Papa Francisco na terra Santa

Publicado em 26/05/2014 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


O atual bom relacionamento entre judeus e católicos – dom de Deus e fruto do empenho de muitos: Papa no encontro com os Grã-Rabinos

 

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Momento significativo, para as relações entre Judeus e Católicos, o encontro, no Centro do Grã-Rabinato de Israel, junto da Grande Sinagoga de Jerusalém, em que intervieram, antes do Papa, os dois Grandes Rabinos, das duas tradições judaicas – Azkenazi e Sefardita.
Na sua alocução, o Papa Francisco recordou a amizade, colaboração e partilha, mesmo no plano espiritual que, como arcebispo de Buenos Aires, teve com os judeus. “Este caminho de amizade – sublinhou o Papa – constitui um dos frutos do Concílio Vaticano II.

Na realidade, estou convencido de que o sucedido durante as últimas décadas nas relações entre judeus e católicos tenha sido um verdadeiro dom de Deus, uma das maravilhas por Ele realizadas, pela qual somos chamados a bendizer o seu Nome.

Em todo o caso este um dom de Deus “não poderia manifestar-se sem o empenho de muitíssimas pessoas corajosas e generosas, tanto judias como cristãs” – sublinhou o Papa, referindo a importância assumida pelo diálogo entre o Grã-Rabinato de Israel e a Comissão da Santa Sé para as Relações Religiosas com o Judaísmo. Não se trata apenas de estabelecer, num plano humano, relações de respeito mútuo:

Somos chamados, como somos chamados, como cristãos e como judeus, a interrogarmo-nos em profundidade sobre o significado espiritual do vínculo que nos une. É um vínculo que vem do Alto, ultrapassa a nossa vontade e permanece íntegro, não obstante todas as dificuldades de relacionamento vividas, infelizmente, na história.

“Do lado católico (assegurou o Papa), há seguramente a intenção de considerar plenamente o sentido das raízes judaicas da própria fé. Estou confiante, com a vossa ajuda, que também do lado judaico se mantenha e, se possível, aumente o interesse pelo conhecimento do cristianismo, mesmo nesta terra bendita onde o cristianismo reconhece as suas origens e, especialmente, entre as jovens gerações.”

Juntos, poderemos dar uma grande contribuição para a causa da paz; juntos, poderemos, num mundo em rápida mudança, testemunhar o significado perene do plano divino da criação; juntos, poderemos opor-nos, firmemente, a todas as formas de anti-semitismo e restantes formas de discriminação.

No Memorial do Holocausto, Papa Francisco evoca a tragédia do homem desfigurado que pretende ser deus. Nunca mais tal monstruosidade!

 



Especialmente intenso e comovente foi a visita feita ao Memorial de Yad Vashem, em que se recordam todas as vítimas do Holocausto dos Judeus. Acompanhado pelo Presidente Shimon Peres e pelo Primeiro ministro Netanyau, o Santo Padre participou numa cerimónia invocativa da tragédia que constituiu o extermínio do milhões de judeus na II Grande Guerra, incluindo algumas leituras, cantos religiosos e orações.

Nas sentidas palavras que pronunciou, o Papa partiu da pergunta que o Senhor dirige a Adão, no livro do Génesis: “Onde estás?”.

 

Onde estás, ó homem, onde foste parar? Neste memorial do Holocausto, ouvimos ressoar esta pergunta, onde está toda a dor do Pai que perdeu o filho. Este grito – onde estás? – ressoa aqui perante a tragédia incomensurável do Holocausto, como uma voz que se perde num abismo!

Homem, quem és? Não te reconheço? Em quem te tornaste? De que horrores foste capaz? … Quem te contagiou a presunção de te apoderares do bem e do mal? Quem te convenceu que eras deus? …

Da terra levanta-se um gemido submisso: Tende piedade de nós, Senhor! … Escutai a nossa oração! Salvai-nos pela vossa misericórdia! Salvai-nos desta monstruosidade! … Nunca mais, nunca mais!

Adão, onde estás? Eis-nos aqui, Senhor, com a vergonha daquilo que o homem, criado à vossa imagem e semelhança, foi capaz de fazer. Lembrai-Vos de nós, na vossa misericórdia?

