Compromisso e Oração da semana
A fé no Ressuscitado, celebrada na eucaristia, leva-nos a amar nossos irmãos e irmãs e se traduz em testemunho cristão, ajudando as pessoas a superar as divisões e os conflitos.
Todos unidos em Cristo
Mistério do amor infinito de Deus: videira e ramos, Deus e nós. Deus é mais íntimo de nós do que nossa própria alma. Ele nos frequenta e habita. Isso vale para os batizados e os não batizados, uma vez que todo ser humano é imagem e semelhança de Deus.
Não se trata de semelhança fotográfica. De fato, numa fotografia não há nada de nós, mas em nosso ser e em nosso semblante existe algo de Deus. Sim, Deus está no ser humano, trabalha com o ser humano, ama-o e até se pode dizer que sofre com ele.
Com a encarnação de Jesus Cristo, Deus entrou de maneira nova na história do mundo, bem como na história de cada um de nós. Entrou não apenas moral ou espiritualmente, mas visível e sensivelmente. Assim como se faz visível e sensível na figura humana de Jesus.
É graças a essa presença de Deus em nós que podemos subsistir, movimentar-nos e agir, fazer nossas opções, administrar com inteligência nossa liberdade. É sempre graças a essa presença de Deus em nós que nossa fé, nossa esperança e nosso amor podem se alimentar e se fortalecer.
A imagem da videira e dos ramos, enfim, propõe-nos a superação do individualismo, do egoísmo e da solidão. E nos leva a reviver a emocionante experiência de Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
Deixar Cristo viver em nós, porém, não é convite à alienação. É convite a buscar a aliança e a união com ele e com nossos semelhantes. Porque o individualismo é tristeza, a união é alegria. O individualismo é fraqueza, a união é força. O individualismo é esterilidade, a união é fecundidade. O individualismo é solidão, a união é convívio feliz. Enfim, o individualismo é morte, a união é vida.
Pe. Virgílio, ssp
A Igreja no Concílio
O Concílio Ecumênico Vaticano II nos oferece 16 documentos, entre os quais duas constituições sobre a Igreja. A primeira, dogmática, denomina-se Lumen Gentium (luz dos povos) e nos apresenta ensinamentos sobre o ser da Igreja e sua missão. A segunda, pastoral, chama-se Gaudium et Spes (alegria e esperança); ela nos fala a respeito da Igreja no mundo de hoje. “A Igreja”, dizia Paulo VI, “está no meio da vida contemporânea para iluminá-la, sustentá-la, consolá-la”.
Ao iniciar sua palavra sobre a Igreja, o concílio afirma que ela é mistério – significando que somente a fé nos pode dar a conhecer o que ela é. Ao rezarmos o creio, proclamamos com alegria e convicção: “Creio na santa Igreja Católica”.
O essencial do mistério da Igreja é que seja uma comunhão com o Pai por Jesus Cristo, no Espírito Santo, e que viva em comunhão fraterna. A Igreja é instrumento da salvação, graça que brota do coração de Jesus Cristo morto e ressuscitado para a vida de todos. Ela é missão e testemu¬nho em comunhão com os outros. A Conferência de Puebla, bebendo nas fontes do Vaticano II, diz-nos que a Igreja é comunhão e participação.
Iluminados pela fé, professamos que a Igreja é, em Cristo, como que o sacramento, ou sinal, e instrumento da íntima união com o Pai e da uni-dade de toda a humanidade. Diante do mistério da Igreja, somos convi-dados – pessoal e comunitariamente – a proclamar confiantes: cremos na Igreja, una, santa, católica, apostólica; nossa mãe e mestra!
D. Angélico SândaloBernardino
Bispo emérito de Blumenaus e membro do Instituto Jesus Sacerdote
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Liturgia da semana
Ano B
7 de maio de 2012
João 14,21-26
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito Santo, o paráclito, haverá de lembrar-vos de tudo o que tenho falado, aleluia (Jo 14,26).
