“Fica conosco, Senhor, pois já é tarde”

Publicado em 04/05/2014 | Categoria: Notícias |


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Liturgia da Missa – Reflexão sobre a Mesa da Palavra do Terceiro domingo da Páscoa – Ano A 

Grande enchente assolava o lugar. Continuava a chover nas cabeceiras do rio e os bombeiros alertavam para que os moradores abandonassem suas margens. A água já tomara o chão quando chegaram à casa de um homem de grande fé. “Moço”, falaram os bombeiros, “a água entrou em sua casa, as ruas estão inundadas. Temos aqui um bote. Venha conosco para lugar seguro”. Mas ele não lhes deu ouvidos. “Pode deixar, pessoal. Estou aqui rezando e Deus ouvirá minhas preces e virá me salvar”. Passa um dia e os bombeiros, num barco a motor, o encontram de pé numa cadeira posta sobre a mesa da copa. A água passava de dois metros. “Homem de Deus, venha logo, isso aqui está muito perigoso e as águas continuam subindo”. E ele os tranqüilizava. “Não se preocupem, amigos. Estou aqui orando e o Senhor virá me salvar no momento certo”. Mais umas horas e o helicóptero vê o homem sobre a única parte da casa ainda visível. A sua cumeeira. “Vamos jogar a corda”, eles gritaram. Mas o homem replicou-lhes em resposta. “Podem ir embora salvar os que não tem fé. Estou aqui esperando o Senhor chegar para me salvar!” Impressionados com a loucura dele foram então embora. Levado pela correnteza ele então chega ao céu. O Senhor o acolhe com um largo sorriso e, notando seu semblante fechado, lhe pergunta: “o que foi meu filho, por que está com essa cara de tromba aqui no paraíso? ” “E não era para estar? Fiquei esperando o Senhor vir me salvar todo o tempo da enchente e nada!”. Deus então, demonstrando surpresa, lhe responde. “Mas mandei os bombeiros três vezes e você não os quis escutar!”.

O Evangelho de hoje quer nos falar dessa dificuldade de percebermos o Senhor nos falando durante a caminhada da vida. Dois discípulos, decepcionados com o que acontecera com Jesus, retornam à sua cidadezinha. Seguiam tristes e iam conversando sobre aquilo tudo que sonhavam e que tinha se desfeito, virado pesadelo para eles, na sexta-feira.

É então que entra alguém na conversa lá deles. O próprio Ressuscitado vem, os escuta e começa a lhes explicar as coisas. Sem dúvidas que esse foi o primeiro círculo bíblico. Jesus mostrando-lhes, a partir das Escrituras e do que tinha ocorrido com Ele, a ação salvadora de Deus acontecendo.

Mas eles estavam cegos e não conseguiam ver que era Jesus. Até ouviam e o que escutavam, irão dizer depois, lhes fazia “arder o coração”. Mas seguiam sem conseguir enxergar além das aparências. Acostumados que estavam a ver somente com os olhos do rosto, estavam incapazes de ver com o coração quem seguia ali com eles, da mesma maneira que o homem da nossa história, obcecado com o milagre, não notava que o prodígio maior acontecia ali, através dos bombeiros a salvar as pessoas.

Essa é uma linda parábola de Lucas que pode, caso tenhamos abertos os olhos do coração, trazer-nos muitos ensinamentos. Interessante observarmos que um dos discípulos é nomeado. Chama-se Cléofas. O outro segue anônimo, para que possamos cada um de nós, nos colocar também nessa caminhada da vida com o Senhor, para ouvi-lo e também reconhecê-lo.

Sim, a caminhada de Emaus é também a nossa caminhada da vida. Quantas vezes não seguimos por ela tristes e desanimados. Então vem Jesus tentando nos dar ânimo e coragem e não o reconhecemos?

Preferimos seguir sem lhe dar ouvidos, ou melhor, sem enxergar que quem está conosco é o Senhor. Jesus vem até nós através de tanto tipo de “bombeiros”, de um número muito grande de pessoas, que têm nos ajudado vida afora. É preciso que nos coloquemos de prontidão para perceber Jesus que vem e nos enche o coração de calor.

Ao chegarem a Emaús, a cidade de destino dos dois, Jesus faz que vai seguir adiante, mas eles, intrigados e felizes com aquela companhia que lhes alegrava e lhes enchia o coração, mesmo sem que soubessem o porquê, convidam-no a permanecer com eles. “Fica conosco, pois cai a tarde e o dia já declina” e Ele entra para ficar ali com eles.

Aí acontece uma inversão maravilhosa. O Ressuscitado entra na casa dos seus discípulos e se apossa do ambiente. De convidado passa a anfitrião. É Ele e não os donos da casa, quem toma o pão, o abençoa, parte-o e dá de comer a eles. Jesus, quando deixamos entrar em nossa casa torna-se Senhor dela e nos dá o alimento. Não o pão diário, mas o pão da vida e a água viva.

