História do Concílio Vaticano II

Publicado em 01/10/2012 | Categoria: Notícias |


No próximo dia 11 de outubro, em Roma, será comemorado o 50º aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II. Na ocasião, o papa Bento 16 também dará início ao Ano da Fé, que se estenderá até à festa de Cristo Rei, 24 de novembro de 2013.

 

A partir de hoje, ao longo do mês de outubro, vamos publicar vários textos sobre o Concílio Vaticano II para que você possa experimentar a importância deste Concílio para o aprofundamento da nossa fé e  na caminhada no seguimento de Jesus.

 

Neste primeiro dia apresentamos um texto do Monsenhor Vitaliano Mattiol, que conta com detalhes o início da história do Concílio Vaticano II , que completa 50º anos, neste mês de outubro.

 

Esperamos que você acompanhe a série e envie o seu comentário,  através do formulário  no final de cada  texto,  informando se o conteúdo publicado durante o mês de outubro está ajudando na sua caminhada no segmento de Jesus.


Boa reflexão!!!

 

Anunciado pelo Papa João XXIII no dia 25 de janeiro de 1959

Mons. Vitaliano Mattioli*

Em 25 de janeiro de 1959 o Papa João XXIII, depois de um pontifical solene na Basílica de São Paulo, anunciou aos Cardeais o projeto de realizar um novo Concílio.

A surpresa foi grande porque João XXIII tinha sido eleito Papa em 28 de outubro do ano anterior.

Mais tarde soube-se que já o seu predecessor, Pio XII, teve essa ideia e, em segredo, começou os trabalhos preparatórios. Mas depois pensou que o tempo ainda não estava maduro.

João XXIII começou os preparativos no mês de maio seguinte constituindo a Pontifícia Comissão Antepreparatória. Nomeou Mons. Pericle Felici secretário da mesma.

Em junho de 1960 com o Motu proprio Superno Dei instituiu as 11 Comissões preparatórias: teologia, bispos e governo das dioceses, disciplina do clero e do povo cristão, religiosos, sacramentos, liturgia, seminários, igrejas orientais, missões, leigos.

 

Finalmente no dia 11 de outubro de 1962 foi aberto oficialmente o novo Concílio

O Papa escolheu esta data porque, então, nesse dia celebrava-se a festa de Maria, Teothokos, Mãe de Deus. De tal forma manifestou a intenção de colocar o desempenho do Concílio sob a proteção de Maria.

O discurso de Santa Missa de abertura, Gaudet Mater Ecclesia, apontou as diretrizes do Concílio e motivou a oportunidade de celebrar o novo Concílio. Disse que o objetivo principal do Concílio deve ser a apresentação, defesa e difusão do sagrado depósito da doutrina cristã: “5.1. O que mais interessa para o Concílio é que o sagrado depósito da doutrina cristã seja custodiado e ensinado da forma mais eficaz. Tal doutrina abraça o homem integral, composto de alma e de corpo, e a nós, que moramos nessa terra, nos manda buscar como peregrinos a pátria celeste … 2. O vigésimo primeiro Concílio Ecumênico … quer transmitir de forma integral, não falseada, não em parte, a doutrina Católica”.

Em seguida, se move sobre o modo de se comportar da Igreja em torno aos erros doutrinários: “Abrindo o Concílio Ecumênico Vaticano II, é claro mais do que nunca que a verdade do Senhor permanece para sempre. 2. Não houve tempo em que a Igreja não se opôs a estes erros; muitas vezes também os condenou, e as vezes com a maior severidade. Quanto ao tempo presente, a Esposa de Cristo prefere usar o remédio da misericórdia ao invés de usar as armas do rigor; pensa que deva-se atender as necessidades de hoje, expondo mais claramente o valor do seu ensino e não condenando.

O discurso de abertura termina expressando o desejo de promover a unidade na família cristã e humana porque: “Infelizmente toda a família cristã ainda não conseguiu plenamente essa unidade visível na verdade.”

A primeira sessão terminou no dia 8 de dezembro de 1962. Os trabalhos foram atualizados pelo mês de setembro do ano seguinte.

