” Ano da Misericórdia para caminhar na estrada da salvação”
O Papa Francisco rezou o oração mariana do Angelus deste domingo (06/12), com os fieis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
Na alocução que precedeu a oração, o pontífice disse que “neste II Domingo de Advento a liturgia nos insere na escola de João Batista que pregava um batismo de conversão para o perdão dos pecados. Nós talvez nos perguntamos: Por que devemos nos converter? A conversão diz respeito a quem era ateu e passou a crer, quem era pecador e se tornou justo, mas nós não precisamos, pois já somos cristãos. Pensando assim, não percebemos que devemos nos converter desta presunção”.
O Papa nos convidou a fazer a seguinte pergunta: “É verdade que nas várias situações e circunstâncias da vida temos em nós os mesmos sentimentos de Jesus? Por exemplo, quando sofremos uma injustiça ou uma afronta, conseguimos reagir sem ressentimento e perdoar de coração a quem nos pede desculpa? Quanto é difícil perdoar!”, frisou Francisco.
“A voz de João Batista grita ainda nos desertos atuais da humanidade, que são as mentes fechadas e os corações endurecidos, e nos leva a nos perguntar se efetivamente estamos percorrendo o caminho justo, vivendo uma vida segundo o Evangelho. Hoje, como naquela tempo, ele nos adverte com as palavras do Profeta Isaías: ‘Preparem o caminho do Senhor’, disse o Papa acrescentando:
“É um convite urgente a abrir o coração e acolher a salvação que Deus nos oferece incessantemente, quase com teimosia, porque nos quer livres da escravidão do pecado. Mas o texto do profeta dilata aquela voz, preanunciando que todo homem verá a salvação de Deus. A salvação é oferecida a toda pessoa, a todo povo, ninguém está excluído. Nenhum de nós pode dizer: Eu sou santo, sou perfeito, já estou salvo. Devemos sempre receber esta oferta da salvação. É para isso o Ano da Misericórdia: para caminhar nesta estrada da salvação, estrada que Jesus nos ensinou. Deus quer que todos os homens sejam salvos por meio de Jesus Cristo, único mediador.”
Segundo Francisco, “cada um de nós é chamado a anunciar Jesus aos que ainda não o conhecem. Isso não é proselitismo. É abrir uma porta. Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!, dizia São Paulo”.
“Se o Senhor Jesus mudou a nossa vida, como não sentir o desejo de anunciá-lo a quem encontramos no trabalho, na escola, no bairro, no hospital, nos lugares de encontro? Se olhamos ao nosso redor, encontramos pessoas que estão dispostas a começar ou a recomeçar um caminho de fé, se encontram cristãos apaixonados por Jesus.”
O Papa nos convidou a fazer a perguta: “Sou apaixonado por Jesus? Estou convencido de que Jesus me oferece e me dá a salvação? Se sou apaixonado devo anunciá-lo, mas temos de ser corajosos e abaixar as montanhas do orgulho e da rivalidade, encher os poços cavados pela indiferença e apatia, endireitar os caminhos de nossas preguiças e de nossos compromissos.”
Francisco concluiu pedindo à “Virgem Maria para que nos ajude a quebrar as barreiras e os obstáculos que impedem a nossa conversão, o nosso caminho rumo ao Senhor. Só Ele pode realizar todas as esperanças do ser humano”. (MJ)
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Papa: Conferência de Paris, coragem de decisões importantes
Após a oração mariana do Angelus, o Papa Francisco disse que está acompanhando com muita atenção os trabalhos da Conferência sobre o Clima (Cop 21) que se realiza, em Paris, e recordou uma uma pergunta que fez em sua Encíclica ‘Laudato si’:
“Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai nos suceder, às crianças que estão crescendo? Para o bem da casa comum, de todos nós e das gerações futuras, em Paris, todos os esforços devem ser destinados a aliviar os impactos das mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, combater a pobreza e fazer florescer a dignidade humana. As duas escolhas caminham juntas: deter as mudanças climáticas e combater a pobreza para que floresça a dignidade humana. Rezemos para que o Espírito Santo ilumine todos os que são chamados a tomar decisões tão importantes e que Deus lhes dê a coragem de manter como critério de escolha o bem de toda a família humana.”