Comentário do Evangelho
João, no seu Evangelho, nos revela o dom da vida eterna em Jesus. A comunhão de amor com ele é comunhão com o próximo e com o Pai, na eternidade. E nesta comunhão, o discípulo conta com a presença do Espírito Santo, que é a luz de seus passos. João, pela repetição, realça a equivalência entre o amor a Jesus e o cumprimento de seus mandamentos. E o mandamento de Jesus é amar como ele amou. Antes, Jesus afirmara que iria ao Pai para preparar uma morada para os discípulos. Agora, fica esclarecido que esta morada não é em outro lugar distante, no céu, mas no próprio discípulo que guarda sua palavra. Segue nova afirmação da união com o Pai: a sua palavra é a palavra do Pai. A habitação divina nos discípulos completa-se com o envio do Defensor (Parakletos), o Espírito Santo. Sua missão é revelar a presença de Jesus nas comunidades, iluminar suas palavras e fortalecer a fé dos discípulos.
Oração
Ó deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
8 de maio de 2012
João 14,27-31
Aleluia, aleluia, aleluia.
Era preciso que Cristo sofresse e ressuscitasse dos mortos para entrar em sua glória, aleluia! (Lc 24,46.26)
Comentário do Evangelho
Nestes últimos momentos de despedida, Jesus comunica sua paz aos discípulos. A paz do mundo é falsa e enganosa, coexistindo com a perturbação e o medo. É a paz de Jesus que os remove. A paz do mundo é a ausência de discordâncias, questionamentos ou conflitos, vigorando a submissão geral à ordem imposta pelo poder. Era esta também a paz na concepção do messianismo davídico da tradição de Israel. Era assim no Império Romano e assim é hoje no império de mercado globalizado sob a hegemonia estadunidense. Para os pequenos e oprimidos, esta paz torna-se acomodação ao sistema opressor diante da insegurança e do medo. A paz de Jesus é decorrente da prática da justiça. É a paz que ele proporcionou aos discípulos e às multidões com sua prática libertadora, fraterna, solidária, restauradora da vida e da dignidade de homens e mulheres. É a paz alcançada ao se abrir mão da vida oferecida pelos ideais de sucesso deste mundo. É a paz de reencontrar a vida na união de vontade com o Pai amoroso. É o empenho, em mutirão, na construção de um mundo novo unido pelo amor que gera a vida eterna.
Oração
Ó Deus, que, pela ressurreição de Cristo, nos renovais para a vida eterna, dai ao vosso povo constância na fé e na esperança, para que jamais duvide das vossas promessas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
9 de maio de 2012
João 15,1-8
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ficai em mim e eu em vós ficarei, diz Jesus; quem em mim permanece há de dar muito fruto (Jo 15,4s).
Comentário do Evangelho
A simbologia da videira, cujo cultivo já era comum nas civilizações antigas em vista da produção do vinho, é muito usada no Primeiro Testamento. A poda dos ramos nos quais não brotaram frutos, a fim de fortalecer os ramos carregados, era uma prática usual de cultivo. A íntima inserção dos ramos ao tronco da videira é uma sugestiva imagem da permanência dos discípulos em Jesus. O verbo “permanecer” aparece oito vezes neste texto, e é o núcleo de sua mensagem. Permanecer em Jesus é acolher sua palavra e seu exemplo, e procurar colocá-los em prática. É permanecendo em Jesus que os discípulos produzirão os frutos que são do agrado do Pai. E a seiva do amor que une Jesus e os discípulos criam laços entre as pessoas, leva à fraternidade, à solidariedade e comunica a vida.
Oração
Ó Deus, que amais e restituís a inocência, orientai para vós os nossos corações, para que jamais se afastem da luz da verdade os que tirastes das trevas da descrença. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
10 de maio de 2012
João 15,9-11
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, minha voz estão elas a escutar; eu conheço, então, minhas ovelhas, que me seguem, comigo a caminhar (Jo 10,27).
Comentário do Evangelho
FIRMES NO AMOR
O amor que Jesus nutriu por seus discípulos é reflexo do amor que ele mesmo recebeu do Pai. Amor eterno, permanente, total, exclusivo. Amor sem imposição ou pré-requisitos. Amor absolutamente gratuito. Foi assim que Jesus amou os seus, tal como aprendera na escola do Pai.
