Ações e dificuldades da iniciação à vida cristã
A Igreja no Brasil está preocupada com a iniciação dos fiéis à vida cristã. Essa é uma das cinco urgências da ação evangelizadora no país, traçadas nas diretrizes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
O documento que contém essas diretrizes da CNBB lembra, citando o documento de Aparecida, que “a iniciação cristã não se esgota na preparação aos sacramentos do Batismo, Crisma e Eucaristia. Ela se refere à adesão a Jesus Cristo. Esta adesão deve ser feita pela primeira vez, mas refeita, fortalecida e ratificada tantas vezes quantas o cotidiano exigir”.
O assessor da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da diocese de Taubaté (SP), padre Fábio dos Santos Modesto, destacou que a família tem papel fundamental nessa iniciação cristã, uma vez que é a “Igreja doméstica”, como dizia o Papa, hoje beato, João Paulo II. Mas no contexto social de hoje, padre Fábio lembrou que a família tem terceirizado quase tudo com relação à educação dos filhos e isso tem acontecido também com a fé.
“Nós, como Igreja, nunca teremos condições de iniciar adequadamente ninguém na fé se nós não contarmos com a família. Sem essa estrutura familiar e sem a preocupação da família com que seus filhos tenham fé, conheçam o conteúdo da fé, nós, enquanto Igreja, vamos continuar oferecendo simplesmente alguma pedagogia, instrução religiosa, mas iniciação à fé vai ser um trabalho bem insipiente”.
Mas se existe uma verdadeira família por trás do cristão, padre Fábio explicou que o papel da Igreja fica bem mais fácil, uma vez que terá, simplesmente, que utilizar métodos para organizar os conteúdos de fé.
O padre lembrou que, ao instituir o Ano da Fé, o Papa Bento XVI propõe que aconteça uma redescoberta da fé em seus conteúdos. Padre Fábio afirmou que hoje muitos católicos estão mal acostumados a pensarem que ter fé é ter um sentimento, uma comoção que o faz acreditar em alguma coisa, mas a fé da Igreja não é acreditar em qualquer coisa.
“A fé da Igreja tem conteúdo, então são esses conteúdos da fé que a Igreja vai organizar no trabalho catequético, sem nunca esquecer a mistagogia, porque nós precisamos continuar rezando, sentindo e nos comovendo, mas se as pessoas vêm até nós já tendo base, é muito mais simples”.
Porém, a mistagogia, ou seja, espiritualidade na catequese, conforme pontuou o sacerdote, não exclui a preocupação com os métodos, com as dinâmicas, principalmente tendo em vista a necessidade de uma linguagem renovada na Igreja. “É lógico que nós pedimos que os catequistas estejam antenados com a realidade, o Concílio Vaticano II nos diz que a nossa obrigação é sermos dóceis aos sinais dos tempos”.
Dificuldades
A linguagem já constitui uma das dificuldades encontradas para catequizar crianças e jovens hoje. Mas quanto a isso, o padre lembrou a postura do próprio Papa Bento XVI, que apesar de sua idade tem muita preocupação com os jovens, com a linguagem deles, em falar com eles. Um exemplo disso foi o lançamento do YouCat, que é o Catecismo da Igreja Católica direcionado especificamente para os jovens.
Além da linguagem, padre Fábio citou como dificuldades a conjuntura familiar e social, o desinteresse do jovem pela Igreja e a diferença de mentalidade, o paradigma no qual os jovens estão inseridos.
Ele lembrou que a Igreja fala de e instrui para valores perenes, mas a sociedade insiste naquilo que é mais volátil, de forma que esses chamados “contra-valores” da sociedade parecem ser mais interessantes a essa fase do ser humano, que é a infância, a juventude.
“Nós temos uma grande dificuldade de falar de perenidade, de moral, de ética. Então os desafios são imensos e variados, mas não significa que seja impossível”, finalizou.
Fonte: Canção Nova
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