Devemos pedir a Deus o dom da fé, ensina Bento XVI

Publicado em 02/07/2012 | Categoria: Notícias |


Papa saúda peregrinos presentes na Praça São Pedro, no Vaticano

A cura do corpo e do espírito foi o ponto central da mensagem do Papa Bento XVI, no Angelus deste domingo, 1º, aos fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro, no Vaticano. O Santo Padre trouxe a narrativa de São Marcos sobre duas curas milagrosas que Jesus realizou para duas mulheres, ressaltando como a fé é a nossa cura.

Os dois episódios narrados pelo evangelista falam da cura da filha de um dos chefes da sinagoga e de uma mulher que sofria de hemorragia (cf. Mc 5,21-43).

No primeiro, Jesus recebe a notícia de que a filha de Jairo está morta, leva o homem até onde está o corpo da criança, dizendo-lhe para que não tenha medo, apenas fé. Chegando onde ela estava, Jesus diz: “Menina, eu te digo: levanta-te!” (v.41). Ela levantou e começou a caminhar. O Santo Padre comentou o episódio, destacando o que disse São Jerônimo sobre o fato: “menina, levanta-te por mim, não por mérito teu, mas pela minha graça”. Aqui se destaca a potência salvífica de Jesus.

Sobre o segundo milagre, o Papa disse que o episódio coloca novamente em evidência que Jesus veio para liberar o ser humano na sua totalidade. Bento XVI explicou que a cura da mulher com hemorragia desenvolve-se em duas fases: primeiro acontece a cura física, mas ela está estritamente ligada a uma cura mais profunda, aquela que dá a graça de Deus a quem se abre a Ele com fé. “Jesus disse à mulher: ‘filha, a tua fé salvou-te. Vai em paz e sejas curada do teu mal” (Mc 5,34), recordou.

O Papa ressaltou que essas duas narrativas são um convite para as pessoas superarem uma visão “puramente horizontal e materialista da vida” e pedirem ao Senhor o dom da fé. “A Deus nós pedimos tantas curas de problemas, de necessidades concretas, e é justo que seja assim, mas aquilo que devemos pedir com insistência é uma fé sempre maior, para que o Senhor renove a nossa vida, e uma firme confiança no seu amor, na sua providência, que não nos abandona”, destacou.

O Santo Padre lembrou então da importância das pessoas que dedicam suas vidas a cuidar da saúde dos que estão doentes, “que os ajudam a levar a sua cruz”, chamando-os de “reservatórios de amor”. São pessoas que, conforme ressaltou Bento XVI, precisam de uma forte formação profissional, mas também, “e principalmente, uma formação de coração”. “É preciso conduzi-los ao encontro com Deus que suscite neles o amor e abra a sua alma ao próximo”, disse o Papa.

Íntegra do Angelus

Queridos irmãos e irmãs,

Neste domingo, o evangelista Marcos nos apresenta a narração de duas curas milagrosas que Jesus realiza em favor de duas mulheres: a filha de um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, e uma mulher que sofria de hemorragia (cf. Mc 5 0,21-43). São dois episódios que têm dois níveis de interpretação; o puramente físico: Jesus se inclina sobre o sofrimento humano e cura o corpo; e aquele espiritual: Jesus veio para curar o coração do homem, para dar a salvação e pede a fé Nele.

No primeiro episódio, de fato, com a notícia de que a filha de Jairo morreu, Jesus diz ao chefe da Sinagoga: “Não temas, somente tenha fé! (v. 36), vão juntos para onde estava a criança e exclama: “Menina, eu te digo: Levanta-te!” (v. 41). E ela se levantou e começou a andar. São Jerônimo comenta estas palavras, enfatizando o poder salvador de Jesus: “Menina, levanta-te por mim: não por mérito teu, mas pela minha graça. Levanta-te portanto por mim: o fato de ser curada não depende das tuas forças” (Homilias sobre o Evangelho de Marcos, 3). O segundo episódio, o da mulher que sofria de hemorragias, re-enfatiza como Jesus veio para libertar o ser humano em sua totalidade. De fato, o milagre acontece em duas fases: primeiro acontece a cura física, mas esta está intimamente ligada à cura mais profunda, aquela que doa a graça de Deus a quem se abre à Ele com fé. Jesus diz à mulher: “Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e seja curada da tua doença” (Mc 5,34).

Essas duas histórias de cura são para nós um convite para vencermos uma visão puramente horizontal e materialista da vida. Pedimos para Deus muitas curas dos problemas, das necessidades concretas, e está bem, mas o que devemos pedir com insistência é uma fé sempre mais sólida, para que o Senhor renove a nossa vida, e uma firme confiança no seu amor, na sua providência que não nos abandona.

Jesus, que está atento ao sofrimento humano nos faz pensar também em todos aqueles que ajudam os doentes a levarem as suas cruzes, especialmente os médicos, os profissionais da saúde e todos aqueles que prestam assistência pastoral nas caras de cura. Eles são “reservas de amor”, que transmitem serenidade e esperança aos que sofrem. Na Encíclica Deus Caritas Est, observei que, neste precioso serviço, é necessário antes de mais nada a competência profissional – é um requisito primário, fundamental – mas sozinha não é suficiente. Trata-se, de fato, de seres humanos, que têm necessidade de humanidade e de atenção do coração. “Por isso, além da preparação profissional, tais profissionais precisam também, e acima de tudo, da “formação do coração”: é necessário levá-los àquele encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o seu coração ao outro” (n. 31).

Pedimos à Virgem Maria para acompanhar o nosso caminho de fé e o nosso compromisso de amor concreto especialmente para aqueles que estão precisando, enquanto invocamos a sua materna intercessão pelos nossos irmãos que vivem um sofrimento no corpo e no espírito.

(Tradução Thácio Siqueira)

Depois do Ângelus o Santo Padre dirigiu essas palavras em português:

Saúdo cordialmente os fiéis brasileiros de Umuarama e Paranavaí e demais peregrinos de língua portuguesa, sobre cujos passos e compromissos cristãos imploro, pela intercessão da Virgem Mãe, as maiores bênçãos divinas. Deixai Cristo tomar posse da vossa vida, para serdes cada vez mais vida e presença de Cristo! Ide com Deus.

Fonte: Canção Nova



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