Vocação, qual é a sua?
Todos somos chamados, só precisamos ficar atentos para não deixar a
Graça do Servir passar
Neste mês que celebramos as vocações, vamos publicar textos e depoimentos das mais variadas vocações.
Hoje o depoimento é da catequista Marisa Lisboa
No espaço de comentários, no final do post, você poderá deixar o seu depoimento sobre como foi chamado por Deus , seja na vocação religiosa ou leiga, dentro e fora da Igreja.
Estamos esperando o seu depoimento.
Depoimento de Marisa Lisboa
Catequista
Vocações
Iniciamos o nosso caminho de cristão, quando recebemos o sacramento do Batismo, e é assim, que começamos a participar, em igualdade de condições, da comunidade de irmãos que vivem para anunciar e testemunhar a Salvação trazida por Jesus Cristo a todos.
Não existe distinção de privilégios, entre nós, cristãos católicos. Existe sim, igualdade. O que nos difere são os ministérios que abraçamos, de acordo com as nossas vocações, isto é, ouvindo ao chamado que Deus nos faz, e é muito importante ressaltar: que ninguém está descartado.
Como catequista, fui chamada a missão de evangelizar. Uma missão de vida e de Palavra.
O catequista não é aquele que transmite regras e doutrinas. O catequista é aquele que atrai as pessoas ao seguimento de Jesus, para que possam experimentar o verdadeiro Amor, o Amor de Deus.
O catequista não nasce pronto. Assim como todos, somos pessoas em processo de crescimento e aprendizagem permanente. Não basta boa vontade para ser um catequista. É preciso formação; é preciso atualização; é preciso ser uma pessoa que goste de se comunicar; que goste de cultivar amizades; que testemunhe Jesus em sua vida.
Ser catequista é conhecer a alegria de transmitir um tesouro, não só as crianças, mas a todos que desconhecem a mensagem de uma vida de Amor.
Um convite gostaria de fazer: reflita, reze sobre sua vocação e tenho a absoluta certeza, que assim como eu, você também é uma pessoa vocacionada a ser um catequista.
Depoimento de Fernando Cyrino
Vocação Laical ao seguimento de Jesus
Todos somos chamados ao seguimento de Jesus. Está e a nossa vocação primeira. Leigos, consagrados, religiosos e clero temos todos o mesmo chamado: “Vem e segue-me”, foi o que disse Jesus de Nazaré. Este é o primeiro ponto que gostaria de ressaltar sobre a vocação. É que muitas vezes a forma como nos vemos – reparo que leigo não deixa de ser uma palavra horrível. Afinal ninguém contrataria um leigo para construir sua casa e muito menos para cuidar da sua saúde – em certo sentido inferiores em relação aos religiosos e ao clero, faz supor que a vocação dos padres, bispos e religiosos é maior, ou mesmo melhor do que a nossa.
Depoimento do Clérigo Henrique Fortes de Almeida Francioni Gama
Pequena obra da Divina Providência
Vocação: chamado de Deus e resposta dada por cada um de forma íntima e pessoal. Somos chamados, todos sem distinção a responder nossa primeira vocação de cristãos a partir de nosso batismo. Ao desenvolver e caminhar da vida discernimos nossas escolhas, preferências, sonhos e vocação de acordo com o que nos foi apresentado na Família, na escola, na sociedade. De grande importância é a Família, apoio, base, segurança e sustentação para tomadas de decisão . Com isso entro em minha vocação: fui chamado por Deus e pude responder SIM, eis me aqui, pois tive bases sólidas de liberdade, crescimento de fé e apoio familiar em minhas escolhas. A felicidade do jovem não compete a família decidir qual será e sim compete a família dar apoio e ajuda para o discernimento do chamado seja para o matrimônio, sacerdócio, religioso ou leigo consagrado. Dar caminhos que sejam sustento para futuras decisões. E para que a família possa ser esse apoio e presença na vida do jovem deve se viver o dialogo, a harmonia e abertura tanto dos pais quanto dos jovens para acolher o novo, o diferente e os desígnios de Deus que muitas vezes não são os mesmos desígnios e desejos nossos. Que neste mês vocacional rezemos pelas famílias pois é a partir delas, Igrejas Domésticas, que surgem maduras e seguras vocações para a nossa Igreja que tanto precisa de operários como para o mundo que tanto precisa de pessoas conscientes e desejosas de transformação social, onde a justiça e a verdade sejam vividas de forma coerente. Assim seja!
