As inovações do papa que valorizam leigos

Publicado em 27/03/2014 | Categoria: Notícias |


 

Nunca mulheres e leigos haviam sido considerados em relação ao funcionamento da Igreja.

 

Por Lucetta Scaraffia*

 

O papa Francisco nos acostumou a contínuas surpresas e a inovações de vários tipos. E, às vezes, as novidades são tão numerosas que escapam até mesmo dos comentaristas mais atentos. Como aconteceu esta semana, com três acontecimentos de primeiro plano: a participação na cerimônia em memória das vítimas da máfia, o encontro com os jornalistas das televisões católicas, a nomeação da comissão para a proteção dos menores.

Na jornada pelas vítimas da máfia, pela primeira vez, o papa ouviu em silêncio, absorto na oração, a leitura dos nomes das vítimas, mais de 800. O costume de ler os nomes dos mortos nasceu diante dos massacres em massa nos campos de extermínio nazistas e comunistas, justamente para lembrar que esses milhões de vítimas são seres humanos, com um nome e uma vida, injustamente aniquilados.

Assim, também para a luta contra a máfia, quer-se lembrar que se trata de uma guerra, com um número enorme de baixas, lembradas cada uma pelo nome. E a oração silenciosa do Papa Francisco durante a leitura da lista acrescentou a esse sacrossanto rito civil um significado religioso, porque Deus nos conhece um por um.

Aos jornalistas das televisões católicas, Bergoglio lembrou, improvisando, que olhar para o mundo de um ponto de vista católico não significa ser clerical, que, além disso, muitas vezes, significa estar inserido em um sistema de poder eclesiástico, isto é, ser partícipe de jogos de poder dentro da Igreja.

Uma distinção nada secundária em um mundo em que muitas vezes se entra graças a recomendações e credenciais de eclesiásticos, que, além disso, obviamente buscam tirar vantagens pessoais. Em suma, uma novidade dita pelo papa – como é o seu costume – com estilo claro e sem meias palavras.

E também foi uma novidade a forma do comunicado relativo à nova comissão contra os abusos de menores: a lista dos primeiros oito membros – quatro mulheres e quatro homens, de oito países diferentes – foi apresentada em rigorosa ordem alfabética. Isso fez com que o único cardeal e os dois jesuítas nomeados ficassem quase no fim, depois de todas as mulheres. Um pequeno mas significativo sinal de igualdade entre os componentes – mulheres e homens, leigos e eclesiásticos – diante da gravidade do assunto, e, sem dúvida, uma inovação que, se levada adiante, vai mudar o próprio modo de conceber as responsabilidades dentro da Igreja.

Nunca até agora, de fato, mulheres e leigos haviam sido considerados responsáveis da mesma forma que o clero em relação ao funcionamento da Igreja. Uma escolha nova, que se harmoniza bem com a valorização dos jornalistas crentes como leigos, e não como representantes de um ponto de vista eclesiástico. Porque todos os seres humanos – e a lista das vítimas lembradas com nome e sobrenome lembra isso fortemente – têm um valor e uma responsabilidade, diante dos outros e diante de Deus. Valor e responsabilidades que eles devem assumir em plena consciência, sem procurar atalhos nem apoios, muito menos dentro da Igreja.

 

Il Messaggero, 24-03-2014.

*Lucetta Scaraffia é historiadora.

 

Fonte: Dom Total



Os comentários estão desativados.

Matriz:
Endereço: Rua General Rondon, s/nº - Praça Dom Orione - São Francisco - Niterói- RJ

Capela Bom Pastor:
Endereço: Morro do Preventório – Charitas – Niterói - RJ

Capela Imaculado Coração de Maria:
Endereço: Av. Rui Barbosa, 690 - São Francisco - Niterói - RJ

Capela Nossa Sra. da Conceição da Várzea:
Endereço: Praça Nossa Sra. da Conceição, s/nº - Jurujuba - Niterói-RJ

Capela São Luís Orione:
Endereço: Rua Albino Pereira, 600 -Grota – Niterói - RJ

Capela São Pedro:
Endereço: Rua Carlos Ermelindo Marins, s/nº - Jurujuba- Niterói - RJ