Consciência, solidariedade e estratégia comum para defender a Terra

Publicado em 11/11/2017 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


No final da manhã de sábado (11/11), o Papa Francisco recebeu no Vaticano uma delegação do Fórum das Ilhas do Oceano Pacífico (Pacific Islands Forum) e proferiu um discurso centrado integralmente na questão ambiental, dando destaque à preocupação com a ecologia integral, já expressa na Encíclica Laudato si.

Região de imensas belezas culturais e naturais, mas particularmente suscetível a fenômenos extremos de caráter climático, a área do Pacífico sofre impactos como o aumento do nível dos mares e a progressiva destruição do ecossistema constituído pela barreira coralina.

Quem transformou este maravilhoso mundo marinho em um cemitério despojado de vida e de cor?”, já se questionavam trinta anos atrás os bispos filipinos. Respondendo, Francisco ressaltou algumas causas deste degrado, muitas das quais diretamente relacionadas à conduta humana.

Como exemplo, o Francisco citou o drama das populações litorâneas e empobrecidas obrigadas a se transferir em consequência do aumento do nível do mar.

Introduzindo o tema do aquecimento global, o Papa mencionou a 23ª Conferência sobre Mudanças Climáticas, COP23, em andamento em Bonn, na Alemanha e que nesta edição, é presidida pelas Ilhas Fiji, arquipélago localizado no Oceano Pacífico.

“Espero que os trabalhos da COP-23, assim como os que seguirão, possam levar ter em consideração a “Terra sem confins onde a atmosfera é extremamente fina e fugaz”, como a descreveu um dos astronautas da Estação Espacial Internacional com quem pude falar recentemente”.

A Terra sem confins e o universo

Para o Papa, esta visão de uma “Terra sem confins” anula as distâncias geográficas e destaca a necessidade de uma conscientização mundial, de uma colaboração e solidariedade internacionais, de uma estratégia comum que não permitam a indiferença diante de problemas graves como o degrado do ambiente natural e da saúde dos oceanos, relacionado com o degrado humano e social que a humanidade de hoje está vivendo.

 

Passados trinta anos do interrogativo dos bispos filipinos, a situação dos mares e do ecossistema marinho, poluído de plástico e micro plástico, gera efeitos também em setores como a pesca, afetando diretamente as comunidades de pescadores.  

Que tipo de mundo desejamos transmitir àqueles que virão depois de nós, ás crianças que estão crescendo? Esta pergunta não se refere apenas ao meio ambiente… Quando nos questionamos sobre o mundo que queremos deixar, nos referimos sobretudo à sua orientação, sentido e valores”, concluiu Francisco. 

 

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Santa Sé na COP23: “Agora, passar da decisão moral aos fatos”

 

Passar aos fatos: é o recado que a Santa Sé quer levar aos participantes da COP23, reunidos em Bonn, na Alemanha, desde 6 de novembro.

Até o dia 17, estadistas de todo o mundo, cientistas e ONGs estão tentando encontrar os caminhos para implementar o Acordo de Paris de 2015, assinado no final da COP21. A Igreja Católica, envolvida em questões ambientais, como ilustrado na Encíclica do Papa Francisco Laudato si, pretende fazer ouvir sua voz uma vez mais para exortar os Estados a tomarem medidas concretas para alcançar o objetivo de limitar o aquecimento global a dois graus.   

Para o representante da Santa Sé na COP23, o Padre Bruno-Marie Duffé, Secretário do Pontifício Conselho para o Desenvolvimento Humano Integral, o desafio é grande. Devemos repensar nosso modo de vida e nosso modelo econômico. Neste sentido, a educação deve desempenhar um papel importante e permitir que todos compreendam os problemas a serem resolvidos de outra forma. Apesar da retirada anunciada dos Estados Unidos do acordo de Paris, há um ímpeto de solidariedade entre as nações para que as coisas realmente mudem.

É a essa conversão ecológica integral que a Igreja chama cada um de nós. O Padre Bruno-Marie Duffé, entrevistado por Xavier Sartre, fala sobre a mensagem particular que a Santa Sé leva à COP23:

“Estamos em um momento crucial, muito importante, entre a intenção moral do Acordo de Paris de mudar nosso modo de nos desenvolvermos e especialmente a economia internacional e os efeitos sobre o ambiente e o modo de cuidar do planeta. É um momento importante entre esta decisão moral e o ato político. Atualmente é importante que os Estados tomem decisões, porque existe uma emergência, devemos sair de um modelo e desenvolver outro, um paradigma da economia, com a tutela dos elementos naturais, da saúde dos homens e das relações entre os povos e comunidades”.

Não podemos pensar que vamos mudar somente nos próximos 10 ou 20 anos. Temos que mudar agora e colocar na prática este novo paradigma, levando em conta as riquezas naturais, a saúde, o meio ambiente, os efeitos negativos da produção de carvão, por exemplo, em consideração também das gerações que vêm”.

Acredita que a mensagem da Santa Sé pode convencer os Estados a fazerem mais?

“Sim, porque esta mensagem diz que é necessário ter consciência de que temos uma responsabilidade, que não é apenas de cuidar na natureza, mas também cuidar da existência da vida na terra. Neste momento, enquanto alguns Estados querem trabalhar juntos, os Estados Unidos não querem prosseguir nos Acordos de Paris, é fundamental desenvolver a solidariedade entre os Estados e os continentes. É interessante desenvolver decisões econômicas, uma ética da finança e uma educação ao respeito da vida, porque isto não é somente ecologia, mas também a vida, e a vida com os outros. Isto é importante: reunir as problemáticas de respeito pela vida e respeito da ética social e política”.

 

Fonte: Rádio Vaticano



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