 

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Papa reza no Muro das Lamentações, deixa bilhete com Pai-nosso e abraça rabino e professor muçulmano que o acompanham

 


O Papa rezou em silêncio pela paz diante do Muro das Lamentações, o lugar mais sagrado do Judaísmo, e depositou no local um bilhete escrito, com a oração do Pai-nosso.
Recebido pelo rabino chefe Samuel Rabinovitch, que preside à Fundação que gere este lugar santo judaico, ouviu uma explicação histórica, em inglês, sobre a história do Templo de Jerusalém. O rabino recitou depois um salmo dedicado à cidade santa de Jerusalém, recitado também na liturgia católica.
O Papa aproximou-se depois do Muro e rezou em silêncio durante alguns minutos, retirando o bilhete do envelope para recitar a oração.
O momento concluiu-se com um abraço entre Francisco, o rabino Abraham Skorka, de Buenos Aires, e o professor muçulmano, Omar Ahmed Abboud, secretário-geral do Instituto de Diálogo Inter-religioso da República da Argentina, que integram a comitiva pontifícia.
O pontífice argentino assinou o livro de honra, deixando uma mensagem na qual manifestou sentimentos de “alegria e gratidão” por ter podido rezar pela “graça da paz”.
Deixando o Muro das Lamentações, o Papa seguiu para o Monte Herzl, cemitério nacional de Israel, para depor uma coroa de flores no túmulo de Théodore Herzl, fundador e o símbolo do sionismo moderno, segundo as exigências do protocolo israelita, um gesto no qual foi ajudado por duas crianças católicas, nascidas em Israel, que falam hebraico. Presentes o presidente e o primeiro-ministro, Shimon Peres e Benjamin Netanyahu.
Francisco encontra-se agora no mausoléu do Yad Vashem de Jerusalém, em memória das vítimas do Holocausto, visitando em seguida os dois grãos-rabinos de Israel, no centro Heichal Shlomo.

Bartolomeu e Francisco no Santo Sepulcro – juntos para encontrar caminhos de futuro

 


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O último encontro e o mais importante deste segundo dia da Viagem Apostólica do Papa Francisco à Terra Santa foi a Celebração Ecuménica, no Santo Sepulcro, em Jerusalém.
Participaram nesta celebração, entre outros, os Ordinários Católicos da Terra Santa, os Arcebispos copta, sírio, etíope e os bispos anglicano e luterano. O Papa Francisco e o Patriarca Bartolomeu foram acolhidos pelos três Superiores das Comunidades Greco-ortodoxa, Franciscana e Arménia Apostólica.
O primeiro a usar da palavra foi o Patriarca Bartolomeu I que sublinhou a mensagem de coragem, esperança e vida que irradia do Santo Sepulcro vazio que indica que não devemos ter medo da morte e do mal. “Qualquer esforço da humanidade contemporânea de modelar o seu futuro autonomamente e sem Deus é uma vã presunção” – afirmou o Patriarca – que considerou ainda que o Sepulcro “convida a recusarmos talvez o maior temor da era moderna, o medo do outro, do diferente, de quem tem uma outra fé”. Desta forma, Bartolomeu I recordou o encontro entre Paulo VI e Atenágoras, há 50 anos, que quebrou a divisão de um milénio entre as duas igrejas. “Mudou o medo para amor” – afirmou – e concluiu dizendo que este “é o único caminho para que todos sejam uma coisa só”.
No final do discurso do seu “irmão” Bartolomeu, Francisco cumprimentou-o afetuosamente e tomou a palavra propondo que “fiquemos em devoto recolhimento junto do sepulcro vazio, para redescobrir a grandeza da nossa vocação cristã: somos homens e mulheres de ressurreição, não de morte”.

Aprendamos deste lugar, a viver a nossa vida, os trabalhos das nossas Igrejas e do mundo inteiro na luz da manhã de Páscoa – sublinhou o Santo Padre:

“Cada ferida, sofrimento e dor, foram carregados nos ombros do Bom Pastor, que ofereceu-se a si próprio e com o seu sacrifício abriu-nos a passagem para a vida eterna.”
“E não sejamos surdos ao potente apelo à unidade que ressoa desde este lugar, nas palavras Daquele que, Ressuscitado, chama a todos nós ‘os meus irmãos’.

