Cristãos do Iraque, uma comunidade ameaçada

Publicado em 08/08/2014 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


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Veemente apelo do Papa Francisco em favor dos cristãos perseguidos no Iraque

MP3Os cristãos estão em fuga do Iraque. Os jihadistas do auto-proclamado ‘califado islâmico’ expulsam das cidades conquistadas quem não se converte ao Islão. Desesperada a situação dos refugiados. “O Santo Padre acompanha com viva preocupação as dramáticas notícias que chegam do norte do Iraque sobre uma população indefesa. Particularmente atingidas as comunidades cristãs: é um povo em fuga dos próprios povoados devido à violência que nestes dias está assolando e conturbando a região” – palavras do Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, ao referir-se na manhã desta quinta-feira à reação do Papa Francisco às últimas notícias que chegam da Planície de Nínive.

O Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, Cardeal Fernando Filoni, declarou à Agência Fides que “os cristãos tiveram que abandonar tudo e foram forçados a seguir, mesmo descalços, em direção ao Curdistão. A situação – continua o Cardeal – é desesperante, pois em Irbil, capital do Curdistão, não existe a intenção de acolhê-los, porque não sabem como hospedar estes milhares de pessoas”.

O Padre Lombardi recordou que no Angelus de 20 de julho o Santo Padre, com profunda dor, já se tinha referido à situação vivida pelos cristãos perseguidos, especialmente no Iraque. Foram estas as declarações do Padre Lombardi:

“À luz dos angustiantes acontecimentos, o Santo Padre renova a sua proximidade a todos os que estão atravessando esta dolorosa provação e une-se aos veementes apelos dos bispos locais, pedindo, juntamente com eles, pelas suas comunidades atribuladas, que surja incessante de toda a Igreja uma prece para invocar do Espírito Santo o dom da paz.”

“Sua Santidade dirige também o seu forte apelo à Comunidade Internacional, para que tome medidas que ponham um fim ao drama humanitário em curso, e aja para proteger quem sofre violências e para assegurar as ajudas necessárias, sobretudo, àqueles mais urgentes, e a tantos os desalojados, cuja sorte depende da solidariedade dos outros.”

O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, recordou mais uma vez as palavras pronunciadas pelo Papa Francisco no Angelus de 20 de julho, quando fez um apelo à consciência de todos: “que o Deus da paz suscite em todos um autêntico desejo de diálogo e de reconciliação. A violência não se vence com a violência. A violência vence-se com a paz! Rezemos em silêncio, pedindo a paz; todos, em silêncio….Maria Rainha da Paz, roga por nós!”. (JE / RS)MP3

 

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O atentado mais sangrento aconteceu no dia 31 de outubro de 2010, quando 44 fiéis e dois padres morreram

Cristãos do Iraque, uma comunidade ameaçada

Antes da invasão americana de 2003, mais de um milhão de católicos viviam no Iraque. Hoje não passam de 400.000.

 

Os cristãos do Iraque, que fogem aos milhares da cidade de Mossul (norte) após um ultimato jihadista do Estado Islâmico (EI), são uma comunidade constantemente ameaçada e vários deles tiveram que sair do país nos últimos anos.

O grupo ultra-radical que controla Mossul desde junho lançou na sexta-feira um ultimato dando à minoria católica algumas horas para deixar a região. Na semana passada, o grupo havia avisado aos cristãos da segunda maior cidade do país que eles precisariam “converter-se ao Islã, pagar uma taxa especial ou deixar a cidade”, ou seriam executados.

Antes da invasão americana de 2003, mais de um milhão de católicos viviam no Iraque, sendo mais de 600.000 em Bagdá, 60.000 em Mossul, mas também na cidade petrolífera de Kirkuk e em Basra.

Em função dos conflitos violentos que sacudiram o país desde então, hoje não passam de 400.000 cristãos em todo o território, com metade deles vivendo na província de Nínive, da qual Mossul é a capital.

De acordo com a tradição, o cristianismo chegou ao Iraque com o apóstolo São Tomé, algumas dezenas de anos após a morte de Jesus. Estudos, porém, apontam a chegada da religião cristã ao Iraque no século II de nossa era.

Os caldeus, que representam a maioria dos católicos do Iraque, formam uma comunidade católica de rito oriental. A Igreja caldeia, que tem sua liturgia em aramaico – a língua falada por Cristo – é considerada uma das mais antigas igrejas cristãs. Ela é oriunda da doutrina nestoriana, que renunciou no século XVI, conservando os ritos. Os outros católicos do Iraque são os siríacos católicos, os armênios católicos e católicos latinos.

Sob o regime de Saddam Hussein, os cristãos não eram considerados uma ameaça, já que tinham pouca ambição política. Mas, desde a invasão americana, o país tornou-se um campo de batalha entre insurgentes e tropas estrangeiras.

Associada às “Cruzadas” ocidentais, a comunidade católica virou alvo de ataques violentos.

Em dez anos, 61 igrejas foram atacadas e cerca de mil cristãos foram mortos, nem todos sendo alvo de ataques, de acordo com o patriarca caldeu Louis Sako.

O atentado mais sangrento aconteceu no dia 31 de outubro de 2010, quando 44 fiéis e dois padres morreram no ataque à catedral siríaca católica de Bagdá, revindicado pelo braço iraquiano da Al-Qaeda.

Em abril deste ano, Sako já alertava em entrevista sobre uma crescente onda de extremismo religioso, com ameaças de morte contra cristãos e a tomada de seus bens e propriedades por gangues armadas, que levaram muitas vítimas ao exílio.

AFP

Fonte: Rádio Vaticano/ Dom Total



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