Só então eles reconhecem que ali está o Senhor, mas nessa hora Jesus já não é mais visto. Levantam-se então, imediatamente, e retornam para Jerusalém. Saíram tristes e voltam alegres para a Cidade Santa. Importante também refletirmos se, na nossa vida, quando reconhecemos o Senhor, voltamos correndo à nossa comunidade (nossa Jerusalém), para contar aos companheiros que Ele vive em nós.

O reconhecimento de Jesus pelos seus discípulos se dá a partir de três sinais:

– A Palavra. No caminho Jesus vai lhes explicando as Escrituras. “E, começando por Moisés e através de todos os profetas, explicou para eles aquilo que em todas as escrituras dizia respeito a ele”. Pela vida Jesus, através dos seus enviados, também vai nos explicando a Palavra. Só que muitas vezes não a compreendemos, pois que somos “incapazes de compreender e lentos para crer tudo o que os profetas anunciaram!”

– A partilha do pão. Não existe cristão sem partilha. O discipulado é exigente quanto a isto. O pão só tem sentido caso possa ser dividido. Que cada um de nós veja que tipo de pão precisa partilhar. “E uma vez à mesa com eles, tomou o pão, disse a bênção, partiu-o e distribuiu-o a eles”.

– A profissão de fé. É o que fazemos cada vez que vivemos a partilha do pão na missa. Mas é preciso muito mais. A ressurreição é a verdade maior da nossa fé e é necessário que esse Credo se dê na vida diária. Os dois discípulos retornaram para Jerusalém, “onde encontraram os onze e seus companheiros que disseram: O Senhor ressuscitou verdadeiramente…”

Para reflexão nessa semana:

– Quando estou triste e solitário consigo reconhecer Jesus que vem até mim?

– Tenho partilhado o pão da minha vida?

– Creio na ressurreição? Jesus ressuscita em mim?

1ª Leitura – At 2,14.22-33
No dia de Pentecostes, Pedro de pé, junto com os onze apóstolos, levantou a voz e falou à multidão: ‘Homens de Israel, escutai estas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem aprovado por Deus, junto de vós, pelos milagres, prodígios e sinais que Deus realizou, por meio dele, entre vós. Tudo isto vós bem o sabeis. Deus, em seu desígnio e previsão, determinou que Jesus fosse entregue pelas mãos dos ímpios, e vós o matastes, pregando-o numa cruz. Mas Deus ressuscitou a Jesus, libertando-o das angústias da morte, porque não era possível que ela o dominasse. Pois Davi dele diz: Eu via sempre o Senhor diante de mim, pois está à minha direita para eu não vacilar. Alegrou-se por isso meu coração e exultou minha língua e até minha carne repousará na esperança. Porque não deixarás minha alma na região dos mortos nem permitirás que teu Santo experimente corrupção. Deste-me a conhecer os caminhos da vida e a tua presença me encherá de alegria. Irmãos, seja-me permitido dizer com franqueza que o patriarca Davi morreu e foi sepultado e seu sepulcro está entre nós até hoje. Mas, sendo profeta, sabia que Deus lhe jurara solenemente que um de seus descendentes ocuparia o trono. É, portanto, a ressurreição de Cristo que previu e anunciou com as palavras: Ele não foi abandonado na região dos mortos e sua carne não conheceu a corrupção. Com efeito, Deus ressuscitou este mesmo Jesus e disto todos nós somos testemunhas. E agora, exaltado pela direita de Deus, Jesus recebeu o Espírito Santo que fora prometido pelo Pai, e o derramou, como estais vendo e ouvindo.

2ª Leitura – 1Pd 1,17-21
Caríssimos: Se invocais como Pai aquele que sem discriminação julga a cada um de acordo com as suas obras, vivei então respeitando a Deus durante o tempo de vossa migração neste mundo. Sabeis que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais, não por meio de coisas perecíveis, como a prata ou o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito.
Antes da criação do mundo, ele foi destinado para isso, e neste final dos tempos, ele apareceu, por amor de vós. Por ele é que alcançastes a fé em Deus. Deus o ressuscitou dos mortos e lhe deu a glória, e assim, a vossa fé e esperança estão em Deus.

Evangelho – Lc 24,13-35
Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. Então Jesus perguntou: ‘O que ides conversando pelo caminho?’ Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: ‘Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?’ Ele perguntou: ‘O que foi?’ Os discípulos responderam: ‘O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu.’ Então Jesus lhes disse: ‘Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?’ E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele. Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: ‘Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!’ Jesus entrou para ficar com eles. Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. Então um disse ao outro: ‘Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?’ Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos com os outros. E estes confirmaram: ‘Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!’ Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão.



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