Enquanto isso, no dia 3 de junho de 1963 o Papa João XXIII morreu. Automaticamente com a morte do Papa, o Concílio foi suspenso. Corresponde ao sucessor continuá-lo ou não.

O novo Papa eleito no dia 21 de junho foi Giovanni Battista Montini, que tomou o nome de Paulo VI. Ele expressou imediatamente o desejo de continuar o Concílio.

A segunda sessão foi aberta no dia 29 de setembro de 1963 e terminou no dia 4 de dezembro de 1963.

Em seu discurso de abertura, Paulo VI apresentou os quatro objetivos do Concílio: “Resumiremos em quatro pontos, que são: a definição ou, se preferir, a consciência de Igreja, a sua reforma, a restauração da unidade entre todos os cristãos e o diálogo da Igreja com os homens contemporâneos”.

Em janeiro de 1964 Paulo VI fez a histórica visita à Terra Santa seja para retornar às origens do cristianismo, como para reacender as relações entre a religião hebraica e o Estado de Israel, ainda não reconhecido oficialmente pela Santa Sé. Mas também para fazer novas alianças com a Igreja Ortodoxa. Comovente e único na história anterior foi o encontro e o abraço em Jerusalém entre Paulo VI e Atenágoras, Patriarca de Constantinopla.

“A terceira sessão foi a do 14 de setembro de 1964 a 21 de novembro. Em seu discurso de encerramento, Paulo VI proclamou Maria: Mãe da Igreja: “Por esta razão, parece-nos necessário que nesta sessão pública anunciemos publicamente um título com o qual seja honrada a Beata Virgem Maria, que foi solicitado por diversas partes do mundo católico e nos é especialmente caro e aceitável, porque com admirável síntese expressa a posição privilegiada que na Igreja este Concílio reconheceu ser própria da Mãe de Deus.

Por isso para a glória da Beata Virgem e para a nossa consolação declaramos Maria Santíssima Mãe da Igreja, ou seja de todo o povo cristão, seja dos fieis que dos Pastores, que a chamamos Mãe amadíssima; e estabelecemos que com este título todo o povo cristão a partir de agora honre ainda mais a Mãe de Deus e lhe dirija súplicas”.

  A quarta sessão: aberta no dia 14 de Setembro de 1965, terminou no dia 8 de dezembro de 1965, festa da Imaculada Conceição.

 

No discurso de abertura caracterizou dessa forma o Concílio: “Não parece difícil dar ao nosso Concílio Ecuménico o caráter de um ato de amor: de um grande e tríplice ato de amor: para com Deus, para com a igreja, para com a humanidade”.

Nesta sessão, no dia 4 de outubro de 1965, Paulo VI visitou a Assembléia das Nações Unidas em Nova York, oficialmente convidado para celebrar o vigésimo aniversário da ONU.

No dia 18 de novembro de 1965 Paulo VI, perto do encerramento do Concílio deu um discurso falando da atitude que se deveria ter no pós-concílio, quase que prevendo a confusão que aconteceria em seguida. “Veneráveis ​​Irmãos, não devemos tanto prestar atenção a essas reformas necessárias, mas sim àquelas morais e espirituais, que nos façam mais em conformidade com o nosso Divino Mestre e mais aptos para os deveres da nossa respectiva vocação. Devemos principalmente esperar isso: a nossa efetiva santificação e a real capacidade de difundir entre os homens do nosso tempo a mensagem evangélica”.

No dia 7 de dezembro de 1965, véspera do encerramento, celebrou-se a Santa Missa da última sessão. Paulo VI na homilia resumiu dessa forma todo o Concílio: “No rosto de cada homem deve-se ver o rosto de Cristo, e neles, aquele do Pai Celestial. Para conhecer a Deus é preciso conhecer o homem. Amar a Deus para amar o homem. Todo este Concílio resume-se no seu significado conclusivo religioso, como um poderoso convite à humanidade de hoje a encontrar, através do amor fraterno, a Deus”.

