Bento XVI recorda valor da família na evangelização
O Papa Bento XVI recebeu na manhã deste sábado, 9, os bispos da Conferência Episcopal de Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão, por ocasião da visita “ad limina apostolorum” realizada nos últimos dias. No discurso dirigido aos bispos, o Pontífice lembrou que a família é a unidade básica da sociedade humana e o primeiro lugar onde a fé e a cultura são apropriados.
Bento XVI lembrou os esforços pastorais dos bispos de Papua Nova Guiné e das Ilhas Salomão no que diz respeito à evangelização da cultura. Segundo o Pontífice, isto é de grande importância tendo em vista que o ser humano pode “alcançar a humanidade autêntica e plena por meio da cultura” (Gaudium et Spes, 53). E nesse aspecto da evangelização, o Santo Padre destacou o papel da família.
“A família tem um papel fundamental a desempenhar, já que é a unidade básica da sociedade humana e o primeiro lugar onde a fé e a cultura são apropriadas. Embora a sociedade tenha reconhecido a importância de toda a família ao longo da história, uma atenção especial tem que ser dada no presente momento aos bens religiosos, morais e sociais de fidelidade, igualdade e respeito mútuo entre marido e esposa”, enfatizou.
O Santo Padre lembrou que a evangelização envolve todos os membros da Igreja de Cristo. Dessa maneira, convidou os bispos a fazerem todos os esforços para proporcionar formação adequada e programas de catequese para o clero, homens e mulheres religiosos e fiéis leigos para que possam professar alegremente sua fé, como membros da Igreja Católica.
“Leigos devidamente catequizados e clero e religiosos bem formados, “como um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha” (Mt 7:24), serão fortes para resistir às tentações do mundo secular e sábios o suficiente para não serem enganados por tentativas de convertê-los em versões excessivamente simplistas da cristandade que muitas vezes são baseadas unicamente em falsas promessas de prosperidade material”.
Discurso
Visita “Ad Limina Apostolorum” da Conferência Episcopal de Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão
Roma, Itália
9 de junho de 2012
Queridos Irmãos Bispos,
Eu vos ofereço uma calorosa e fraterna acolhida pela ocasião de sua visita ad Limina Apostolorum e agradeço ao arcebispo John Ribat pelas palavras amáveis em nome de todo os Bispos da Conferência de Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão. Este encontro é uma oportunidade privilegiada para expressar nossa comunhão na Igreja una de Cristo. Por meio de vós eu envio cordiais saudações aos sacerdotes, homens e mulheres religiosos e todos os que estão aos vossos cuidados pastorais. Por favor, assegurem a eles minhas orações para que eles continuem crescendo na fé, esperança e caridade.
Eu gostaria de elogiar seus esforços para “apascentar o rebanho de Deus que é o seu custo “(1 Pedro 5:2). A atenção que vocês dão àqueles que estão aos seus cuidados pastorais tem sido particularmente notável na maneira de prover as necessidades básicas dos pobres, marginalizados e doentes – especialmente os que sofrem de HIV/AIDS – pelo trabalho de seus agentes diocesanos. Outras parte importante do seu ministério pastoral é exercida quando vocês falam em público como uma voz moral objetiva em nome dos necessitados. Quando a Igreja expressa a sua preocupação em praça pública, ela o faz legitimamente e no intuito de contribuir com o bem comum, não propondo concretas soluções políticas, mas sim ajudando a “purificar e lançar luz sobre a aplicação da razão à descoberta de objetivos princípios morais” (Discurso no Westminster Hall, 17 de setembro de 2010). Tais princípios são acessíveis a todos por meio da razão e direito e são necessários para a justa ordem da sociedade civil. Em vista disso, eu vos encorajo a continuarem a dialogar e a trabalhar com as autoridades civis para que a Igreja seja livre para falar e prestar serviços para o bem comum de maneira totalmente consoante com os valores do Evangelho.
