai. Tudo nela é bom e por isto tudo é levado para o alto. Tudo é elevado. Tudo é assunto ao céu.

 

Ela vai toda, apressadamente, para se colocar inteira no serviço de Isabel. Nessa visita une o Antigo com o Novo Testamento. Vejamos como Lucas nos mostra esta reunião. De um lado está Maria a mulher que traz no ventre aquele que é a maior novidade possível para nós, humanos. À sua frente está postada a mulher idosa, Isabel, grávida daquele que será o último profeta da Antiga Lei. Que momento estupendo. Que cena mais bonita, Maria e Isabel, Primeiro e Segundo Testamentos se encontrando para a redenção (a ressurreição) do gênero humano.

 

É momento de grande festa, nele até os bebês ainda nas barrigas maternas se rejubilam. Precisa ser celebrado. Maria então proclama o que Deus faz nela e, por extensão, também nos pequeninos de todos os tempos. Hora que precisa ser cantada, mas não por qualquer poema. É preciso ser um canto deixando bem claro que a ordem, até então considerada como natural das coisas, precisa ser revista caso, como ela, também acolhermos em nós o Salvador.

 

Maria não se divide e por isto é resgatada inteira pela Trindade. Conosco é diferente. Somos divididos e temos coisas em nós que precisam ser podadas para que possamos ser levados por Deus. Por isto não haverá a nossa assunção como a da mãe. Seremos ressuscitados o que já é uma coisa extraordinária. E na vida nova, que será eterna, não estaremos mais separados. Seremos completos e assim, inteiros, estaremos com a Trindade Santa, juntos de Maria que lá espera pelos seus filhos.

 

Na Bíblia não há textos específicos da Assunção. Por isto é necessário que se busquem leituras que a possam representar neste momento no qual Deus a glorifica. No Evangelho temos a visita de Maria à Isabel e na primeira leitura temos uma passagem muito bonita do Apocalipse que, inicialmente se referia à Igreja perseguida dos primeiros tempos, mas que pode muito bem também representar a nossa mãe. Sim, porque Maria foi na sua vida esta representação primeira e completa da Igreja. Não e a toa que ela é a Mãe da Igreja.

 

E por falar em Igreja, como é necessário valorizar mais a participação da mulher nela! Fez-nos muito bem as declarações do Papa Francisco, logo após a JMJ-Rio sobre a importância da mulher na Igreja e que é preciso redefinir uma nova “especificação teológica para elas”. Um novo lugar teológico. Que não fique somente na intenção do Papa, mas que se coloquem os meios para que algo seja concretizado nessa linha. Sem as “Marias” quantas comunidades morreriam em nosso país…

 

A segunda leitura vem nos reforçar este sentido de ressurreição da liturgia de hoje. O último inimigo, lembra-nos Paulo, que é a morte é vencido. Ainda temos os inimigos menores que nos atrapalham no dia a dia. As paixões desordenadas, as fixações e pecados, os falsos tesouros que juntamos. Mas podemos ter a certeza de que esses também passarão, na medida em que o maior dos inimigos será também posto sob os pés do Senhor da História.

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Pontos para reflexão durante a semana:

 

– Maria vai, apressadamente, ajudar sua prima grávida. Como está a dimensão do serviço na minha vida?

 

– Todos nós temos uma grande devoção a nossa Senhora. Vale agora avaliarmos como está essa devoção. Permanece estacionada da mesma maneira que era no meu tempo de criança, ou cresce e se aprofunda comigo na medida em que me desenvolvo na vida e na fé?

 

– Minha vocação primeira é a cristã. É a partir dela que irei assumir a vocação específica na Igreja de Jesus. Como sigo a minha vocação cristã? Tenho clara a vocação de leigo(a) na Igreja?

 

 

 

Fernando Cyrino

www.fernandocyrino.com

 



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