“Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”
Reflexão sobre a Mesa da Palavra
Ano A – II do Tempo Comum
Um homem está de pé no meio do rio e convida o povo a mudar de vida. Aqueles que aceitam são por ele batizados com água. A sua rotina era esta: pregava palavras bem duras e em seguida imergia as pessoas nas águas batizando-os. As coisas iam assim até o dia em que Deus passou por lá. Ele não precisava, mas chegou pedindo para ser também batizado. O homem o recebeu e o anunciou a todos que por lá estavam. Aquele era o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. O Espírito Santo e O Pai também estavam com Ele.
Passado o tempo do Natal iniciamos o chamado Tempo Comum na Liturgia. Nele iremos contemplar os aspectos principais da vida pública de Jesus. O Tempo Comum quer trazer para cada um de nós convites para que o seguimento que fazemos de Jesus, como cristãos, se dê cada dia mais de perto. É o tempo propício para nos “cristificarmos”.
A imagem do cordeiro aqui no Brasil não é algo que possamos considerar como muito significativa. É possível que se torne até um pouco distante. Afinal só em algumas partes do país é que temos a criação, de forma intensiva, desse tipo de gado. Para o povo da Bíblia o seu significado era muito forte e presente. Ainda hoje por ocasião da sua Páscoa, a lembrança do cordeiro, naquele dia em que foram libertados do Egito, é cultivada.
Na Páscoa hebraica o cordeiro é aquele que alimenta dando forças para a caminhada e que não deixa que entre na casa a morte. Ele é portanto a comida e também aquele que mantém a vida. Todos se alimentam dele e marcam com seu sangue as portas para que tivessem preservada a vida. Notemos que na Eucaristia o Cordeiro também nos alimenta para o caminho e nos garante a Vida (com maiúscula).
Essa imagem do cordeiro está presente também no canto do Servo Sofredor. É ele quem compõe a primeira leitura de hoje tirada do capítulo 49 de Isaias. Na sua continuidade, lá pelo capítulo 53, o profeta irá falar, explicitamente, do cordeiro sendo imolado. Como o será o Cordeiro de Deus na sexta-feira santa.
Deus é Trindade e este mistério da nossa fé é colocado hoje, de maneira muito didática, por João Evangelista: Jesus chega e João Batista de imediato faz a sua profissão de fé no Filho: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. E continuando nos mostra o Espírito Santo: “Eu vi o Espírito descer como uma pomba e permanecer sobre Ele”. E João finalmente nos apresenta o Pai, ao anunciar que está ali, diante dele, “o Filho de Deus”.
Mais uma vez observamos no profeta este elo entre o Antigo e o Novo Testamento. João Batista, o último profeta da Lei antiga, aquele que dizia palavras duríssimas para os que vinham até ele, passa a ser o anunciador da mansidão e da paz. Mostra-nos que Jesus é o cordeiro de Deus, aquele que tira a maldade, a malícia, o pecado do mundo.
Somente o Espírito Santo que ali naquela cena estava presente, como João diz, em forma de pomba, para fazer com que a sua cabeça, de homem bem rude, se convertesse e ele aceitasse que a sua pregação estivesse, a partir daquele momento, superada.
E o Evangelho termina dizendo que João viu e por isto dá testemunho. Aqui vai algo bem prático e atual para todos nós. Também temos visto coisas maravilhosas e muitas vezes elas permanecem escondidas, porque falta-nos a dimensão profética do testemunho. Que a Palavra de hoje nos anime a proclamar com mais ênfase as maravilhas que o Senhor faz em cada um de nós. Amém.
Para auxílio na reflexão durante a semana:
– Para João Batista Jesus é o Cordeiro de Deus. E para mim? Como o nomeio?
– Que significado tem a Trindade na minha vida de cristão?
– A quantas anda meu testemunho?
1ª Leitura – Is 49,3.5-6
O Senhor me disse: ‘Tu és o meu Servo, Israel, em quem serei glorificado’. E agora diz-me o Senhor -ele que me preparou desde o nascimento para ser seu Servo – que eu recupere Jacó para ele e faça Israel unir-se a ele; aos olhos do Senhor esta é a minha glória. Disse ele: ‘Não basta seres meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os remanescentes de Israel: eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até aos confins da terra’.
2ª Leitura – 1Cor 1,1-3
Paulo, chamado a ser apóstolo de Jesus Cristo, por vontade de Deus, e o irmão Sóstenes, à Igreja de Deus que está em Corinto: aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos junto com todos que, em qualquer lugar, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso. Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.