Faço notar a partir de seus relatórios que vocês estão iniciando vários esforços pastorais que têm como elemento comum a evangelização da cultura. Isto é de grande importância já que a pessoa humana pode “”alcançar a humanidade autêntica e plena por meio da cultura” (Gaudium et Spes, 53). Nós também observamos o papel essencial da cultura na história da salvação, desde que a Trindade de Deus foi gradualmente se revelando ao longo das épocas, culminando no envio de seu único Filho, que nasceu ele mesmo em uma cultura particular. Por outro lado, reconhecendo a contribuição de cada cultura e, às vezes apelando a seus recursos no cumprimento da sua missão, a Igreja foi enviada para pregar o Evangelho a todas as nações, transcendendo fronteiras. No trabalho da evangelização, portanto, meus irmãos bispos, continuem a aplicar as verdades eternas do Evangelho com os costumes das pessoas a quem vocês servem, com o intuito de construir sobre os elementos positivos já existentes e purificar outros quando necessário. Dessa forma, vocês fazem a sua parte na missão da Igreja para levar as pessoas de todas as nações, raças e línguas a Jesus Cristo Salvador, em quem nós encontramos revelada a plenitude e verdade da humanidade (sf. ibid).
Quando falamos sobre esse aspecto da evangelização, a família tem um papel fundamental a desempenhar, já que é a unidade básica da sociedade humana e o primeiro lugar onde a fé e a cultura são apropriadas. Embora a sociedade tenha reconhecido o importante papel da família ao longo da história, uma atenção especial tem que ser dada no presente momento aos bens religiosos, morais e sociais de fidelidade, igualdade e respeito mútuo entre marido e esposa. A Igreja proclama incessantemente que a família é baseada na natural instituição do casamento entre um homem e uma mulher, e no caso dos cristãos batizados, é uma aliança que foi elevada por Cristo ao nível sobrenatural de um sacramento, através do qual marido e mulher participam do amor de Deus à medida em que se tornam uma só carne, comprometendo-se a amar e respeitar uns aos outros, permanecendo abertos ao presente de Deus que são as crianças. Quanto a isso, eu elogio seus esforços para dar prioridade pastoral à evangelização do casamento e da família em conformidade com os ensinamentos morais católicos. Como vocês continuam as comemorações do centenário do nascimento do Beato Peter To Rot, quem derramou seu sangue em defesa da santidade do casamento, eu encorajo todos os casais casados a olharem para este exemplo de coragem e assim ajudarem outros a verem a família como um presente de Deus e o ambiente privilegiado onde as crianças “estão habilitadas a nascer com dignidade, e para crescer e se desenvolver de forma integral” (Homilia, 9 de julho de 2006).
O trabalho de evangelização envolve todos os membros da Igreja de Cristo. Conscientes de que os bispos, como apóstolos, “são enviados às suas dioceses como as testemunhas principais de Cristo ressuscitado “(Ecclesia in Oceania, 19), façam todos os esforços para proporcionar a formação adequada e programas catequéticos para o clero, homens e mulheres religiosos, e os fiéis leigos para que possam ser testemunhas fortes e alegres da fé que professam, como membros da Igreja Católica. Leigos devidamente catequizados e clero e religiosos bem formados, “como um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha” (Mt 7:24), serão fortes para resistir às tentações do mundo secular e sábios o suficiente para não serem enganados por tentativas de convertê-los em versões excessivamente simplistas da cristandade que muitas vezes são baseadas unicamente em falsas promessas de prosperidade material. Enquanto reconhecem a importância do desenvolvimento e manutenção de programas formais, eu vos encorajo a lembrar que um elemento chave para formação efetiva e dos programas de cateque são o exemplo das testemunhas santas que, por “fazer a vontade de Deus em tudo … sinceramente dedicaram-se à glória de Deus e ao serviço do próximo” (Lumen gentium, 40). Estas testemunhas e aqueles que ensinam, com sua orientação e apoio, vão ajudar a garantir que a Igreja em seus países continuará a ser um instrumento eficaz de evangelização, atraindo aqueles que ainda não conhecem a Cristo e inspirando aqueles que se tornaram mornos em seu fé.
Finalmente, meus irmãos bipos, é minha esperança que sua visita ao Sucessor de Pedro e aos túmulos dos apóstolos fortaleça a vossa vontade de serem protagonistas da nova evangelização, especialmente durante o próximo Ano da Fé. Eu também rezo para que seus esforços deem frutos, de forma que o reino de Deus continue a crescer na proporção da vinha do Senhor confiada aos vossos cuidados pastorais. Entregando-vos à intercessão de Maria, Mãe da Igreja, e assegurando-vos o meu afeto e orações para vós e vosso povo, eu vos concedo minha Benção Apostólica.
Fonte: Canção Nova