CNBB critica aspectos sociais e econômicos da Copa do Mundo
Desta forma, a Igreja brasileira lamenta que, na preparação para a prova, “esse último aspecto tenha prevalecido sobre os demais, motivando manifestações populares que acertadamente reivindicam a soberania do país, o respeito aos direitos dos mais vulneráveis e efetivas políticas públicas que eliminem a miséria, estanquem a violência e garantam vida com dignidade para todos”.
O documento ressalva que o desporto é “um direito humano de especial valor, necessário a uma vida saudável, não devendo ser negligenciado por nenhum povo”. Reconhece ainda que que “de todos os desportos, o povo brasileiro nutre paixão pelo futebol” o que explica a “expectativa e a alegria com que a maioria dos brasileiros aguarda pelo Mundial.
Na mensagem, a Igreja brasileira deixa claro que sendo “fiel à sua missão evangelizadora, acompanha, com presença amorosa, materna e solidária, esse grande evento que reunirá vários países e protagonizará a oportunidade de um congraçamento universal, na alegria que o desporto pode trazer ao espírito humano, bem como os valores mais profundos que é capaz de nutrir”.
Na mensagem, o Conselho Nacional “solidariza-se com “os que, por causa das obras do Mundial, foram feridos na sua dignidade e visitados pela dor da perda de entes queridos”. A mensagem sublinha também que “não se pode admitir que o Mundial de Futebol aprofunde as desigualdades urbanas e a degradação ambiental e justifique a instauração progressiva de uma institucionalidade de excepção, mediante decretos, medidas provisórias, portarias e resoluções”.
A Igreja brasileira reforça que “o sucesso do Campeonato do Mundo não se medirá pelos valores que injectará na economia local ou pelos lucros que proporcionará aos seus patrocinadores. O êxito estará na garantia de segurança para todos sem o uso da violência, no respeito ao direito às pacíficas manifestações de rua, na criação de mecanismos que impeçam o trabalho escravo, o tráfico humano e a exploração sexual, sobretudo, de pessoas socialmente vulneráveis e combatam eficazmente o racismo e a violência”.
A mensagem é assinada pelo Cardeal Raymundo Damasceno Assis (Arcebispo de Aparecida e Presidente do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom José Belisário da Silva, (Arcebispo de São Luís do Maranhão) e Dom Leonardo Ulrich Steiner (Bispo Auxiliar de Brasília).