A exortação que Jesus dirigiu aos seus – “Permaneçam no meu amor!” – tem duas vertentes. A primeira refere-se ao relacionamento Jesus-discípulo, a segunda, ao dos discípulos entre si.
O discípulo ama Jesus com o mesmo amor com que é amado por ele. Aqui não há lugar para relacionamentos interesseiros, como os de muitos cristãos que fazem consistir sua fé na busca contínua de favores divinos. Nem há lugar para atitudes de temor, como acontece com quem se julga estar sempre a ponto de ser punido por Deus. O puro amor a Jesus vai além dessas deturpações.
No relacionamento com os seus semelhantes, o discípulo oferece amor idêntico ao que recebe de Jesus. Não exige nada em troca. Não procura enquadrar o outro em seus esquemas preconcebidos. Não estabelece limites. Pelo contrário, acolhe o outro como ele é, oferecendo-lhe o melhor de si, possibilitando-lhe o crescimento, a fim de que possa realizar-se plenamente.
Oração
Ó Deus, vossa graça nos santificou quando éramos pecadores e nos deu a felicidade quando infelizes. Vinde em socorro das vossas criaturas e sustentai-nos com vossos dons, para que não falte a força da perseverança àqueles a quem destes a graça da fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
11 de maio de 2012
João 15,12-17
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos chamo meus amigos, pois vos dei a conhecer o que o Pai me revelou (Jo 15,15)
Comentário do Evangelho
“Amar como Jesus amou.” Esta é nossa vocação! Os antigos mandamentos, “amar o próximo como a si mesmo” e “amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma…”, estão plenamente realizados no mandamento: “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. Jesus é a fonte deste amor divino e o infunde em nosso coração. Ele possui este amor em plenitude, em sua relação com o Pai, no Espírito Santo. No Evangelho de João, Jesus não manda amar a Deus. Seu mandamento é que permaneçamos no amor. É amar o amor, e Deus é amor. O maior amor está em dar a vida por seus amigos, estar totalmente a seu serviço, a exemplo de Jesus. Somos escolhidos para dar frutos que permaneçam para sempre. O fruto é a prática do amor mútuo originando as comunidades. E sendo o amor comunicativo por natureza, as comunidades transbordam esse amor na missão. As comunidades que vivem o amor de Jesus são as sementes da nova sociedade, já presente em um mundo submisso à injustiça e à manipulação dos adoradores do dinheiro e do poder.
Oração
Preparai, ó Deus, nossos corações para vivermos dignamente os mistérios pascais, a fim de que esta celebração realizada com alegria nos proteja por sua força inesgotável e nos comunique a salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
12 de maio de 2012
João 15,18-21
Aleluia, aleluia, aleluia.
Se com Cristo ressurgistes, procurai o que é do alto, onde Cristo está sentando á direita de Deus Pai (Cl 3,1).
Comentário do Evangelho
Marcado pelo forte contraste do dualismo, o Evangelho de João, após o tema do amor, apresenta-nos, agora, o tema do ódio do mundo. O “mundo” significa a criação de Deus sob o domínio dos poderosos, ricos e opressores. Após a criação, Deus viu que tudo era bom. Contudo, esta criação foi submetida à opressão. Os discípulos que dão testemunho de amor e libertação são odiados por aqueles que, assenhoreando-se do poder, usufruem das estruturas injustas nas quais o amor é abolido. Ser do mundo é inserir-se no sistema opressor que garante os privilégios, as riquezas e o poder de uma minoria, e o relativo bem-estar dos que a ela se submetem. Estes julgam estar salvando suas vidas. Os discípulos foram escolhidos do meio do mundo, e não são do mundo. Não ser do mundo é libertar-se do sistema opressor e desumano que gera miséria e morte. É perder sua vida para encontrá-la na adesão ao projeto de Jesus, instaurador da justiça e restaurador da vida plena. É uma missão que encontrará resistência e adversidades da parte de alguns, mas, em contrapartida, terá acolhida e adesão de muitos.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, vós nos fizestes participar de vossa própria vida pelo novo nascimento do batismo; conduzi à plenitude da glória aqueles a quem concedestes, pela justificação, o dom da imortalidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
O comentário litúrgico é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE.
Fonte: Dom Total