A paz de Jesus não são coisas mas uma pessoa
Esta é mensagem principal do Papa Francisco na Missa na Capela da Casa de Santa Marta na manhã desta terça-feira.
Partindo do Evangelho de S. João, proposto pela liturgia do dia, na passagem em que Jesus está para enfrentar a Paixão e anuncia aos discípulos: “Dou-vos a minha paz”, o Papa Francisco afirmou que quem acolhe no coração o Espírito Santo terá uma paz sólida e sem fim, ao contrário de quem escolhe confiar em modo superficial na tranquilidade oferecida pelo dinheiro ou pelo poder.
“Esta é uma paz que dá o mundo. Não te preocupes, não terás problemas porque tu tens tanto dinheiro… A paz da riqueza. E Jesus diz-nos para não ter confiança nesta paz, porque com grande realismo nos diz: ‘Olhai que existem ladrões… e os ladrões podem roubar as tuas riquezas!’. Não é uma paz definitiva aquela que te dá o dinheiro. E vede que o próprio metal enferruja? O que é que isto quer dizer? Uma queda na Bolsa e todo o teu dinheiro desaparece! Não é uma paz segura: ´´e uma paz superficial, temporal.”
Segundo o Papa Francisco a paz de Jesus que é o Espírito Santo, é uma paz definitiva que devemos guardar no nosso coração:
“A paz de Jesus é uma Pessoa, é o Espírito Santo! No próprio dia da Ressurreição, Ele vem ao Cenáculo e a saudação é: ‘A paz esteja convosco. Recebei o Espírito Santo’. Esta é a paz de Jesus: é uma Pessoa, é uma prenda grande. E quando o Espírito Santo está no nosso coração, ninguém pode tirar-lhe a paz. Ninguém! É uma paz definitiva! O nosso trabalho qual é? Guardar esta paz. Guardá-la! É uma paz grande, é uma paz que não é minha, é de uma outra Pessoa que me oferece, de uma outra Pessoa que está dentro do meu coração e que me acompanha toda a vida.”
E o Papa Francisco concluiu a sua homilia dizendo que a paz de Jesus, o Espírito Santo, recebe-se no Batismo e no Crisma e deve ser acolhida, por cada um de nós, “como uma criança recebe uma prenda”, “sem condições e de coração aberto”. (RS)
Leia também:
Aos Bispos Italianos, Papa Francisco pede que se enfrentem as questões, mas sem romper a unidade e recorda quanto recomendava Paulo VI, há 50 anos
Dirigindo-se nesta segunda-feira à tarde aos membros da Conferência Episcopal Italiana (CEI), na abertura da assembleia geral, Papa Francisco advertiu que os bispos devem estar próximos das dificuldades das famílias e dos desempregados.
“Entre os lugares em que a vossa presença me parece particularmente necessária e significativa – e a respeito da qual um excesso de prudência seria uma condenação à irrelevância – é a família”, declarou, considerando que os responsáveis católicos devem propor à sociedade atual a “centralidade e beleza” da família.
“Hoje a comunidade doméstica é fortemente penalizada por uma cultura que privilegia os direitos individuais e transmite a lógica do provisório”, observou. Neste contexto, o Papa pediu ainda uma atenção particular “sobre quem está ferido nos afetos e vê ficar comprometido o seu próprio projeto de vida”.
Na sua intervenção, que durou 32 minutos, o Papa falou de “emergência histórica” que “interpela à responsabilidade social de todos” e mencionou expressamente o drama dos imigrantes, a crise ecológica e “novas formas de marginalização e exclusão”. “A necessidade de um novo humanismo é gritada por uma sociedade sem esperança, abalada nas suas certezas fundamentais, empobrecida por uma crise que, mais do que económica, é cultural, moral e espiritual”, observou.
No início do discurso, o Papa gracejou com recentes artigos de jornais italianos que davam conta de uma alegada divisão no seio da presidência da CEI. “Na presidência, são todos homens do Papa, para usar esta linguagem política”, frisou, acrescentando que “a imprensa, às vezes, inventa muitas coisas”.
E declarou que, como bispo de Roma, espera dos membros do episcopado italiano que sejam “pastores de uma Igreja que é comunidade do ressuscitado”, insistindo na necessidade de uma relação pessoal entre cada bispo e Jesus Cristo.
O Papa defendeu um “forte e renovado espírito de unidade” na Igreja Católica na Itália, para evitar as tentações que “desfiguram” as comunidades cristãs, como “a coscuvilhice, as meias verdades que se transformam em mentiras, a ladainha das lamentações”, a inveja, os ciúmes ou a “ambição”. “Nada justifica a divisão”, insistiu.
A intervenção destacou a necessidade de participação e colegialidade para promover o “diálogo”. “É importante, numa assembleia, que cada um diga o que sente”, observou o Papa Francisco, evocando o que a esta mesma Conferência Episcopal disse Paulo VI, precisamente há 50 anos, em abril de 1964. Por sua vontade, este discurso do Papa Montini – bem atual, sublinhou – foi mesmo distribuído a todos os bispos italianos.Dirigindo-se nesta segunda-feira à tarde aos membros da Conferência Episcopal Italiana (CEI), na abertura da assembleia geral, Papa Francisco advertiu que os bispos devem estar próximos das dificuldades das famílias e dos desempregados.
