Igreja reprova uso da violência contra dependentes químicos da Cracolândia
O arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer, falou ao jornal “O São Paulo” sobre a ação do poder público na área da chamada “Cracolândia”, na região central da cidade. Há uma semana, a Ação Integrada Centro Legal (ação da polícia com organismos do poder público) ocupa ruas do centro de São Paulo. Essa é a primeira parte da operação que busca livrar vias importantes de São Paulo do livre comércio e uso do crack, consumido nas calçadas ou casarões e terrenos invadidos da região.
O arcebispo afirma que é preciso combater o uso ilegal das drogas e a ação criminosa dos traficantes, mas critica os métodos violentos e desrespeitosos que estão sendo utilizados pela Prefeitura de São Paulo e pelo Governo Estadual na ação de retomada da “Cracolândia”. Dom Odilo fala, também, sobre a presença positiva e eficaz da Igreja nesses locais de degradação humana.
Hoje, 10, o Vicariato Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua concede entrevista coletiva à imprensa para mostrar os resultados do trabalho da Igreja junto aos dependentes de drogas.
Segundo dom Odilo Scherer, o tráfico e o consumo de entorpecentes são problemas graves, que precisam ser enfrentado com decisão e medidas adequadas pelas autoridades competentes. “Além de ser ilegal, e de o tráfico ser criminoso, esse problema traz prejuízo enorme à saúde e degrada a dignidade humana nos usuários e dependentes das drogas. Mais grave ainda, quando se desenvolvem áreas de tráfico e consumo mais ou menos ‘livres’ em alguma área da cidade, como é o caso da ‘Cracolândia’, de São Paulo. Não é pensável que as autoridades façam vista grossa e deixem certos espaços entregues aos traficantes e gestores do comércio de morte. Por isso, a ação atenta e permanente das autoridades é necessária”, disse.
“Outra questão é a que se refere aos métodos empregados na ação das autoridades competentes. É evidente que não se pode aprovar o uso da violência e de métodos desrespeitosos daquilo que resta de dignidade humana nos usuários e dependentes das drogas. Espalhar por outras áreas da cidade os dependentes, sem que seja dada a eles uma ajuda eficaz, também não parece uma boa solução; e a repressão do consumo, sem coibir e punir, com medidas adequadas, a produção e o tráfico de drogas, também não resolve o problema”, disse o arcebispo de São Paulo.
Fonte: CNBB