A Vida é a Nossa Primeira Vocação
Se eu não existisse
Se eu não existisse, ninguém perceberia minha ausência. Mas, uma vez que existo, que nasci sem merecimento meu, cabe-me a responsabilidade de administrar bem esse dom que recebi gratuitamente. A vida é um dom, e com tal deve ser respeitada desde o seu início, no ventre materno, até o seu último instante.
Antes de eu existir, Deus me conhecia e amava; por isso me chamou à vida. “Sim! Pois tu me formaste, tu me teceste no seio materno. Conhecias até o fundo do meu ser: meus ossos não te foram escondidos quando eu era formado em segredo. Teus olhos viam o meu embrião. Deus meu, tu me sondas e de longe penetras os meus pensamentos, meus caminhos todos são familiares a ti. Conheces minhas preocupações! Conduze-me pelo caminho eterno. Sou criação tua.” (cf. Salmo 139).
Eu não sou uma existência lançada ao absurdo. E Deus não cria em série. Cada um de nós é único diante dele. Ele é o artista que coloca na obra de suas mãos a mente e o coração.
O chamado à existência é uma eleição de amor. O centro, o ponto de referência do meu existir, é Deus, meu criador.
O amor de Deus dotou o ser humano de inteligência que é um reflexo da própria luz eterna e com a qual podemos ler no livro da criação as perfeições invisíveis de Deus (Rm 1,20). Dotou-nos de vontade livre que nos permite conquistar a nós mesmos, amar-nos uns aos outros e cuidar de toda a sua obra, a saber, os seres vivos e a matéria inerte, responsabilizando-nos pela conservação do meio ambiente pelo Qual Deus visa o nosso bem-estar e a preservação de todo o tipo de vida: animal ou vegetal.
Deus não nos criou para a solidão, mas como membros da comunidade humana, daí o nosso dever de solidariedade para com todos, especialmente para com os mais pobres, doentes, injustiçados e os que perderam o sentido da vida. Todos são a menina dos olhos de Deus. Cada pessoa está, pois, envolvida e preenchida pelo amor de Deus que nos convida ao banquete da vida.
Vocação cristã
“Em qualquer época e em qualquer povo é aceito por Deus todo aquele que o teme e pratica a justiça. Aprouve contudo a Deus santificar e salvar os homens não singularmente, sem nenhuma conexão uns com os outros, mas constituí-los num povo, que o conhecesse na verdade e santamente o servisse ( LG 9 )”. Este povo é chamado Igreja de Jesus Cristo. Ele nos revelou que Deus é Amigo, que Deus é Pai que nos ama com ternura. É a mensagem fundamental do Evangelho. E Deus tem um plano de amor sobre mim e sobre cada ser humano. Esse plano não é uma idéia ou um projeto, nem um programa de realizações. O plano de Deus é uma Pessoa: CRISTO. “Deus e Pai nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo (Ef 1,5). E isso não em consideração a nossas obras, mas por livre determinação de sua vontade e benevolência (2Tm 1,9)”.
Meu chamado à vida recebe um sentido verdadeiro nessa segunda vocação em Cristo e na Igreja: a Vocação Cristã. Pelo batismo somos filhos por adoção. Com Jesus e em Jesus podemos chamar a Deus Abba, Pai! (Rm 8,15), Pai Nosso! O batismo nos faz membros de Cristo, morada da Santíssima Trindade e Templos do Espírito Santo.
