Cúpula dos Povos e Rio +20
Vinte anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), a cidade do Rio de Janeiro é novamente sede da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. O encontro visa renovar o engajamento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do Planeta e tem por objetivo debater a contribuição da “economia verde” para o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza.
Iluminada pela presença do Senhor Ressuscitado, a Igreja permanece atenta a tudo que diz respeito à vida nas suas várias conotações. O Santo Padre Bento XVI, em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, tratou do tema da preservação do meio ambiente afirmando que “A natureza, afinal, é o nosso grande e comum lar neste mundo e, como tal, merece nosso cuidado. A nossa paz, e, sobretudo, a das gerações futuras, depende do nosso bom relacionamento com a obra da criação de Deus. Mas nossos clamores e ações em favor da preservação da natureza só serão eficazes se, de fato, houver uma mudança de mentalidade. É urgente reavaliar nossa concepção de desenvolvimento. Não menos urgente é refletir sobre uma visão adequada do ser humano”.
“Concretizar o ‘paraíso’ que Deus entregou aos nossos cuidados.”
Nós cristãos, povo de Deus, sabemos da insustentabilidade dos modelos econômicos atuais e de sua incapacidade de existir em harmonia com a natureza. O que esperamos desta conferência é que as ações acordadas realizem aquilo que a nossa fé nos diz: concretizar o ‘paraíso’ que Deus entregou aos nossos cuidados. A terra pertence a Deus (Lev 25. 23), e Ele no-la confiou, para dela cuidarmos (Gên 2, 15). Assim, temos a consciência da urgente necessidade de que os fiéis leigos participem ativamente da vida e da missão da Igreja no ser um sinal, diante de todas as nações, do cuidado com a vida em sua plenitude. Somos defensores da dignidade humana e não devemos admitir propostas que poderão levar o mundo a um colapso.
Por isso, estamos juntos em busca de uma voz comum que faça ecoar nos corações do mundo, nas consciências dos governantes e de todos os responsáveis pela situação em que vivemos, a necessidade de “procurar um modelo de desenvolvimento, integral e solidário, baseado em um agir ético que inclua a responsabilidade por uma autêntica ecologia natural e humana, que se fundamente na justiça, na solidariedade e no destino universal dos bens, e que supere a lógica utilitarista, consumista e individualista”, que seja fruto de uma escuta atenta da proposta do Evangelho (cf. Documento de Aparecida, 474).
Já a Campanha da Fraternidade de 2011, sob o tema “Fraternidade e a vida no planeta”, sinalizava: “É absolutamente necessário desejar que o resgate da responsabilidade ética motive e faça convergir ações de cunho social até de alcance planetário, visando o cuidado deste imenso ‘ser vivo’ chamado planeta Terra. A opção pela vida é o grande referencial. Assim, esta opção precisa ser reafirmada, recolocando no centro da pauta da humanidade o cuidado com o mundo vital”.
Somos convidados, permanentemente, a depositar toda confiança em Jesus, que lançou a semente do Reino de Deus. E volver todos os nossos esforços para que os governantes tomem, sempre, decisões para construir sustentabilidade e justiça, garantindo a vitalidade e a integridade da Terra e da vida que nela reside.
* Vigário Episcopal para a Caridade Social
Fonte: Arquidiocese do Rio de Janeiro