Francisco: arriscar e colocar-se a caminho para encontrar Deus
Na manhã desta terça-feira (10/02), o Santo Padre celebrou Missa, na Capela Santa Marta, no Vaticano, durante a qual refletiu sobre o “encontro com Deus”. Com efeito, disse em sua homilia, para encontrar a Deus é preciso arriscar e colocar-se a caminho, porque um cristão “quieto” jamais poderá conhecer o rosto do Pai.
De fato, se um cristão quiser conhecer a sua identidade, não pode permanecer sentado comodamente na poltrona e desfolhar um livro, porque, no mundo, não existe um livro com a imagem de Deus ou onde possa encontrar o desenho cômodo de Deus.
Na leitura do livro do Gênesis encontramos a criação do homem à imagem e semelhança de Deus. Partindo desta citação, o Papa Francisco meditou sobre a estrada justa e as muitas erradas que se abrem diante de um cristão que quer descobrir as suas origens.
A imagem de Deus, certamente, não pode ser encontrada em um computador ou em enciclopédias. Para encontra-la é preciso entender a própria identidade e apenas pondo-se a caminho. E o Papa explicou:
“Quem não se coloca a caminho, jamais conhecerá a imagem de Deus, jamais encontrará a face de Deus. Os cristãos sentados, quietos, nunca descobrirão a face de Deus, jamais a conhecerão. Para caminhar, é preciso certa inquietude, que o próprio Deus colocou em nosso coração e que nos leva a busca-lo dia-a-dia”.
A “caricatura” de Deus
Certamente, considerou Francisco, “colocar-se a caminho é deixar que Deus ou a vida nos coloque em prova, colocar-se a caminho é arriscar”. E assim fizeram “gigantes” como o profeta Elias, Jeremias ou Jó, desafiando perigos e sentindo-se abater pela fadiga e pela desconfiança. Mas há também outro modo de ficar parados e, portanto, falsificar a busca de Deus, que Francisco relevou no episódio do Evangelho em que os escribas e os fariseus criticam Jesus porque os seus discípulos comem sem ter respeitado as abluções rituais:
“No Evangelho, Jesus encontra pessoas que têm medo de colocar-se a caminho e que se conformam com uma caricatura de Deus. É uma falsa carteira de identidade. Esses não-inquietos calaram a inquietude do coração, retratam Deus com mandamentos e se esquecem de Deus: ‘Vocês, ignorando o mandamento de Deus, observam a tradição dos homens’, e assim se afastam do Senhor, não caminham em direção a Ele, e quando se sentem inseguros, inventam ou criam outro mandamento”.
A graça de estar em caminho
Quem se comporta deste modo, concluiu o Papa Francisco, realiza um “caminho entre aspas”, um “caminho que não caminha, um caminho quieto”:
“Hoje, a liturgia nos faz refletir sobre esses dois textos: duas carteiras de identidade. Aquela que todos nós temos, porque o Senhor nos fez assim, e aquela que nos diz: ‘Coloque-se a caminho e conhecerá a sua identidade, porque você é imagem de Deus, é feito à Sua semelhança. Coloque-se a caminho e busque Deus’. E a outra: ‘Não, fique tranquilo: observe todos esses mandamentos e isso é Deus. Este é o rosto de Deus’. Que o Senhor nos dê a todos a graça da coragem de colocar-nos a caminho, para buscar o rosto do Senhor, aquele rosto que um dia veremos, mas que aqui, sobre a Terra, temos que buscar”.
(MT/BF)
Fonte: Rádio Vaticano