O Papa Francisco afirmou neste ponto do seu discurso ser necessário acreditar que “como foi removida a pedra do sepulcro, assim possam ser removidos todos os obstáculos que ainda impedem a plena comunhão entre nós”.

O Santo Padre concluiu a sua alocução desejando que se encontre no futuro “uma forma de exercício do ministério do Bispo de Roma que abra a uma situação nova que seja um serviço de amor e comunhão reconhecido por todos”. Salientou também o ecumenismo do sofrimento e o sangue cristão derramado nas perseguições que ainda subsistem. “Aqueles que por ódio a fé matam e perseguem os cristãos, não perguntam se são ortodoxos ou católicos: são cristãos! O sangue cristão é o mesmo!” – afirmou o Papa Francisco.

De referir que Francisco e Bartolomeu assinaram uma Declaração comum na qual fazem apelo aos cristãos e aos crentes de outras tradições religiosas e a todos os homens de boa vontade a reconhecerem a urgência de reconciliação e de unidade da família humana. Desta forma, “conscientes de não terem conseguido o objetivo da plena comunhão” reafirmam o empenho de “ caminhar juntos em direção à unidade” procurando também “um autêntico diálogo com o hebraísmo, o islamismo e outras tradições religiosas”. Afirmam também o compromisso de colaborarem “na defesa da dignidade da pessoa humana em cada fase da sua vida” e afirmam defender a “santidade da família baseada no matrimónio” para “promover a paz e o bem comum”. Reconhecem ainda nesta declaração comum que devem ser constantemente enfrentados os problemas da “fome, da indigência, do analfabetismo e da não équa distribuição dos bens”. (RS)


Papa Francisco e Patriarca Bartolomeu assinam Declaração comum

 


Eis o texto integral da Declaração Comum assinada pelo Patriarca Bartolomeu e pelo Papa Francisco, nos 50 anos do encontro de Paulo VI e Atenágoras:

1. Como os nossos venerados predecessores Papa Paulo VI e Patriarca Ecuménico Atenágoras, que se encontraram aqui em Jerusalém há cinquenta anos, também nós – Papa Francisco e Patriarca Ecuménico Bartolomeu – decidimos encontrar-nos na Terra Santa, «onde o nosso Redentor comum, Cristo nosso Senhor, viveu, ensinou, morreu, ressuscitou e subiu aos céus, donde enviou o Espírito Santo sobre a Igreja nascente» (Comunicado comum de Papa Paulo VI e Patriarca Atenágoras, publicado depois do seu encontro de 6 de Janeiro de 1964). O nosso encontro – um novo encontro dos Bispos das Igrejas de Roma e Constantinopla fundadas respectivamente por dois Irmãos, os Apóstolos Pedro e André – é fonte de profunda alegria espiritual para nós. O mesmo proporciona uma ocasião providencial para reflectir sobre a profundidade e a autenticidade dos vínculos existentes entre nós, vínculos esses fruto de um caminho cheio de graça pelo qual o Senhor nos guiou desde aquele abençoado dia de cinquenta anos atrás.

2. O nosso encontro fraterno de hoje é um passo novo e necessário no caminho para a unidade, à qual só o Espírito Santo nos pode levar: a unidade da comunhão na legítima diversidade. Com profunda gratidão, relembramos os passos que o Senhor já nos permitiu realizar. O abraço trocado entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras aqui em Jerusalém, depois de muitos séculos de silêncio, abriu a estrada para um gesto epocal: a remoção da memória e do meio da Igreja dos actos de recíproca excomunhão de 1054. Isso foi seguido por uma troca de visitas entre as respectivas Sés de Roma e de Constantinopla, por uma correspondência regular e, mais tarde, pela decisão anunciada pelo Papa João Paulo II e o Patriarca Dimitrios, ambos de abençoada memória, de se iniciar um diálogo teológico na verdade entre católicos e ortodoxos. Ao longo destes anos, Deus, fonte de toda a paz e amor, ensinou-nos a olhar uns para os outros como membros da mesma família cristã, sob o mesmo Senhor e Salvador Jesus Cristo, e a amar-nos de tal modo uns aos outros que podemos confessar a nossa fé no mesmo Evangelho de Cristo, tal como foi recebida pelos Apóstolos e nos foi expressa e transmitida a nós pelos Concílios Ecuménicos e pelos Padres da Igreja. Embora plenamente conscientes de ainda não ter atingido a meta da plena comunhão, hoje reafirmamos o nosso compromisso de continuar a caminhar juntos rumo à unidade pela qual Cristo nosso Senhor rezou ao Pai pedindo que «todos sejam um só» (Jo 17, 21).