No final da celebração eucarística aconteceu um fato importante. Paulo VI com a Carta Apostólica Ambulate in Dilectione, aboliu a excomunhão imposta no dia 16 de julho de 1054 ao Patriarca de Constantinopla Miguel Cerulário. Ao mesmo tempo em Constantinopla (Istambul), o Patriarca Atenágoras, revogava a excomunhão do Seu predecessor ao Papa Leão IX. Assim a Carta de Paulo VI: “Queremos eliminar da memória da Igreja a sentença de excomunhão emitida então, tirá-la do caminho, e a queremos enterrada no esquecimento e apagada. Temos o prazer de que nos seja dada a oportunidade de realizar este ato de caridade fraterna aqui em Roma, ao lado do túmulo do Apóstolo Pedro, no mesmo dia em que o mesmo acontece em Constantinopla (Istambul), que é chamada de Nova Roma.” O Card. Johannes Willebrands leu a Declaração Conjunta da Igreja Católica Romana e da Igreja Ortodoxa de Constantinopla. Logo depois, o Cardeal Agostino Bea leu a carta citada Ambulate in Dilectione.

 

 

  Os documentos conciliares são:

 

 

 

 

 

 

Quatro Constituições:

  • Sacrosanctum Concilium (sobre a Liturgia), 4 de dezembro de 1963 (2178 eleitores, 2159 placet)
  • Lumen Gentium (sobre a Igreja), 21 de novembro de 1964 (2145 eleitores, 1921 placet)
  •  Dei Verbum (sobre a Revelação Divina), 18 de novembro de 1965 (2350 eleitores, 2344 placet)
  •  Gaudium et Spes (sobre a Igreja no Mundo contemporâneo), 7 de dezembro de 1965 (2373 eleitores, 2309 placet)

 

Nove Decretos:

  • Inter Mirifica (sobre as ferramentas da comunicação social), 4 de dezembro de 1963 (2124 eleitores, 1960 placet)
  •  Orientalium Ecclesiarum (sobre as Igrejas Orientais católicas), 21 de novembro de 1964 (2149 eleitores, 2110 placet)
  •  Unitatis Redintegratio (sobre o Ecumenismo), 21 de novembro de 1964 (2148 eleitores, 2137 placet)
  • Christus Dominus (sobre os bispos), 28 de outubro de 1965 (2322 eleitores, 2319 placet)
  • Perfectae Caritatis (sobre os religiosos) 28 de outubro de 1965 (2325 eleitores, 2321 placet)
  •  Optatam totius (sobre a formação sacerdotal) 28 de outubro de 1965 (2321 eleitores, 2318 placet)
  •   Apostolicam Actuositatem (sobre o apostolado dos Leigos) 18 de novembro de 1965 (2342 eleitores, 2340 placet)
  •  Ad Gentes (sobre a atividade missionária), 7 de dezembro de 1965 (2399 eleitores, 2394 placet)
  •  Presbyterorum Ordinis (sobre o ministério e a vida dos Presbíteros), 7 de dezembro de 1965 (2394 eleitores, 2390 placet)

 

Três declarações:

  • Gravissimum Educationis (sobre a educação cristã), 28 de outubro de 1965 (2096 eleitores, 1912 placet)
  •  Nostra Aetate (sobre a relação com as Religiões não-cristãs), 28 de outubro de 1965 (2312 eleitores, 2221 placet)
  •  Dignitatis Humanae (sobre a liberdade religiosa), 7 de dezembro de 1965 (2386 eleitores, 2308 placet)

 Em 1966, o jornalista italiano Alberto Cavallaria escreveu em um livro-entrevista: “O verdadeiro significado do Concílio Vaticano II só será reconhecido depois de muitas décadas e toda conclusão rígida torna-se imprudente” (Il Vaticano che cambia, Mondadori, p. 27).

Hoje, após 50 anos desde o início do Concílio, essa reflexão aparece verdadeira.

* Mons. Vitaliano Mattioli, nasceu em Roma em 1938, realizou estudos clássicos, filosóficos e jurídicos. Foi professor na Universidade Urbaniana e na Escola Clássica Apollinaire de Roma e Redator da revista “Palestra del Clero”. Atualmente é missionário Fidei Donum na diocese de Crato, no Brasil.

[Tradução do Italiano por Thácio Siqueira]

Fonte: Zenit



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