“Entre os lugares em que a vossa presença me parece particularmente necessária e significativa – e a respeito da qual um excesso de prudência seria uma condenação à irrelevância – é a família”, declarou, considerando que os responsáveis católicos devem propor à sociedade atual a “centralidade e beleza” da família.
“Hoje a comunidade doméstica é fortemente penalizada por uma cultura que privilegia os direitos individuais e transmite a lógica do provisório”, observou. Neste contexto, o Papa pediu ainda uma atenção particular a “quem está ferido nos afetos e vê ficar comprometido o seu próprio projeto de vida”.
Na sua longa intervenção (mais de meia hora), o Papa falou de “emergência histórica” que “interpela à responsabilidade social de todos” e mencionou expressamente o drama dos imigrantes, a crise ecológica e “novas formas de marginalização e exclusão”. “A necessidade de um novo humanismo é gritada por uma sociedade sem esperança, abalada nas suas certezas fundamentais, empobrecida por uma crise que, mais do que económica, é cultural, moral e espiritual”, observou.
Na parte inicial da sua intervenção, o Papa gracejou com recentes artigos de jornais italianos que davam conta de uma alegada divisão no seio da presidência da CEI. “Na presidência, são todos homens do Papa, para usar esta linguagem política”, frisou, acrescentando que “a imprensa, às vezes, inventa muitas coisas”.
E declarou que, como bispo de Roma, espera dos membros do episcopado italiano que sejam “pastores de uma Igreja que é comunidade do ressuscitado”, insistindo na necessidade de uma relação pessoal entre cada bispo e Jesus Cristo.
O Papa defendeu um “forte e renovado espírito de unidade” na Igreja Católica na Itália, para evitar as tentações que “desfiguram” as comunidades cristãs, como “a coscuvilhice, as meias verdades que se transformam em mentiras, a ladainha das lamentações”, a inveja, os ciúmes ou a “ambição”. “Nada justifica a divisão”:
“A falta ou em todo o caso a pobreza de comunhão constitui o maior escândalo, a heresia que deturpa o rosto do Senhor e dilacera a sua Igreja. Nada justifica a divisão: mais vale ceder, é melhor renunciar, dispostos a carregar com uma injustiça – em vez de rasgar a túnica e escandalizar o povo santo de Deus”.
Papa Francisco não aceita a contraposição simplista entre “nós” e “os outros” ou a atitude de quem considera que já tem muito com que se preocupar e que portanto não tem nada que ver com os problemas alheios. A questão – insiste, citando o juízo final de Mateus 25 – é perguntarmo-nos: Temo eu o juízo de Deus? Ou mantenho-me no meu canto, sem atravessar a praça, limitando-me a uma expectativa estéril, à sombra da torre da paróquia, deixando o mundo seguir o seu caminho?
A intervenção destacou a necessidade de participação e colegialidade para promover o “diálogo”. “É importante, numa assembleia, que cada um diga o que sente”, observou o Papa Francisco, evocando o que a esta mesma Conferência Episcopal disse Paulo VI, precisamente há 50 anos, em abril de 1964. Por sua vontade, este discurso do Papa Montini – bem atual, sublinhou – foi mesmo distribuído a todos os bispos italianos.
Leia também:
Papa Francisco: “dialogar com os outros não significa relativizar a fé”
O diálogo inter-religioso não implica “relativizar a fé cristã”, diz o Papa Francisco numa mensagem enviada ao Cardeal Jean-Louis Tauran, por ocasião dos 50 anos do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso. O Papa sublinha, portanto, que a Igreja estará cada vez mais empenhada no diálogo com todos os que pertencem a diferentes tradições religiosas.
O Papa recorda antes de tudo que o Dicastério para o Diálogo Inter-religioso nasceu durante o Concílio Vaticano II, por vontade de Paulo VI. Nessa ocasião, “caracterizada por uma grande abertura”, a Igreja – observa o Papa – “sentia-se animada por um sincero desejo de encontro e de diálogo com toda a humanidade”. Aliás, continua o Papa, “o diálogo só é possível a partir da própria identidade”. Como foi mostrado por São João Paulo II, reitera o Papa Francisco, “diálogo e anúncio não se excluem mutuamente, mas têm uma íntima ligação, embora se tenha que manter distintos e não devem ser nem confusos nem instrumentalizados ou considerados equivalentes ou intercambiáveis”.
Como Cristo a caminho de Emaús, continua o Papa, “a Igreja deseja fazer-se próxima e companheira de viagem de cada homem”. Uma “tal disponibilidade de caminhar juntos – acrescenta – é tanto mais necessária no nosso tempo, marcado por interacções profundas e nunca antes conhecidas entre povos e culturas diferentes”. Neste contexto, garante o Papa, “a Igreja estará sempre mais empenhada a percorrer o caminho do diálogo e a intensificar a cooperação, já frutuosa, com todos aqueles que pertencem a diferentes tradições religiosas e partilham a vontade de construir relações de amizade e tomam parte nas numerosas iniciativas de diálogo”.
Por fim, o Pontífice agradece ao Dicastério para o Diálogo Inter-religioso pelo trabalho realizado nestes 50 anos e espera que continue “com renovado entusiasmo a sua missão, que vai beneficiar também a própria causa da paz e do autêntico progresso dos povos”.