3. Bem cientes de que a unidade se manifesta no amor de Deus e no amor do próximo, olhamos com ansiedade para o dia em que poderemos finalmente participar juntos no banquete eucarístico. Como cristãos, somos chamados a preparar-nos para receber este dom da comunhão eucarística, segundo o ensinamento de Santo Ireneu de Lião (Contra as Heresias, IV, 18, 5: PG 7, 1028), através da confissão de uma só fé, a oração perseverante, a conversão interior, a renovação da vida e o diálogo fraterno. Ao alcançar esta meta esperada, manifestaremos ao mundo o amor de Deus, pelo qual somos reconhecidos como verdadeiros discípulos de Jesus Cristo (cf. Jo 13, 35).

4. Para tal objectivo, o diálogo teológico realizado pela Comissão Mista Internacional oferece uma contribuição fundamental na busca da plena comunhão entre católicos e ortodoxos. Ao longo dos sucessivos tempos vividos sob os Papas João Paulo II e Bento XVI e o Patriarca Dimitrios, foi substancial o progresso dos nossos encontros teológicos. Hoje exprimimos vivo apreço pelos resultados obtidos até agora, bem como pelos esforços actuais. Não se trata de mero exercício teórico, mas de uma exercitação na verdade e no amor, que exige um conhecimento ainda mais profundo das tradições de cada um para as compreender e aprender com elas. Assim, afirmamos mais uma vez que o diálogo teológico não procura o mínimo denominador comum teológico sobre o qual se possa chegar a um compromisso, mas busca aprofundar o próprio conhecimento da verdade total que Cristo deu à sua Igreja, uma verdade cuja compreensão nunca cessará de crescer se seguirmos as inspirações do Espírito Santo. Por isso, afirmamos conjuntamente que a nossa fidelidade ao Senhor exige um encontro fraterno e um verdadeiro diálogo. Tal busca comum não nos leva para longe da verdade; antes, através de um intercâmbio de dons e sob a guia do Espírito Santo, levar-nos-á para a verdade total (cf. Jo 16, 13).

5. Todavia, apesar de estarmos ainda a caminho para a plena comunhão, já temos o dever de oferecer um testemunho comum do amor de Deus por todas as pessoas, trabalhando em conjunto ao serviço da humanidade, especialmente na defesa da dignidade da pessoa humana em todas as fases da vida e da santidade da família assente no matrimónio, na promoção da paz e do bem comum e dando resposta ao sofrimento que continua a afligir o nosso mundo. Reconhecemos que a fome, a pobreza, o analfabetismo, a distribuição desigual de recursos devem ser constantemente enfrentados. É nosso dever procurar construir juntos uma sociedade justa e humana, onde ninguém se sinta excluído ou marginalizado.

6. É nossa profunda convicção que o futuro da família humana depende também do modo como protegermos – de forma simultaneamente prudente e compassiva, com justiça e equidade – o dom da criação que o nosso Criador nos confiou. Por isso, arrependidos, reconhecemos os injustos maus-tratos ao nosso planeta, o que aos olhos de Deus equivale a um pecado. Reafirmamos a nossa responsabilidade e obrigação de fomentar um sentimento de humildade e moderação, para que todos possam sentir a necessidade de respeitar a criação e protegê-la cuidadosamente. Juntos, prometemos empenhar-nos na sensibilização sobre a salvaguarda da criação; apelamos a todas as pessoas de boa vontade para tomarem em consideração formas de viver menos dispendiosas e mais frugais, manifestando menos ganância e mais generosidade na protecção do mundo de Deus e para benefício do seu povo.