O Papa lembrou que nesta segunda-feira, se celebra o quinquagésimo aniversário de um evento memorável entre católicos e ortodoxos.
“Em 7 de dezembro de 1965, vigília da conclusão do Concílio Vaticano II, com a Declaração comum do Papa Paulo VI e do Patriarca Ecumênico Atenágoras, foram apagadas da memória as sentenças de excomunhão entre as Igrejas de Roma e Constantinopla em 1054. É realmente providencial que aquele gesto histórico de reconciliação, que criou as condições para um novo diálogo entre ortodoxos e católicos no amor e na verdade, seja lembrado no início do Jubileu da Misericórdia. Não há caminho autêntico rumo à unidade sem pedir perdão a Deus e entre nós pelo pecado da divisão. Recordamos em nossa oração o querido Patriarca Ecumênico Bartolomeu e os outros Chefes das Igrejas Ortodoxas, e peçamos ao Senhor para que as relações entre católicos e ortodoxos sejam sempre inspiradas no amor fraterno.”
Francisco recordou que neste sábado (05/12), foram beatificados em Chimbote, no Peru, os missionários Pe. Michele Tomaszek e Pe. Zbigniew Strzałkowski, franciscanos conventuais poloneses, e o Pe. Alessandro Dordi, sacerdote fidei donum italiano, mortos por ódio à fé em 1991. “A fidelidade desses mártires em seguir Jesus dê força a todos nós, mas sobretudo aos cristãos perseguidos em várias partes do mundo, de testemunhar o Evangelho com coragem”, sublinhou o Papa.
O pontífice pediu aos peregrinos provenientes da Itália e outras partes do mundo para rezarem por ele. (MJ)
Papa: A escola católica deve favorecer a harmonia das diversidades
O Papa Francisco recebeu em audiência, neste sábado (05/12), na Sala Clementina, no Vaticano, cerca de 420 membros da Associação Pais de Escolas Católicas (Agesc), por ocasião de seus quarenta anos de fundação.
Em seu discurso, o pontífice destacou a necessidade de “uma educação inclusiva, uma educação que abra espaço a todos e não selecione de maneira elitista os destinatários de seu compromisso”.
“Esta associação se coloca a serviço da escola e da família, contribuindo na tarefa delicada de criar pontes entre a escola e o território, entre escola e família, entre escola e instituições civis. Promover a união onde existe divisão, criar harmonia quando parece vencer a lógica da exclusão e da marginalização”, disse Francisco.
“Como associação eclesial vocês buscam do coração Igreja a abundância da misericórdia, que fazem de seu trabalho um serviço cotidiano para os outros. Como pais, vocês são depositários do dever e do direito primário e irrenunciável de educar os filhos, ajudando nesse sentido, de maneira positiva e constante, a tarefa da escola. Cabe a vocês o direito de pedir uma educação conveniente para os seus filhos, uma educação integral e aberta aos autênticos valores humanos e cristãos. Cabe a vocês fazerem com que a escola esteja à altura da tarefa educacional que lhe é confiada, em particular quando a educação que propõe se expressa como católica. Ser educadores católicos faz a diferença.”
“A escola católica deve transmitir uma cultura integral, não ideológica. Estamos convencidos de que a escola católica é chamada a favorecer a harmonia das diversidades”, frisou o pontífice.
O Papa convidou os membros da Associação Pais de Escolas Católicas a fazerem a diferença com a qualidade da formação.
“Saibam distinguir pela atenção constante à pessoa, especialmente aos últimos, quem é descartado, rejeitado e esquecido. Se façam notar não pela fachada, mas por uma coerência educacional arraigada na visão cristã do ser humano e da sociedade. Deem a sua contribuição para que escola católica não se torne uma alternativa insignificante entre as várias instituições educacionais”, concluiu Francisco. (MJ)
Fonte: Rádio vaticano