Vocação cristã quer dizer configuração com Cristo ressuscitado e participação de sua mesma vida.
Vocação é chamado. Todos os que aceitam o convite de Jesus formam comunidade. Reúnem-se para a escuta da palavra de Deus, para a comunhão eucarística, para o serviço fraterno, para o socorro dos pobres, doentes e desamparados.
Vocação universal à santidade
Toda pessoa tem uma vocação, isto é, um chamado de Deus para se realizar e ser feliz Assim é que, por diferentes caminhos, ou diferentes estados de vida (casado, solteiro, consagrado ou sacerdote), todos são chamados por Deus à santidade e à plenitude da caridade. Vocação, por parte de Deus, é um mistério de chamamento e de eleição, e da parte da pessoa humana é um mistério de resposta e de seguimento de Jesus. Vocação não é uma escolha que se faz, como se escolhe uma profissão. Na vocação, Deus toma a iniciativa, sem contudo tirar a liberdade humana de responder de modo positivo ou negativo. É seu Filho, Jesus quem formula o convite a toda pessoa que se presta a escutá-lo: “Segue-me“.
Vocações específicas
Para quem dá ouvidos a sua voz, o Senhor o convida a uma vocação específica:
a) Vida Religiosa Consagrada – Refere-se a certos cristãos que vivem uma forma especial de seguimento de Jesus Cristo. Vivem em comunidade. Cultivam a oração. Meditam a Palavra de Deus, e participam na missão evangelizadora da Igreja com especial atenção aos que foram os preferidos de Jesus: pobres, pequenos, enfermos… Os que abraçam essa forma de vida, não se casam, vivem pobremente, e obedecem a regras e constituições próprias do Instituto a que pertencem.
b) Vocação Sacerdotal – O Sacerdote ou Padre ou Presbítero é escolhido e ungido para ser pastor do rebanho de Cristo, a exemplo do Bom Pastor (Jo 10). Sinal da unidade eclesial participa intimamente da missão de Cristo que é animar a comunidade, anunciar a Palavra de Deus, celebrar a Eucaristia e a reconciliação, administrar todos os demais sacramentos e organizar os serviços da comunidade: catequese, liturgia, pastoral da saúde, pastorais sociais, etc.
Para ser sacerdote é preciso sentir-se chamado por Deus e aceito pela Igreja. Trata-se de uma vocação muito especial que deve ser percebida de modo claro e cultivada carinhosamente, além de exigir a Ordenação Presbiteral, que é um dos sacramentos da Igreja. A exemplo de Cristo, os sacerdotes assumem a castidade, obediência e pobreza, buscando o desapego dos bens deste mundo, o amor gratuito e sem exclusividade e a libertação de ambições de poder e domínio.
c) Vocação Matrimonial – Para quem tem fé o matrimônio também é vocação: um chamado de Deus ao dom de si no amor recíproco e aberto à vida. Quem não tem fé, não tem como sentir-se chamado – pois desconhece o interlocutor divino que o chama – nem tem a quem responder. O casal humano tem a vocação de formar uma comunhão de vida no amor, seja para amparo mútuo, seja para a sobrevivência da espécie humana.
d) Vocação do Leigo cristão – É todo homem ou mulher que por ser cristão engajado no mundo do trabalho e na sociedade atua aí como agente transformador. O leigo cristão comprometido com o Evangelho atua em todos os setores da sociedade. Essa tarefa lhe é própria, ninguém pode ocupar seu lugar, nem substituí-lo nessa evangelização.
Conclusão
Vamos juntos caminhar porque Deus nos escolheu, Cristo nos chamou, o Espírito de amor nos enviou. Aquele que se entrega ao Senhor semeia a dignidade e a paz. Tem muito mais amor, ternura no olhar, coragem para lutar.
Autor: Irmã Marina Sátyro (FIC)