7. Há também urgente necessidade de uma cooperação efectiva e empenhada dos cristãos para salvaguardar, por todo o lado, o direito de exprimir publicamente a própria fé e de ser tratados equitativamente quando promovem aquilo que o cristianismo continua a oferecer à sociedade e à cultura contemporânea. A este propósito, convidamos todos os cristãos a promoverem um diálogo autêntico com o judaísmo, o islamismo e outras tradições religiosas. A indiferença e a ignorância mútua só podem levar à desconfiança e mesmo, infelizmente, ao conflito.

8. Desta cidade santa de Jerusalém, exprimimos a nossa comum e profunda preocupação pela situação dos cristãos no Médio Oriente e o seu direito de permanecerem plenamente cidadãos dos seus países de origem. Confiadamente voltamo-nos para Deus omnipotente e misericordioso, elevando uma oração pela paz na Terra Santa e no Médio Oriente em geral. Rezamos especialmente pelas Igrejas no Egipto, Síria e Iraque, que têm sofrido mais pesadamente por causa dos eventos recentes. Encorajamos todas as Partes, independentemente das próprias convicções religiosas, a continuarem a trabalhar pela reconciliação e o justo reconhecimento dos direitos dos povos. Estamos convencidos de que não são as armas, mas o diálogo, o perdão e a reconciliação, os únicos meios possíveis para alcançar a paz.

9. Num contexto histórico marcado pela violência, a indiferença e o egoísmo, muitos homens e mulheres de hoje sentem que perderam as suas referências. É precisamente através do nosso testemunho comum à boa notícia do Evangelho que seremos capazes de ajudar as pessoas do nosso tempo a redescobrirem o caminho que conduz à verdade, à justiça e à paz. Unidos nos nossos intentos e recordando o exemplo dado há cinquenta anos aqui em Jerusalém pelo Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, apelamos a todos os cristãos, juntamente com os crentes das diferentes tradições religiosas e todas as pessoas de boa vontade, que reconheçam a urgência deste tempo que nos obriga a buscar a reconciliação e a unidade da família humana, no pleno respeito das legítimas diferenças, para bem de toda a humanidade actual e das gerações futuras.

10. Ao empreendermos esta peregrinação comum até ao lugar onde o nosso e único Senhor Jesus Cristo foi crucificado, sepultado e ressuscitou, humildemente confiamos à intercessão da Santíssima e Sempre Virgem Maria os nossos futuros passos no caminho rumo à plenitude da unidade e entregamos ao amor infinito de Deus toda a família humana.

«O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te favoreça! O Senhor volte para ti a sua face e te dê a paz!» (Nm 6, 25-26).

 

Jerusalém, 25 de Maio de 2014.

 

Em Israel, Papa renova ao Presidente Peres o convite a rezar pela paz no Vaticano com o Presidente Abbas

 



O encontro do Papa Francisco com as crianças no Auditorium “Phoenix Center” de Belém, encerrou a visita do Papa na Palestina que se dirigiu depois para o heliporto da cidade de Belém, onde se despediu das autoridades palestinas com destino a Tel Aviv, tendo chegado no aeroporto Ben Gourion de Tel Aviv (a capital israeliana) às 16,30 horas locais e onde foi recebido pelo Presidente Israeliano Shimon Peres e pelo Primeiro Ministro Benjamim Nethaniau, acompanhados pelas autoridades civis e religiosas do País.

 

No seu discurso o Papa Francisco, após ter agradecido as autoridades israelianas, na pessoa sobretudo do Presidente Shimon Peres e do Primeiro Ministro Nethaniau, sublinhou o carácter de peregrinação da sua visita apostólica nestas terras onde aconteceram factos fundamentais que deram origem às três religiões monoteístas: o Hebraísmo, o Cristianismo e o Islão. Vinte anos das relações diplomáticas entre a Santa Sé e o Estado de Israel contribuíram para as boas e cordiais relações actualmente existentes.

