Deus dá poder à sua comunidade.

Publicado em 06/09/2014 | Categoria: Notícias |


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Liturgia da Missa – Reflexões para a Mesa da Palavra 

23º Domingo do Tempo Comum – Ano A 

 

Jesus disse a seus discípulos: Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, à sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público. Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isto vos será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles.’ Mt. 18,15-20

 

Lá no interior do formigueiro aquela era a formiga mais complicadinha. Enquanto as outras trabalhavam ela ia até o lanches, que as cozinheiras deixavam preparados para a hora do descanso e comia deles o que houvesse de mais gostoso. No fundo todas sabiam desse seu comportamento, mas para não criar confusão, preferiam ficar quietas, somente se lamentando por não terem se deliciado, com aquilo que a danada tinha comido. A gota d’água se deu no aniversário de Florinda. Havia brigadeiro de sobremesa e quando chegaram à mesa, quem disse que deles ainda tinha por lá? A aniversariante viu que a situação se tornara insustentável. Chamou Florbela, era esse o nome dela, para uma conversa. A formiginha então a a escutou, pediu desculpas e foi perdoada. A partir daí se tornaram amigas e mesmo sendo muito gulosa, aprendeu naquele papo que devia respeitar o que era das suas companheiras.

Somos responsáveis um pelo outro. Viver em comunidade pressupõe ter olhar de cuidado e atenção, para com os demais à volta. Por isto é necessário se estar sempre aberto ao questionamento, quando fizemos algo que magoou ou gerou constrangimento a alguém, ou ao grupo como um todo.

Da mesma forma é necessário, que também não fujamos da responsabilidade de confrontar, aqueles que não estão tendo um comportamento compatível, com a qualidade da vida comunitária.

Não podemos nos omitir, quando alguém faz algo que nos machuca. Muitas vezes, como na historinha de hoje, é mais cômoda a fuga. Assim não é gerado um conflito e se segue a vida colocando panos quentes nos problemas. Quando os conflitos não são tratados é bem provável que se mantenham em crescimento, porque as pessoas causadoras das dificuldades de duas uma: podem não ter consciência do erro, ou achar que como ninguém reclama, é porque não tenham ficado incomodadas e aquele seu comportamento inadequado deva ser mantido.

Jesus nos indica nos Evangelhos várias formas pedagógicas de se lidar com as ofensas que nos são causadas. Numa hora Ele mostra o silêncio, na seguinte apresenta a outra face, numa terceira indaga o porquê de estar sendo agredido…

Nesse domingo Mateus nos traz uma nova maneira bem rica e bastante assertiva, de se trabalhar na comunidade os problemas causados por alguém ou por um grupo.

Antes de agir na direção dessa sugestão do Senhor, é necessário se observar o equilíbrio no qual se está indo, para essa confrontação. Para que tenha sucesso e não descambe para a última fase, aquela que constata o desligamento, é fundamental que se tenha uma atitude assertiva.

Isto quer dizer que se buscará solucionar a questão sem ser agressivo, não levando em conta os direitos do outro. E nem caindo na passividade, o que nada mais é do que se desvalorizar, deixando de lado os próprios direitos e levando em consideração somente os do oponente.

Tratar dos problemas quando surjam é também uma forma de carinho. Este apelo do Senhor, não é para ser levado em conta apenas na comunidade religiosa. É um convite para todas as contingências da vida.

Além da comunidade é preciso ter esse tipo de olhar também na relação de casal, família, trabalho e sociedade. Em todos esses cenários há que se buscar o diálogo e o consenso, antes que possíveis medidas mais fortes precisem ser tomadas.

É possível, Jesus nos alerta, que não sejamos ouvidos. Neste caso se vai para as etapas seguintes, levando para a conversa testemunhas e até todo o grupo. A necessidade da assertividade vai também aumentando ainda mais, na medida em que se envolva mais gente. Quanto maior for o número de pessoas participando, maior será também a possibilidade de se tomar decisões mais assertivas.

A comunidade possui nela a força do ressuscitado e esse é um poder imenso. É capaz de ligar e desligar, aproximar e manter afastado, obter a concessão de qualquer coisa que pedir… Por isto, levando-se em conta também os julgamentos que fazemos, sempre parciais, é preciso que se tenha grande cuidado com esse poder de desligar que nos é transmitido pelo Senhor.

Em relação ao primeiro ponto, o ligar, este nada mais é do que a nossa missão. Afinal trabalhamos para unir a terra ao céu. Já o desligar merece muito cuidado e respeito. Mais do que desligar, é necessário que se mostre às pessoas fora de comunhão que não é a comunidade que as exclui, mas que são elas mesmas quem já se excluíram. A reunião comunitária somente constata aquilo que já ocorre na realidade.

 

Pistas para reflexão durante a semana:

 

– Sinto-me responsável pelo outro na comunidade?

– Sou assertivo nas minhas confrontações, ou parto para a agressividade (muitas vezes até delicada), ou passividade (não levando em conta os meus direitos) quando da confrontação de problemas?

– Tenho consciência do poder da minha comunidade? Ou vivemos como se ele não existisse?

 

1ª Leitura – Ez 33,7-9

2ª Leitura – Rm 13, 8-10

Evangelho – Mt 18,15-20

 

 

Fernando Cyrino

www.fernandocyrino.com



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