 

Jerusalém, recordou o Santo Padre, é uma cidade com valor universal, cujo nome significa “Cidade da Paz”. Esta cidade é perturbada pelas consequências de um longo conflito que já causou tanto sofrimento. O Papa fez por conseguinte um apelo para que sejam multiplicados os esforços com vista a alcançar uma composição justa e duradoura dos conflitos, para atingir soluções équas às complexas dificuldades locais, por forma a que os israelianos e os palestinos possam viver juntos.

O Santo Padre renovou o apelo do seu predecessor Bento XVI: seja universalmente reconhecido que o Estado de Israel tem o direito de existir e de gozar de paz e segurança entre os confins internacionalmente reconhecidos. Seja igualmente reconhecido que o povo Palestino tem o direito à uma pátria soberana, a viver com dignidade e a viajar livremente. A solução dos dois Estados se torne realidade e não permaneça um mero sonho.

O Santo Padre aproveitou da ocasião para exprimir a sua consternação para com o atentado anti-semita que ocorreu neste sábado, no Museu Judaico da Bélgica, no coração de Bruxelas, e no qual três pessoas morreram, e uma ficou gravemente ferida. O Papa Francisco exprimiu a sua proximidade ao povo hebraico e apresentou as suas condolências às famílias das vítimas.

Finalmente, o Papa Francisco dirigiu ao Presidente Shimon Peres, o mesmo convite que dirigiu esta manhã ao Presidente Palestino Mahmud Abbas, pedindo, para “elevarem juntamente comigo, uma intensa oração, implorando de Deus o dom da paz. Ofereço a minha casa, no Vaticano, para hospedar este encontro de oração”.

 

 

No final da Missa em Belém, Papa Francisco convida Presidentes da Palestina e de Israel a um encontro de oração pela paz, no Vaticano


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Repleta de fiéis a praça da Manjedoura, em Belém, onde Papa Francisco celebrou a Eucaristia dominical. No final, depois do canto do Regina Coeli, o Santo Padre lançou um convite direto aos Presidentes da Palestina e de Israel, a invocarem juntos a paz, disponibilizando a acolhê-los conjuntamente para tal iniciativa. Disse textualmente o Papa:

 

Neste Lugar, onde nasceu o Príncipe da Paz, desejo fazer um convite a Vossa Excelência, Senhor Presidente Mahmoud Abbas, e ao Senhor Presidente Shimon Peres para elevarem, juntamente comigo, uma intensa oração, implorando de Deus o dom da paz. Ofereço a minha casa, no Vaticano, para hospedar este encontro de oração.

Todos desejamos a paz; tantas pessoas a constroem dia a dia com pequenos gestos; muitos sofrem e suportam pacientemente a fadiga de tantas tentativas para a construir. E todos – especialmente aqueles que estão colocados ao serviço do seu próprio povo – temos o dever de nos fazer instrumentos e construtores de paz, antes de mais nada na oração.

Construir a paz é difícil, mas viver sem paz é um tormento. Todos os homens e mulheres desta Terra e do mundo inteiro pedem-nos para levarmos à presença de Deus a sua ardente aspiração pela paz.

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Na homilia o Santo Padre comentou as palavras que os anjos dirigiram aos pastores, convidando-os a correrem a Belém a adorar o Menino Deus: “Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura”.

“Também hoje as crianças são um sinal – fez notar o Papa. Sinal de esperança, sinal de vida, mas também sinal de diagnóstico (disse), para compreender o estado de saúde duma família, duma sociedade, do mundo inteiro. Quando as crianças são acolhidas, amadas, protegidas, tuteladas, a família é sadia, a sociedade melhora, o mundo é mais humano”.

Como o Menino (Jesus) nasceu em Belém – insistiu Papa Francisco quase a concluir a homilia – assim “cada criança que nasce e cresce em qualquer parte do mundo é sinal de diagnóstico que nos permite verificar o estado de saúde da nossa família, da nossa comunidade, da nossa nação”. É daí, “deste diagnóstico franco e honesto”, que há-de brotar um novo estilo de vida, onde as relações deixem de ser de conflito, de opressão, de consumismo, para serem relações de fraternidade, de perdão e reconciliação, de partilha e de amor” – concluiu.

 

 Fonte: Rádio Vaticano



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